Crônica: Gabriel Colombo
Qual a melhor altura de se dizer eu te amo?
Outra pergunta: quem terá coragem de admitir primeiro?
Existem ocasiões nas quais todos sentimo-nos admirados:
Quando alguém cuida de ti.
Quando se está feliz.
Quando o outro sabe te escutar.
Quando pergunta como foi o teu dia.
Lava tua louça. Limpa teu banheiro.
Também elogia tua roupa. E a tua opinião conta muito.
Dirigir esta expressão não deveria ser um problema.
Demonstra fraqueza? Ou demonstra sinceridade?
Vai ser o teu Paraíso ou o teu Inferno.
Quando se instala o Inferno, o outro ser amado estará a mil léguas distante de ti e te fará de marionete. Quando se tem a sorte de sentir Paraíso, a pessoa amada tende a entregar-se da mesma forma. Perdendo a ilusão que pisava em território estrangeiro ou em areia movediça.
Eu li que os acontecimentos mais ricos ocorrem antes que a gente se aperceba deles. E quando abrimos os olhos para o visível, há muito tempo atrás já estávamos aderentes ao invisível.
Naquela noite que tu me disseste ‘eu te amo’, fiquei paralisado. Pedi licença. Tomei um ar. Fiquei constrangido. Fui para o banheiro e te vi deitar na minha cama. Montei uma linha de fatos…
Lembrei do meu peito suado, do meu olhar tarado, dos meus lábios molhados. Entendi que eu fui o primeiro a falar através do meu corpo e dos meus olhos, esta expressão boba do tipo ‘eu te amo’.
E eu nem precisei te oferecer jantar romântico. E eu nem tive que rir das tuas piadas sem graça. Embora eu não tenha falado palavras abstratas, nem também fui muito exato, me entendeste muito bem...
Eu sei quando foi. Foi quando eu rasguei as cortinas, vesti o meu corpo de luz e de forma simples, caminhei até ti. E a minha sombra me esperava atrás de toda a tua luz.
Muito obrigado à minha dinda Eloisa Teixeira por transcrever essa crônica via celular Londres/Brasil num momento de muita emoção minha.
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