Ativismo menstrual incentiva mulheres a conhecer melhor sua saúde íntima e a "celebrar" o sangramento
Segunda-feira da semana passada, 02 de maio, foi comemorado o dia da menstruação. [celebrado mundialmente em 18 de outubro]. Tratava-se de um ativismo menstrual promovido, no Brasil, pelo Coletivo de Mulheres Clã Ciclos Sagrados, de São Paulo, através da campanha "Segunda Vermelha" que trouxe como mote a valorização da menstruação em vários aspectos, para incentivar as mulheres a cuidar de sua saúde íntima e reprodutiva, dando-lhe maior visibilidade no cinema, nos meios impressos, na arte, em outras mídias e redes sociais.
O slogan da campanha dizia "1 milhão de mulheres celebrando sua menstruação".
Em São Paulo, em um centro de cultura hindu na zona oeste, foi promovida uma mesa redonda com o intuito de discutir assuntos referentes à saúde feminina. Também havia a proposta de criar um "senso de diversão" em torno do tema e o mantra do "empoderamento" feminino.
"O ativismo menstrual faz parte da terceira onda do feminismo: ecofeministas, espiritualidade feminina", diz Sabrina Alves, 32, coordenadora do evento paulista. Sabrina criou o coletivo de mulheres Clã Ciclos Sagrados. Ela é terapeuta corporal, mestranda em ciência da religião e "facilitadora" de eco-espiritualidade.
- Direitos e coletores menstruais
Políticas públicas que assegurem o direito de faltar ao trabalho devido a cólicas, a distribuição de absorventes de pano em postos de saúde e campanhas educativas são algumas das requisições feitas pelas militantes da causa. Outros tópicos que geram polêmica são a segurança de tratamentos hormonais para interromper a menstruação e o uso de materiais sintéticos em absorventes e tampões - nos anos 80, quando houve a expansão do movimento em prol das mulheres, surgiram os primeiros relatos de mortes por síndrome de choque tóxico (SCT) - doença rara, mas potencialmente fatal, causada por uma toxina bacteriana - devido pelo uso de absorventes internos.
Absorventes de toalha (de R$ 10 a R$ 16) da Artefatos de Pano |
As alternativas propostas são absorventes de pano (o retorno das "toalhinhas" dos tempos da vovó) e os coletores menstruais que costumam causar certa estranheza naquelas que ainda não estão tão organicamente harmonizadas com seu fluxo mensal de sangue. Feito de material flexível (látex ou silicone), em forma de sino, o coletor é introduzido no canal vaginal, sendo retirado ao ficar cheio, esvaziado, lavado com água e sabão e recolocado. A operação deve ser repetida com a mesma frequência com que deves ser trocados os absorventes tradicionais, de quatro a cinco vezes ao dia, mas, segundo os fabricantes, a capacidade de um coletor o faz suportar até 12 horas de uso.
Copos coletores menstruais da MeLuna-Alemanha (R$ 75), vendidos pela Arte-Misia |
- Honra o teu sangue!
É o que prega o ativismo menstrual. As ativistas mais espiritualizadas falam em rituais para devolver o sangue à "mãe Terra", como, contam elas, faziam os povos ancestrais, para adubar as plantas, por exemplo, enquanto outras afirmam que estar atenta à menstruação é aumentar o conhecimento sobre o próprio corpo.
"Vivemos na cultura do desperdício, tudo é descartável. Quem aqui não joga sangue no lixo?", perguntou a psicoterapeuta Monika von Koss, que deu uma palestra sobre "o poder criativo da menstruação".
Nenhuma mudança de hábitos ocorre da noite para o dia,sem que se encontre alguma dificuldades, porém, quando se trata de saúde e poder feminino, não custa tentar - e se manter bem informada:
Coletor de silicone da Mooncup (R$ 85), à venda na Terra Viva |
Uma forma de dobrá-lo para inserí-lo na vagina |
O coletor fica logo na entrada da vagina, diferente dos absorventes internos, que ficam no colo do útero |
Forma de retirá-lo |
Por Ju Blasina, com informações da FolhaPress
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