Texto e fotos-reportagem:
(Publicado no caderno O Peixeiro)
Agradecimento: Hotel Paris
O nome é italiano, porém, as raízes são naturalmente portuguesas e tem tudo a ver com os personagens que ergueram as tradições e todo o patrimônio histórico desta terra.
Aos 19 anos, Paola Magalhães dos Santos é cantora de fado, seguidora da cultura lusitana e atual rainha do Clube Centro Português, além de também ser uma das representantes da etnia em destaque pela Fearg/Fecis, com inauguração oficial nesta quinta-feira, 29 de julho, no Centro Municipal de Eventos.
“Cresci ouvindo e cantarolando os fados e as músicas folclóricas. Quando formamos uma tocata [conjunto típico português sem instrumentos eletrônicos] notaram que minha voz se destacava pelo tom e a facilidade em cantar e foi aí que meu pai colocou-me em aula de técnica vocal para aprimorar o canto”, conta a rio-grandina estudante do curso de Artes Visuais da Furg, sobre sua trajetória artística despertada em 2006.
Neta de portugueses, Paola foi criada ao arredor dos hábitos e costumes lusitanos. Além de rainha do Centro Português, ela dança também no Rancho Folclórico e participou da divulgação da Fearg/Fecis, que neste ano exalta a etnia portuguesa.
Sua presença dentro das feiras será representar o clube em que é rainha, além de receber visitantes, prestando também orientações sobre a cultura.
Paola é filha caçula de Thelmo (acima), pai que acompanha com estima a carreira da menina. Além dela, ele tem mais duas filhas. Todas elas cresceram sob forte orgulho pela cultura portuguesa.
A mais velha, por exemplo, iniciou um relacionamento com um português pela internet, mais precisamente, pela comunidade “Cantoras de Fado” do Orkut” da qual a irmã Paola, faz parte. Foi conhecê-lo e após contínuos “vaisvens”, casou-se em novembro passado.
Paola, por sua vez, também namora e pode futuramente trocar alianças. O jovem por quem está interessada é filho de portugueses. O casal se conheceu no Centro Português e lá participaram de várias atividades.
“Gostamos dos mesmos costumes e assim nasceu um amor”, explica Paola, que sinaliza a ocasião pra lá de sugestiva do começo da união: um almoço comemorativo à Santo Antônio.
O pai coruja torce pelo futuro noivado da caçula. E se a música é capaz de unir fronteiras, o pai tem opinião uníssona ao fado: “Ele não é triste, não é alegre; ele é simplesmente um momento, um conto de vida, que transmite uma história, uma vida”.
Paola Magalhães dos Santos
- Inspiração na cantora fadista, Amália Rodrigues. Por influência do avô que adorava ouvi-la.
- O que mais a encanta na cultura: “Em certas aldeias do país lusitano, ainda se mantém os costumes do inicio do século passado, no modo de vestir e no lidar do cotidiano”.
- Arte: “O que mais me encanta é a arte da faiança e os bordados da Ilha da Madeira. Também as casas de fado que nos oferecem grandes noites bem típicas”.
- Música e instrumentos: “O fado castiço acompanhado pela guitarra e violão cantado por uma pessoa em ambientes pequenos sem aparelhagem eletrônica”.
- Pessoas: “Um povo trabalhador, com muita garra”.
- Admiração: “As pessoas que vieram sem nada para o Brasil, e apenas com vontade de trabalhar construíram verdadeiros patrimônios neste país”.
- Literatura: “Uma das mais ricas da Europa; País de grandes escritores e poetas, que muito influenciaram e ainda influenciam a literatura brasileira, através da história”.
- Lugares: “Um dos que mais gosto é a região de Aveiro, onde se encontra a cidade de Águeda, cidade de meus antepassados”.
- Fados que mais gosta de cantar: “Foi Deus, Casa Portuguesa, Chuva, Estranha Forma de Vida”.
- Hábitos e costumes lusitanos: “Tomar vinho do porto após as refeições; a culinária e a religiosidade; sou devota de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal e o nosso santo lisboeta, Santo Antônio”.
- “Acho que tenho muito também do modo de se expressar, como por exemplo, quando estamos estressados dizemos: ‘Estou perdendo as estribeiras’”.
- Porque as mulheres amam tanto os vestidos portugueses? “Pelos tecidos totalmente artesanais feitos à mão, em tear e bordados personalizados, também feitos à mão”.
>> Rio Grande e a identidade portuguesa: “Temos a pesca artesanal, feiras de horte-frutti em ruas centrais da cidade, a produção de vinho artesanal nas Ilhas da cidade, locais em que mais preservam os hábitos e costumes portugueses; a religiosidade, com procissões como o de Nossa Senhora de Fátima e São Pedro, entre outras e as bancas de portugueses no mercado, com a venda de pescado ao ar livre”, aponta Paola.
>> Preocupação: Na opinião da jovem, os rio-grandinos deveriam ser mais bairristas à sua cultura. “Culpa da globalização”, observam pai e filha.
A preocupação é quanto às perdas às tradições e demais características de nossos colonizadores, seja pelos prédios antigos “que estão sendo modificados de sua arquitetura original”, ou pela deterioração de monumentos, praças e até dos costumes.
Por fim, fala com orgulho que: “Em nosso Clube, mantemos a tradição tanto nos costumes, como na gastronomia, com o slogan Resgatando a cultura de um povo”. Dúvidas de que jovem fará bonito na Fearg/Fecis?!
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