11 de junho de 2010

Flutuando no azul da meia-noite


Por vários dias escutei a mesma música: "Walking in the Air" (composição de Howard Blake para a versão cinematográfica de "The Snowman", livro infantil do autor inglês Raymond Briggs, publicado em 1978. Em 1982, a publicação foi transformada em desenho animado).

Não é uma canção nova e eu já a conhecia, embora uma pesquisa tenha me mostrado um novo arranjo na voz da cantora Chloe Agnew, cantora irlandesa que ficou famosa por sua participação no grupo musical Celtic Woman.

Baixei os dois - o original e a adaptação.

Mas por mais que a ouvisse, não me fartava.

A sisma se deu depois de um sonho.

De um sonho, não.

De uma noite dormida pela metade, na qual acordei pelo som interno da música.

Ela estava na minha cabeça e havia sido recuperada em minha memória há pelo menos quase cinco anos. O engraçado é que nesse tempo decorrido, eu nunca mais a havia escutado e até não possuo mais o CD.

Na manhã seguinte, a primeira coisa que fiz foi procurá-la na internet.


Achei inúmeras versões, em inúmeras vozes, de inúmeros jeitos. Mas eu queria a original. Ou pelo menos, igual a do meu CD perdido.

"Acho que tua alma tinha necessidade de escutá-la", disse-me minha amiga, rindo quando lhe contei minha insaciabilidade.

Passou-se mais de uma semana e minha alma continua querendo ouvi-la.

Curiosa, fui procurar a tradução da letra. E entendi por quê.

"Estamos caminhando no ar
Estamos flutuando no céu enluarado
As pessoas lá embaixo dormem enquanto voamos...
Passeando no azul da meia-noite
Através do mundo
As vilas passam como se fossem árvores
Os rios e as colinas
A floresta e os riachos
As crianças de boca aberta contemplam
Pegas de surpresa
Ninguém lá embaixo acredita no que está vendo
Estamos surfando no ar
Estamos nadando no céu congelado
Estamos passando acima das montanhas congeladas
De repente baixamos até o fundo de oceano
Despertando o monstro poderoso de seu sono
Estamos caminhando no ar
Flutuamos no céu da meia-noite
E quem nos vê, cumprimenta-nos enquanto voamos"



Crônica escrita pela editora Rosane Leiria Ávila
- E-mail: rosaneleiria@gmail.com


Um comentário:

  1. Esta letra mostra como podemos ser leves na vida ou sairmos do foco da vida, o que geralmente acontece, quando idealizamos a vida e pessoas. Li um assunto que escrevestes sobre as mães tradicionais. Elas em grande parte são responsáveis pela educação de seus filhos, principalmente filhos homens. Mães que idealizam filhos heróis. Desde pequenos ganham carros, video game, roupa de super homem, enquanto as filhas mulheres ganham bonecas, já são educadas a serem mães. Estes filhos homens idealizados pelas mães crescem e aí descobrem que não são super homens, geralmente mal sucedidos financeiramente, não se graduaram nos estudos, não se dedicaram aos filhos, e aí entra o comentário da Sílvia Lúcia sobre casais com relações duradouras (é quando os dois estão engajados em acertar a relação), e outras relações que não passam de 2 a 3 anos. Antes de nos relacionarmos com alguém, deveríamos observar se o nosso companheiro vem de uma relação estável, duradoura ou é daqueles que não passa de 2 a 3 anos e isto já é um alerta. Ele se enquadra bem nesse comentário de ralações que não duram, pois não conseguem passar do estágio da paixão, da conquista, do desejo, são homens que só na cama ou na conquista conseguem ser heróis e quando são descobertos partem para outra relação, ou traem sua companheira, pois precisam vivenciar estas sensações de conquistas. Jamais conseguem avançar para o estágio do amor, do partilhar, companheirismo. Pior, é que vem com discursos espiritualistas, é o que mais seduz uma mulher, principalmente quando ela idealiza uma relação.
    Nós mulheres somos responsáveis em deixarmos um mundo melhor, procurando educar desde pequenos nossos filhos, para que cada vez mais as mulheres sejam respeitadas e valorizadas.

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