21 de maio de 2010

Irmã... nada!! Mamãe!!


Por Bruno Kairalla e Fernanda Miki
- Fotos-reportagem: Bruno Kairalla
- Sugestões: bruno.kairalla@gmail.com

Compartilhar e dividir o guarda roupas, os sapatos, as maquiagens, os gostos e trejeitos.

Isso não é mais coisa só de amigas, tão pouco motivo para brigas entre irmãs.

Com uma lacuna cada vez menor entre as idades, mães e filhas são hoje tão próximas e parecidas, que em alguns momentos ou certas ocasiões qualquer um pode vir a confundir e inverter os papéis que ligam essas figuras, sem medo de cometer alguma gafe.

Além da genética, é evidente que muitas mamães contam hoje com a sempre bem vinda forcinha da tecnologia.

Mas cuidado: bom senso na vida sempre é fundamental.

Veja o caso, por exemplo, das britânicas, Janet, 50 anos, e sua filha, Jane, de 22.

A mãe (esq.) e a filha

De acordo com a publicação britânica “Daily Mail”, levando em conta o cabelo, o corpo e o rosto, elas poderiam ser consideradas gêmeas. Será?!

Janet, a mãe, confessa que desembolsou mais de 10 mil libras [cerca de R$ 32,4 mil] em cirurgias plásticas para ficar parecida à Jane.

Janet antes da transformação

“Pode soar insano, mas ela é linda. Quem não gostaria de ficar semelhante?” questiona ela, em entrevista ao jornal. “Ela puxou a minha aparência, que com o tempo foi desbotando, desaparecendo”, justifica a mãe, que além das plásticas, alongou os cabelos e perdeu cerca de 10 quilos.


Transformação que para muitos, beira ao exagero e soa como uma beleza artificial, mas que para Janet foi a garantia de uma melhor auto-estima.

E se tem uma coisa que não falta por aqui hoje, são belos exemplos de autoestima.

Para elas, as mamães, e, claro, para seus espelhos refletidos: suas filhas.

Não. Nenhuma delas cometeu algo tão fanático pela beleza como Janet.


A natureza foi generosa com elas. Ou pelo menos, ainda é. Gabam-se por ainda escutarem na rua: “Mãe? Eu jurava que ela era sua irmã!”.

Para quem pensa que as filhas morrem de ciúmes, bem... Só um pouquinho! No geral, a resposta é: “É bom, pois é sinal de que lá no futuro também vou ser parecida com ela”.


E que filho nunca parou e observou a mãe se arrumar para o trabalho ou para uma festa com uma forte admiração no olhar, pensando: “Quero ser que nem ela quando crescer”.

Nossas progenitoras são mais do que exemplos de força e determinação. São referências certas em estilo, postura, ousadia e beleza, independente da idade.


A penúltima reportagem da série Mães Reais do Mulher Interativa, ilustra mães que são mais do que um exemplo para as suas filhas. São também seus reflexos no futuro.

Tão parecidas que ao olhar para elas é completamente previsível dizer: “Sou você amanhã”, confirmando a máxima de que realmente “os frutos não caem longe do pé”.

Amigas & confidentes


Cristiane Santos Duarte, 38 anos, e sua filha Dyuliana, de 14, são um caso típico em que diante as evidências, é impossível não dizer: “Parecem irmãs!”.

Além de dividirem os traços físicos do rosto, olhos e sorriso, também compartilham a solteirice e são parceiras de balada e do guarda-roupa.

Uma dá pitaco na vida e no figurino da outra e também trocam confidências. A base da relação está centrada na confiança, no companheirismo e na liberdade de expressão.

“Aqui não estabelecemos muito essa relação de mãe e filha. Antes disso, somos amigas. Conversamos sobre tudo abertamente. Não há espaço para fantasias”, conta Cris.

A mãe diz que a filha é muito romântica: “Ela me diz que me ama, umas dez vezes por dia”. Já Dyulie, rebate: “Às vezes, cobro se ela não vai me dizer o mesmo”, brincam as duas, em sintonia. “Sou mais grudenta”, admite Dyulie.

Quanto aos limites, é Dyulie quem toma à frente: “Às vezes, sou eu que tenho que falar: mãe, menos tá!”.


As duas concordam que Dyulie, em diversos momentos, assume o papel de mãe. “Ela é mais centrada; já eu saiu mais do chão”, confessa aos risos, Cris.

Briguinhas entre as duas só surgem quando uma “surrupia” a maquiagem da outra. Ao serem indagadas a respeito de quem é mais ciumenta, respondem: “Ah, acho que não existe ciúme entre nós”.

Mas, em seguida, Cris entrega o jogo: “Já teve uma dia que ela desistiu de sair por achar que eu estava mais bem vestida”.

Sob protestos, Dyulie nega com veemência: “Mãe, isso é coisa da tua cabeça. Eu olhei pra mim e não me senti bem. Já passamos dessa fase, tá?!”, fala Dyulie, aos risos.


Cris afirma que gosta da aprovação e sugestões de roupas da filha e afirma que o inverso também é verdadeiro: “As poucas vezes que ela comprou roupa sem meus palpites, ela nem usou”, comenta.

Atraente e descolada, a caçula de sete irmãos, natural de São Lourenço (RS), mesmo com apenas 38 anos, já recorreu ao uso do botox.

Mas, tem cautela. Sabe que o exagero pela beleza não favorece.

Porém, questiona: “Quem é que quer ficar enrugada e ver tudo cair”. O motivo para tanta preocupação, ela confessa: “Gosto de homens mais novos. Porém, não tão novos assim”, admite.


E Dyulie também entrega: “Teve uma vez que um amigo meu quis vir aqui em casa e disse a ele que estava de saída. Ele, então, perguntou se a minha mãe estava em casa e disse que a visitaria. Foi engraçado”, conta Dyulie.

Por fim, Cris encerra: “A Dyulie é perfeita! Uma frustração vinda por parte dela e eu ficaria muito triste, pois me doei bastante. Quero muito vê-la profissionalmente bem sucedida, construindo sua família, ajudando-a cuidar dos meus netos. Tudo ao seu tempo”, finaliza.

Talismã


Ela soma sete netos, três bisnetos, três filhos e 80 anos de muita energia completos na última sexta-feira, 21 de maio.

Essa é Ede Mascarenhas Tosze, que para seus três filhos, Rubilar, Rubia e Rosangela, é um exemplo de garra, coragem e determinação. Sobre a matriarca da família, o trio é contundente e uníssono: “Queremos ser como ela no futuro”!

Dos três filhos, a difícil missão de escolher o mais parecido fisicamente com dona Ede (confira na foto abaixo).


Entretanto, a filha do meio, Rubia, 51 anos, é quem mais durante a vida amadureceu os traços físicos da mãe. E essa carga genética também foi repassada à Jaqueline, por exemplo, filha de Rubia (foto das três, abaixo).


Mas as semelhanças não pairam só pelo lado estético.

Rúbia garante que todos herdaram também a integridade e todo o conjunto de princípios e valores dos pais.

Mas, o que os três irmãos, mais destacam é o amor pela vida, seguido pela a alegria de viver cada dia, de dona Ede.

Da infância, todos os irmãos, acompanharam a árdua rotina de trabalho de seus pais que batalhavam pesado para sustentar a família. Ede atuou como a costureira da família.

“E todos seguíramos este ritmo”, evidencia Rubia.

“Porém, mesmo com muito trabalho, ela sempre foi uma mãe muito presente e marcante em nossas vidas”, complementa.

Rúbia (abaixo) garante que muito se espelhou em sua mãe, para também ser uma boa mãe.



Além dos inúmeros conselhos, ela fala que nas piores crises da sua vida, Ede jamais se negou em “segurar a barra”. “Quando me separei, ela fez questão de me ajudar a criar os meus dois filhos, na época, pequenos. Ela cuidava deles, enquanto eu trabalhava”, comenta.

Mas, a vida também apresenta as suas provas. A de Ede foi suportar à perda do marido e depois de um dos filhos. Uma separação perene, que por pouco não a fez mergulhar em profunda depressão.

“Foi uma dor muito grande que só foi extravasada quando a caçula, Rosangela, começou a estimular para que fosse correr atrás de objetivos de vida. Afinal, ela sempre teve um ritmo constante de muito amor a vida”, explana Rubia.


Repleta de lições que passam de geração em geração e considerada como um talismã de boas energias, Ede lutou pela vida e decidida começou a frequentar grupos da Melhor Idade, como o Nuti/Furg e o Sesc.

Neles, ela viaja para distantes lugares, participa de canto coral, de encontros e outras atividades físicas, como a ginástica, ou até mesmo uma bela hidromassagem. Haja fôlego. Pegá-la em casa é um desafio e trabalho árduo!


Atualmente, mora com a caçula, Rosangela, no bairro Parque São Pedro, e há muitos anos é assinante do Jornal Agora. A leitura é um de seus prazeres prediletos.

Em meio a todas estas atividades, físicas e artísticas, Ede tem muitos amigos, cativa a todos com muita facilidade.

Em sua 80ª primavera, os filhos e netos rumam em suas experiências, para no futuro, serem o seu reflexo mais puro, autêntico e verdadeiro.

Iguais, porém nem tanto!


Da mãe, Bruna e Thaís herdaram não só a simpatia, o largo e expressivo sorriso, como também um raciocínio rápido, prático, dirigido pelo olhar afetuoso. Nas três, até o tom e a colocação da voz soam parecidos.

Sim, a estrutura média/baixa, também foi adquirida. Mas, nisso, o pai, Renato, também assume sua parcela de responsabilidade. Entretanto, a família em consenso elege a caçula Thaís como a filha de traços mais próximos com os de Jeane De Lúcia Barros Lima, 45 anos.

As semelhanças físicas e de posturas não param por aí e tão pouco se estendem apenas à matriarca da família. Na casa da família colorada, o período de aniversários e os signos que regem suas naturezas também são compartilhados.


Enquanto Bruna (acima), a filha bióloga de 23 anos, é de escorpião como Jeane, a caçula de 19, estudante do 2º ano de Direito, divide toda a sensibilidade e o forte temperamento canceriano com o pai.

“Na verdade, a Thaís é o filho homem que o pai nunca teve”, entrega Bruna, ao apontar que sua irmã adora jogar futebol e paintball ao lado do pai. “Com a mãe, eu jogo tênis”, diz Thaís (abaixo).


“E com a Bruna, eu caminho e corro eventualmente. A Thaís é parecida com o pai também no dia a dia. Gosta de ver filmes, acordar e dormir tarde. Já eu e a Bruna temos os horários mais certinhos. Gostamos de curtir as primeiras horas da manhã, pegar sol, curtir a natureza”, contextualiza Jeane.

Além de um ritmo de vida saudável e dos esportes, outra prática estimulada na família são os estudos. Enquanto Bruna desenvolve o seu mestrado em Oceanografia Biológica, Jeane, por exemplo, é neste ano uma das “formandas” do curso de Biblioteconomia da Furg.

Quanto as semelhanças físicas entre elas, Bruna conta que em muitos casos as pessoas se surpreendem quando chama a sua mãe de mãe.

“Também acontece de confundirem muito uma com a outra, de trocarem os nomes e as pessoas”, falam Bruna e Thaís. E segundo elas, isso ocorre na verdade com toda a família.


A semelhança e carga genética, por exemplo, está exposta em Jeane. É algo que vem de sua mãe e que também dividiu a vida inteira com suas outras duas irmãs.

“Todo mundo confunde as tias. A culpa de tudo isso mesmo é da vó”, entregam as filhas de Jeane, que pela idade não se importa e até gosta de ser confundida com as filhas.

Plásticas, ainda não recorreu. Mas também confessa que não teria problema e na verdade até se interessa sobre o assunto. Porém, envelhecer para ela não é problema, mesmo ciente de que no futuro não escute mais as “bem vindas” comparações.

“Não tenho medo de envelhecer, pois olho para minha mãe e acho que ela está muito bonita e conservada até hoje. Meu único desejo é envelhecer com saúde”, pontua.


Na casa das três mulheres, as roupas são todas compartilhadas. “Cada uma tem a sua, mas todas usam todas. Às vezes, isso gera estresse só entre as irmãs”, observa Jeane.

Sobre dar opinião no visual da outra, Jeane fala que Bruna é a mais crítica. “Ela também é quem exerce mais o papel de mãe entre as filhas. Ela é controladora, gosta de ver as coisas no lugar. Metódica, igual ao pai”, descreve a mãe.

Valores


“Minha mãe me passou valores de amizade, cumplicidade, paciência. Ela tenta resolver qualquer problema com serenidade. Difícil vê-la perder o controle”, comenta Thaís.

“Entre muitos outros, o que mais admiro nela é o caráter, a honestidade e uma coisa que certamente eu peguei dela é saber levar a vida numa boa, tentar não se estressar muito. A única coisa capaz de abalá-la é quando estamos doentes”, expõe Bruna.

E a percepção das filhas também se reflete na mãe:

“Com elas, aprendi a ter paciência, a amar mais ainda, porque não existe amor maior do que o de uma mãe pelos filhos. Elas sempre foram excelentes, nunca deram trabalho, nem choravam a noite. Não há do que reclamar”, reconhece Jeane.

As filhas confessam que os limites sempre foram dados pelo pai. “A mãe sempre tentava acobertar um pouquinho”, relatam aos risos. “Nunca discordei quando havia imposição de limites. Conseguimos educá-las em consenso”, diz a mãe.


“Ter filhos e criá-los, é bom, mas no momento certo. É legal ser amigo, companheiro. Como pais, não invadimos à privacidade e nem entramos nos assuntos mais próprios da idade delas, assim como elas também respeitam a nossa fase de vida. Na verdade, com elas, aprendemos que respeito recíproco gera retorno em nosso convívio, na troca de experiências e na educação de cada um”, conclui Renato.

4 comentários:

  1. Adorei a matéria, Bruno! Tuas palavras, como sempre, são agradáveis de ler e o texto é suave. Parabéns! Conseguiste extrair o principal do que falamos, com muita sensibilidade!
    A matéria ficou realmente linda!
    Obrigada!
    Beijão!

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  2. Meu amigo e colega de profissão e redação, venho dar-lhe os parabéns pela matéria! Não é de hoje que acompanho o teu trabalho e sabes que gosto bastante dos teus textos!
    Sensibilidade e precisão são teus pontos fortes!
    Parabéns, meu velho! Tenho orgulho de ti!
    És um grande jornalista, sedendo por informar!

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  3. Linda!!! Muito linda a matéria!!!
    O tema mãe e filhas é sempre muito legal de se abordar. E no caso destas três meninas(Jeane, Bruna e thais) é uma história de amor e cumpliciade.
    Parabéns pelo enfoque dado à matéria!!

    Lula Barros (Irmã, dinda e Tia)

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  4. Pessoal, linda reportagem!
    E para quem conhece a família sabe que é exatamente assim.

    Parabéns pela ótima reportagem!!!

    Angelica

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