POR ROSANE ÁVILA e BRUNO KAIRALLA
- Fotos: Divulgação
O tempo pode ter passado, mas assumir uma relação com uma pessoa muito mais nova, ou mais velha, ainda faz com que muitos tenham receio de se expor, como comprova a nossa reportagem de hoje, em que praticamente todos os casais somente aceitaram participar da presente temática, se suas identidades fossem preservadas. Não se trata de medo, mas de não virar alvo de chacota e de comentários ferinos, ofensivos e incrédulos.
Sim, a principal indiferença originada por quem não acredita ou aceita este tipo de relação é o fato de menosprezar a capacidade de amar, como se afeto fosse um sentimento possível de ser reduzido aos tempos vividos, a idade.
Sem exceção, os descrentes nesta possibilidade, recorrem à justificativa do interesse pelo dinheiro e a estabilidade do companheiro, geralmente, mais velho - mas também se esquecem que o interesse é fruto do motivo, e motivo todos temos.
Também esquecem de outro importante detalhe: independente da idade ou da relação - pode ser homo, bi ou tri - todo relacionamento que se quer sério é motivado, entre outros critérios, por duas palavras-chaves: segurança e estabilidade - física, financeira sim, e também emocional.
Há muitas correntes que tentam explicar a atração em companheiros com idades distantes.
Na psicologia, por exemplo, surge a teoria freudiana de que os mais novos projetam em seus parceiros mais velhos a figura de segurança e amparo do pai (no caso delas) ou da mãe (para eles) - ou mesmo, a falta que eles um dia fizeram.
Já os mais velhos seriam estimulados pela capacidade de repassar as suas experiências, recuperar parte do frescor de sua juventude, alimentando a autoestima, deixando de ser alguém comum para se tornar uma referência.
Trata-se de auto-afirmação, um ego comum aos instintos.
Também há especialistas que defendem que ao procurar um parceiro com uma idade mais distante da sua, ambas as partes, velhos e novos, rompem com a mesmice que encontram no campo de vivência da sua própria geração, identificando-se com os hábitos, costumes e afinidades dos parceiros que vivem mais a frente ou lá atrás.
Pesquisas apontam que este tipo de relação também pode ser mais duradoura que as demais, principalmente porque além de propiciar uma abertura maior ao diálogo, seu amparo está na tão necessária segurança, unida a compreensão e tolerância.
A amizade, a parceria e também o sentimento constante da cumplicidade, tornam-se importantes características para a longa duração destas relações.
Ou seja, conveniente sempre é, pois os benefícios são significativos para ambas as partes, que, assim como ocorre em outros relacionamentos, também tem seus conflitos e precisa driblar as suas peculiaridades, como o ciúme, a insegurança do futuro, do não ser trocado pelo parceiro por alguém da mesma faixa etária, além do respeito aos momentos e as fases por quais passam o companheiro.
Para evitar esta última é só lembrar de que todos carregam suas bagagens e por mais que o avançar da idade aproxime-se da experiência, essa sempre será singular; pertence e é sentida de forma diferente, por mais parecida que uma situação seja.
Mulheres também
preferem os mais novos
Já não é conquista apenas dos homens.
Embora a relação de um homem maduro com uma jovem ainda seja mais bem assimilada do que ao contrário, nos últimos anos, cresceram as uniões em que as mulheres apresentam idade superior a do homem.
De acordo pesquisa do IBGE, entre 1996 a 2006, essas uniões passaram de 5,6 milhões para 7,6 milhões - um crescimento apontado em 36%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Pnad.
No mesmo período, cresceram menos (25,3%), as uniões de homens mais velhos que as mulheres, passando da casa dos 22 milhões para 28 milhões.
A pesquisa aponta ainda que no total dos arranjos familiares formados por casal, cresceu o percentual de uniões em que a mulher tinha de 5 a 29 anos a mais que o homem.
Para a psicanalista, Valéria Wanda da Silva Fonseca, esse dado reflete a igualdade entre os sexos, que deu à mulher mais liberdade de escolha.
"Antigamente as mulheres fantasiavam com homens mais velhos que lhe dessem mais estabilidade e segurança através do casamento. Quando ela deixa de ser dependente desse amparo, pode circular mais, está mais livre para escolher", justifica Valéria.
Prova disso é a gerente de banco Cristina Furla.
Divorciada e mãe de um rapaz de 18 anos, Cristina se relaciona há dois anos com um rapaz 14 anos mais novo do que ela e se diz completa no relacionamento.
"Eu fui casada com um homem oito anos mais velho do que eu e não tinha tanta afinidade com ele como tenho com meu atual parceiro. Um relacionamento é mais do que idade, trata-se de amor, respeito e cumplicidade".
Morando juntos já há algum tempo, ela e Sávio Schimidt concordam nesse ponto. Para ele, a diferença de idade só vem acrescentar pontos positivos ao relacionamento. "Ela é mais madura, compreende melhor o meu jeito 'turrão'... as meninas mais novas não toleram muito essas coisas", diz.
A psicanalista explica que pessoas mais velhas exercem fascínio em ambos os sexos. Para elas, os homens mais velhos representam virilidade e sabedoria.
Para eles, a mulher mais velha é um exemplo de competência, eles admiram a experiência que elas acumulam. Sávio comprova a teoria:
Para eles, a mulher mais velha é um exemplo de competência, eles admiram a experiência que elas acumulam. Sávio comprova a teoria:
"A experiência dela me ensina muito. A forma de ela agir me mostra como devo agir também. Não só no nosso relacionamento, como em tudo na vida" .
Valéria acredita que a diferença, muitas vezes ajuda no crescimento do casal. "Essas diferenças podem ser bastante enriquecedoras se o casal souber tirar proveito disso", diz.
Amor sem tempo
Para preservar a identidade dos casais a seguir, com exceção da idade, os nomes são todos fictícios.
Amantes
Miriam Rosa tem 67 anos. Seu companheiro, 86.
Os 19 anos de diferença que os separam não representaram um empecilho desde que se reencontram, quase que por acaso, em meio a uma pista de dança, em outubro de 2004. Na verdade, conheceram-se ainda na mocidade.
Amigo da família dela, ele foi escolhido padrinho de um dos seus três filhos, mas durante um bom tempo perderam contato. Reencontraram-se 30 anos depois. Viúvos, não perderam-se mais. O primeiro beijo seguiu a cartilha dos antigos namoros que obedeciam o compasso da troca dos olhares e a conversa sedutora ao pé de ouvido. No meio do salão, a trilha sonora foi Roberto Carlos.
“O que estou vivendo agora eu não vivi no meu primeiro casamento que durou 37 anos. Nunca tive um parceiro para viver. Antes tudo o que fazia era um compromisso, hoje digo que conheço o lado livre e saudável do amor. Pena que levou tanto tempo, porém tem coisas que só a idade ensina. Acontece no tempo certo”, garante ela, que a princípio teve que lutar contra a opinião dos filhos.
“Eles achavam que ele estava comigo por interesse, mas não respeitaram o meu próprio interesse de ficar com ele. Encerrei a conversa falando que queria morrer dançando, amada e feliz, e se ele for primeiro do que eu, faz parte da vida, não vai ser por isso que vou privar os meus desejos que com ele estão mais vivos que nunca”, diz Miriam.
Ela garante que, apesar da idade, seu companheiro é mais jovem nas ideias que ela.
“Não tenho dúvida que com ele eu também rejuvenesci. Sairei desta vida me sentindo amada e respeitada de verdade”, finaliza. Hoje, são os filhos dela que agradecem a entrada dele em sua vida. “Não somos velhos, somos amantes e para estes não há idade que cubra a felicidade”.
Rejuvenescer
“Enquanto um rejuvenesce, o outro passa uma maior experiência para o mais jovem”, resume Ricardo sobre o maior ganho da sua relação duradoura com Estela, 22 anos mais jovem do que ele. Hoje eles já comemoram as bodas de prata, ou, os 25 anos de sua união – que lá atrás foi totalmente desacreditada por amigos e familiares.
“A maioria não acreditou que fosse dar certo”, aponta ele. Entre as situações engraçadas e de preconceito, ele aponta as mais triviais a quem aposta nesta relação: “Quando perguntam se tua esposa é tua filha”.
Ela também fala mais sobre o preconceito.
“As pessoas julgavam que muito em breve, ele seria passado para trás e agora que já faz 25 anos, acredito que cansaram de esperar por isto. Ser titulada como a sua filha é algo que os mais despreparados até hoje são capazes de fazer”.
Quando questionamos se a diferença entre idade se tornou mais visível com o tempo, ela diz que esta era a principal preocupação dos amigos e familiares, mas garante: “Quem se apaixona por alguém mais velho não tem esta noção. De qualquer sorte me vejo cedendo juventude a ele, dia a dia. E hoje algumas vezes ele já parece mais novo do que eu em temperamento e na forma de lidar com a vida”.
Já para Ricardo, pensar no futuro é algo que assusta.
“Acho que em alguns fatores é bastante preocupante”.
Mas a ela, não.
“Por tudo o que já se viveu, mesmo que um dia ele esteja mal, eu tenho a noção de que isto fará parte do futuro que teremos que passar e viver”.
Para Estela, o amor é feito de resgates.
“De tempos em tempos ou o buscamos ou ele morre. Com o tempo amar é ser amigo e confidente, antes de qualquer outro ato ou sensação, e por mais que quem não tenha noção do que é isso, garanto que é um dos melhores momentos da vida”.
Em termos de experiências e visões de vida, os casal vive etapas e fases distintas. Para ele, qual o momento que isso mais atrapalha? “Quando as opiniões são muito fortes”. Estela também aborda sobre os dois lados da relação.
“O lado bom tem haver com a parceria, a maturidade do relacionamento e a franqueza com a qual lidamos um com outro. O lado ruim muitas vezes está relacionado com a vitalidade para fazer programas e se dispor a novas aventuras”.
No entanto, ela ressalva:
“As experiências dele realmente somam e contribuem para a apaziguação de diversos momentos importantes, às vezes profissionais, às vezes pessoais; não vejo aspecto negativo, pois minha juventude e coragem diante do dia a dia também o fortalece e o ampara, desligando-o do ato de envelhecer”.
“As experiências dele realmente somam e contribuem para a apaziguação de diversos momentos importantes, às vezes profissionais, às vezes pessoais; não vejo aspecto negativo, pois minha juventude e coragem diante do dia a dia também o fortalece e o ampara, desligando-o do ato de envelhecer”.
Entre os planos do casal, ele sinaliza: “Adquirir uma paz maior”. Ela vai mais adiante: “Viajar, viajar, viajar. Viver bons momentos por onde passarmos, pois já adquirimos estrutura, realizamos diversos sonhos, criamos nossos filhos e hoje já ajudamos até a criar nossos netos”.
Um recado para o fiel companheiro neste Dia dos Namorados?
Ricardo: “É infinitamente salutar se ter uma pessoa de quem se gosta, ao lado”.
Estela enfatiza: “Meu bem: viva, seja feliz e continue sendo sempre o meu amor”.
Para finalizar, Ricardo ensina: “O Amor não tem idade. Acho que nos conservamos na juventude do amor”.
Na ficção e na realidade
Não é de hoje que o mundo convive com a diferença de idade entre casais.
A seguir, na ficção ou na realidade, conhecidos exemplos:
- FREUD: E já que se mencionou Freud acima, o seu pai, Jacob Freud foi um comerciante que, com dois filhos adultos e netos, casou-se aos quarenta anos como Amalie. Sigmund Freud foi o primeiro dos oitos filhos do casal.
- ELZA SOARES: Aos 73 anos, a cantora Elza Soares namora Bruno Lucide, de 29. A diferença de 44 anos, nunca incomodou a artista que no início do namoro, há três anos, responde se sentia feliz: “Muito! Imagina que existem mulheres com uns 50 anos e já não sentem desejo! Deus me livre, isso é doloroso. Estou com minha saúde, intacta, estou gostosa e maravilhosa. Então, quero viver! My name is now (Meu nome é agora)!”.
- ANA MARIA BRAGA: O namorado, Marcelo Frisoni tem 39 anos. Ela, 61. A diferença entre os dois é de 22 anos. Por inúmeras vezes, Marcelo já foi alvo de perseguição da mídia, acusado de namorar a apresentadora por puro interesse. O que já gerou diversos conflitos entre o casal. Recentemente, ele declarou na imprensa que recebeu uma grande herança que o tornou tão rico quanto à apresentadora e que se fosse apenas por interesse financeiro não precisaria mais estar ao seu lado.
- SUZANA VIEIRA: Assim como Ana Maria Braga, a atriz Suzana Vieira já namorou uma série de garotões, tornando-se invejada pela mulherada. Seu namorado atual é Sandro Pedroso, de 25 anos. A diferença de idade entre o casal é de 43 anos.
- INSENSATO CORAÇÃO: A atual novela global destaca em seu elenco dois casais: Carol (Camila Pitanga) e Raul (Antônio Fagundes) e Cortez (Herson Capri) e Natalie (Deborah Secco). Os filhos de Cortez não aceitam o relacionamento do pai e rotulam Natalie de interesseira. No folhetim anterior, em Passione, Maitê Proença interpretou a insaciável Stela, uma perua apaixonada por homens mais jovens e que acaba a novela ao lado de Agnello (Daniel De Oliveira).
- WOODY ALLEN: O diretor e cineasta é 35 anos mais velho do que a mulher, Soon-Yi Previn. Os dois sempre foram alvo de polêmica pelo fato de a coreana Soon-Yi ser filha adotiva da ex-mulher do diretor, a atriz Mia Farrow. Estão juntos há 14 anos.
- MARÍLIA GRABRIELA: O namoro com Reynaldo Gianecchini durou oito anos, mas despertou atenção geral da mídia por ele ser 24 anos mais jovem do que ela. A jornalista de 62 anos, agora namora o designer e artista plástico, Alessandro Jordão, de 35, uma diferença de 27 anos.
- ELBA RAMALHO: Durou 12 anos a relação da cantora Elba Ramalho com Gaetano Lopes. Eles casaram quando ela tinha 50 e ele 26, em agosto de 2002. Segundo declarações de Elba na mídia, a infidelidade dele foi o que motivou a separação do casal. Desde 2008, a cantora namora Cezinha do Acordeon, 33 anos mais jovem do que ela.
- MADONNA: Entre idas e vindas, nunca se sabe ao certo se Madonna está ou não namorando Jesus Luz. Apesar das recaídas da popstar pelo nosso brasileiro, jornais afirmam que eles estão separados. Jesus Luz namorou Madonna quando ele tinha 23 anos e ela 51. Diferença de 28 anos.
Nossa eu poderia estar aí neste post!! hahaha
ResponderExcluirPois é, amor não tem idade mesmo. Meu namorado é 6 anos mais novo que eu e o engraçado é que quase ninguém nota a diferença. Muitos dizem que os homens demoram mais a amadurecer e que as mulheres acabam se interessando por homens bem mais velhos... Não necessariamente e eu digo de carteirinha!! No meu caso mesmo, parece que quem é mais nova sou eu, pois ele é muito mais maduro ou eu muito infantil ainda (rsrs). Já gostei de caras mais velhos que eu, mas estou muito feliz com o meu "menino".
Adorei o tema! ;)
eu tambem poderia estar ai meu namorado é 18+ novo e é a relação mais duradoura que tive ate hoje, tudo e incrivel e especial tenho aprendido a superar meus proprios preconceitos.
ResponderExcluireu tb deveria...nossa diferença é de 23 anos...eu 47a ele 24...
ResponderExcluirOLÁ ,SOU POLICIAL MILITAR
ResponderExcluirE TENHO 46 ANOS, MEU NAMORDO 23 EXATAMENTE.
AS VEZES ALGUNS AMIGOS FALA
E AI CADE SEU GAROTÃO?
-FELIZ RESPONDO, MUITO BEM E ESTAMOS FELIZES.
NÃO É UM MAR DE ROSAS. TEMOS ALGUNS CONFLITOS
PORÉM O AMOR É TÃO FORTE.
AMOR SIM DE VERDADE.
VIVA O AMOR E O PRESENTE