A COPA DAS VUVUZELAS
Na semana de estreia da 19ª edição da Copa do Mundo, o destaque ficou a cargo mesmo delas, as vuvuzelas, e seus sons ensurdecedores que conseguiram ofuscar não só o clima de abertura da festa, como também a própria concentração da torcida e também dos próprios jogadores.
Por Bruno Zanini Kairalla
- Colaboração: Fernanda Miki
- Fotos-reportagem: Bruno Kairalla
- Fotos ilustrações: Google Imagens
- Editora: Rosane Leiria Ávila
Há quem compare o insistente e irritante barulho ao som de um inseto, de um besouro, que insiste em tirar o brilho de quem acompanha fervorosamente os jogos a quilômetros de distância, capaz de vencer até mesmo a mais avançada tecnologia, de som e imagens em 3D ou nas mais altas definições.
Entretanto, controvérsias a parte, uma coisa é certa: como bem frisou nesta semana a cronista interina da ZH, Claudia Tajes, “reclamar da vuvuzela anda quase tão irritante quanto a própria vuvuzela. Mas é difícil evitar”.
E se não temos como evitar ou diminuir este som desenfreado, que seja com ele mesmo.
Como prega o ditado, se não há meio de vencer o inimigo, então, que se junte a ele!
Afinal, no fim de tudo o que importa mesmo é o tão desejado grito de GOOOOOOL!
A Origem
De tempos remotos, a vuvuzela é originária de tribos ancestrais sul-africanas e servia para convocar reuniões. Tornou-se popular na África do Sul na década de 1990.
Em 2001, uma empresa sul-africana passou a produzir em massa uma versão de plástico.
Sua utilização se tornou característica dos jogos entre grandes equipes de futebol sul-africano como o Kaizer Chiefs e o Orlando Pirates.
Cuidados redobrados
Em matéria publicada pela revista New Scientist, reproduzida pelo Jornal do Brasil e o portal Terra, o engenheiro e presidente do Instituto de Acústica do Reino Unido, Trevor Cox, constata que a vuvuzela é tocada meio soprando, meio vibrando os lábios.
O movimento, diz Cox, é frenético: os lábios vibram 235 vezes por segundo, enviando ar pelo tubo, e provocando uma forte ressonância no espaço cônico.
"Uma única vuvuzela, tocada por um músico competente, remete a um som ancestral, como o de uma trompa de caça. Mas o som é menos agradável quando ela é tocada por um fã de futebol, já que as notas são imperfeitas.
Além disso, cada torcedor toca com uma intensidade e frequência diferente, causando uma zoeira, parecida com zumbido de insetos ou um berro de elefante. É como o saxofone, com sua boca em forma de cone", compara o pesquisador.
Uma única vuvuzela emite 127 decibéis a uma distância de um metro. Ganha, por exemplo, de tambores - 122 decibéis - e de apitos - 121,8 decibéis. O limite tolerável a audição humana estipulado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de até 80 decibéis.
A exposição prolongada apresenta risco à audição. "Se ouvirmos apenas um instrumento por um período entre sete e 22 segundos, ultrapassamos os níveis típicos permitidos de barulho no trabalho, por exemplo", ilustra o cientista britânico.
"Uma multidão produz níveis ainda mais altos e medições em um treino revelaram perda de audição temporária entre os espectadores", finaliza ele.
Por aqui, outras preocupações
Bom. Pelo menos para nós, brasileiros, ainda atuais soberanos da taça mundial, além do barulho chato das vuvuzelas, há outros assuntos mais importantes para nos preocupar.
A notícia da semana que mais espantou o país, principalmente nossos amigos paulistanos, foi a decisão da FIFA, usando como porta voz, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), de que o Estádio do Morumbi está fora do Mundial 2014.
Entretanto, mais triste do que isso, só mesmo a opaca vitória na estreia da Seleção Brasileira, na última terça-feira.
Pra quem já discordava da escalação feita pelo técnico e apoiava a piada de que Dunga aderiu a campanha “Craque, Nem Pensar”, ficou ainda mais descrente com a possível conquista do Hexa, ao se deparar com o primeiro jogo do Brasil no Mundial.
Por outro lado, os mais otimistas pregam que o time brasileiro está apenas acordando. Será?
É o que veremos na tarde deste domingo, contra o jogo da Costa do Marfim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário