Eram menos perdidos que nós, mas nem por isso deixavam de se perder entre nossos cabelos, colos e pernas - entrelaçados...
Quase sempre queriam estar por cima.
Quase sempre queriam estar por cima.
Ocupar o topo, encabeçar a lista, mas só vinham quando deixávamos de chamá-los, e, quando exaustas e já roucas de tanto apelar em vão, deixávamos.
E então, eles vinham... vinham afoitos, vinham à espreita, vinham em bando, vinham e vinham, mas no fim do caminho nunca chegavam.
Não quero dizer com isso que, de alguma forma, perdiam-se. Nunca. Mas... Perdiam-nos. Sempre!
Ou éramos nós que, ao seguir a natureza, andávamos em círculos, ora a enrolar, ora a desvencilhar, e assim acabávamos por deles nos perder.
Afinal, são eles a ocupar o centro do mundo.
Nós, apenas orbitamos ao redor, rodeamos... ou assim o fazemos pensar. "Nossa persuasão pode construir uma nação" [como diz na música "Run The World (Girls), ou Mandam no Mundo (Garotas)", de Beyoncé].
A verdade? Ah, a verdade é uma incógnita e assim deve permanecer. O segredo faz parte de um jogo que, até onde me cabe aqui dizer, não é do interesse de nenhuma das partes interromper, ganhar ou perder.
"Mulheres: gostava das cores de suas roupas do jeito delas andarem da crueldade de certas caras. Vez por outra, via um rosto de beleza quase pura, total e completamente feminina.
Elas levavam vantagem sobre a gente: planejavam melhor as coisas, eram mais organizadas. Enquanto os homens viam futebol, tomavam cerveja ou jogavam boliche, elas, as mulheres, pensavam na gente, concentradas, estudiosas, decididas: a nos aceitar, a nos descartar, a nos trocar, a nos matar ou simplesmente a nos abandonar.
No fim das contas, pouco importava seja lá o que decidissem, a gente acabava mesmo na solidão e na loucura" - de Charles Bukowski - texto que inspirou esta crônica.
** Crônica de JU Blasina
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