Crônica assinada por JU Blasina
- E-mail: jrblasina@yahoo.com.br
Pronto ou não, aí vou eu: o ano novo.
É chegada a hora, a triste hora, de desmontar a árvore comemorativa, encaixotar os itens decorativos, despedir-se daqueles que vieram conosco passar as festas e receber, enfim, o ano novo... Calcular os gastos, segurar as pontas e seguir viagem, orquestrando a vida, a mesma vida de sempre, porém agora com novas contas, planos e memórias na bagagem.
E cai o peso das festas sobre nós, na forma de dívidas que já nem se sabe a origem — provavelmente muitas delas advindas de algo já consumido e transformado em quilos que não nos pertencem, mas teimam em permanecer em nosso corpo, passadas as comemorações.
E tudo foi tão lindo... Os fogos estourando... E a champagne também. As crianças chorando... E os cachorros também. Os presentes empilhando... E a louça também. As nozes quebrando... E os pratos também. Sorte daqueles que tem memória seletiva e só guardam consigo aquilo que vale o espaço ocupado: os sorrisos trocados... E os bons votos também. A esperança brindada... E a amizade também. O abraço apertado... E a saudade também... Saudade dos bons momentos recém passados que na memória lapidados serão perfeitos!
Na prévia da virada somos carregados de tantos sentimentos... Esperança, ansiedade, curiosidade do que nos aguarda, do que iremos encontrar ou conquistar, receber e doar, pois é disso que se trata a vida: a constante balança de perdas e ganhos.
Porém, nada muda da água para o vinho no piscar de olhos do réveillon. Uma vez virada a página, o que se encontra é uma nova, ainda em branco, esperando novas sentenças para dar continuidade a história que cada um de nós representa. História essa que continua enquanto houver folhas e tinta.
Cabe exclusivamente ao autor decidir o rumo que o seu livro vai tomar, pondo nele novas personagens ou tirando aquelas que já perderam o impacto. Espalhando pitadas de humor, ação, romance ou o que mais desejar — tudo pelo bem da história. O enredo pode até continuar o mesmo, mas nada impede que, a qualquer momento, dê uma reviravolta surpreendendo aos leitores. E por que não?
Escrever uma boa história requer dedicação, criatividade e ousadia. É preciso saber o momento certo de cada etapa, mas permitir-se tentar coisas novas, afinal, ninguém deseja encher seu livro de capítulos previsíveis e monótonos, principalmente se tratando do mais importante de todos os livros e talvez o único do autor em questão.
Uma nova página representa uma oportunidade, um grande presente que conta como subsídio tudo aquilo já escrito nas folhas passadas, e dá margem para o que se deseja escrever nas futuras. Cuidar de cada página como se ela fosse a mais importante é um bom caminho para fazer do livro um sucesso. Pode até não ser um best-seller, mas pelo menos deixará o autor satisfeito.
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