2 de maio de 2010
Relações de trabalho
Há muito tempo se conhece a famosa sentença de que 'o trabalho engrandece e dignifica o homem'. Mas, antes de prosseguir, quero deixar claro que para uma larga parcela de pessoas, trabalho e renda não são dois fatores intrinsecamente unidos. E que essas não estão nem um pouco preocupadas com o compromisso íntimo de dignidade quando praticam atos de subornos e desvios de somas muito além do que ganhariam com a função para a qual foram contratadas.
Infelizmente, o Brasil é profícuo nesse 'estilo trabalhista'. Tudo bem que esse câncer também está presente em outras partes do mundo. Mas para nós, brasileiros, o que realmente importa e nos atinge, é a prática ilegal e despida de caráter presente nos escândalos de desvios de verbas, subornos, superfaturamento de licitações etc e tal... Se todo o montante que é desviado para os bolsos dos corruptos fosse usado para alavancar a economia, a saúde, a segurança e a educação entre outros itens, o país seria um (quase) paraíso.
Sabe-se que o trabalho é o veículo que concede ao homem o meio de crescer e de se sentir útil e produtivo à sua família, à sociedade. Entretanto, quantas relações nefastas ocorrem no ambiente de trabalho como autoritarismo, disseminação de medos e represálias, inveja, fofoca, maledicência e injustiça só para citar alguns?
Infelizmente, no quadro atual das relações de trabalho o que falta basicamente é ética espiritual.
Mas em algumas empresas, a realidade começa a mudar. Através do Departamento de Recursos Humanos, candidatos a vagas são avaliados pelo perfil de seu caráter em servir e não em ‘servir-se’. Servir à sociedade, servir ao próximo, servir à empresa. E isso é considerado ‘sustentabilidade’. A sociedade se beneficia de cidadãos e empregados com esse viés.
Um novo ambiente de trabalho calcado no caráter, na ética e no respeito ao próximo, não digo nem amor, reverterá em empresas onde funcionários não se sentirão intimidados, constrangidos, execrados ou até punidos por colegas e chefes. E onde também as relações entre estes e seus patrões se darão em ambientes de confiabilidade, franqueza e alegria.
Alegria?! Sim. Quem não se sentirá motivado quando o despertador tocar às 6h a saltar da cama, enfrentar o trânsito e chegar ao trabalho imbuído pelo sentimento de se sentir importante e necessário dentro de uma engrenagem que beneficiará a sociedade de uma forma abrangente? Ou também pela constatação de já fazer parte do passado olhar ou ser olhado pelo colega como um rival, um inimigo velado com o qual devia travar batalhas diárias. Mesmo que silenciosas. E, e até por serem dessa natureza, corrosivas.
ROSANE LEIRIA ÁVILA
http://www.jornalagora.com.br/site/index.php?caderno=48¬icia=81009
Twitter rosaneleiria
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