Por Bruno Z. Kairalla
Fotos: Arquivo Pessoal/Divulgação
Nem sempre viver a experiência de
viajar sem companhia é um mar de rosas. Como tudo, tem sim lá as suas
desvantagens. Entretanto, quem já aderiu a este novo comportamento, já visível
e interessante ao mercado, garante que também suas recompensas.
Livros bem interessantes como “Viaje Sozinha”, de Flávia Julius e Maristela do
Valle, e o mais conhecido, as “100
viagens que toda mulher deve fazer”, de Stephanie Griest, reforçam em suas páginas, por exemplo, a ideia de
que toda mulher deveria viajar sozinha pelo menos uma vez na vida, em nome do autoconhecimento.
Perceber, ao viajar consigo mesma, a grande
diferença entre estar sozinha e ser solitária. Nos próximos parágrafos, nossas
entrevistadas relatam suas histórias e nos contam como é viajar livre da
preocupação alheia.
Em comum, as três se enquadram no
pensamento do escritor Marcio Kühne:
"Três coisas que devemos praticar
diariamente: rir, refletir e buscar algo que emocione intensamente. Daqui vinte anos, você estará mais
desapontado pelas coisas que não fez que pelas que fez. Então, solte as bolinas
e navegue para além da segurança do porto. Deixe o vento te levar. Explore.
Sonhe. Descubra”.
AS AVENTUREIRAS
Explorar cada cantinho
Oficial de justiça aposentada, Sueda Zdradek, 55 anos, não perde a
oportunidade de quando está fora de sua cidade, conhecer “cada cantinho dos
lugares que visita”. Viaja sozinha, livre de interferências, sugestões, no
entanto, sempre conhece novos destinos em grupos. “Já retornei para diversos
lugares, mas sempre em grupos diferentes”, aponta ela. E assim, Sueda resume
sua paixão: “Acredito que viajar é um vício saudável, que todos deveriam
adquirir”
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Viagens realizadas: Já
fiz muitas viagens dentro do Brasil e algumas para fora. Destas, destaco o
pacote "Gaúchos na Europa", em que conhecemos os principais pontos
turísticos de Portugal, Espanha, Itália, Suiça e França. Uma viagem para o
Canadá, também foi muito interessante. Um cruzeiro para Ushuaia (Argentina),
onde se cruzou o Cabo Horn, Estreito de Magalhães, Ilhas Malvinas (Falkland
Islands), tendo o prazer de apreciar os Fiordes Chilenos.
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Vantagem: Explorar os locais
que despertam meu interesse sem depender da vontade de outra pessoa.
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Desvantagens: A
única é que os pacotes turísticos sempre oferecem o apartamento duplo e é
necessário ter alguma afinidade com a pessoa que divide um apartamento.
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Reação das pessoas: Muitas
pessoas viajam sozinhas atualmente, principalmente mulheres. A reação é muito
boa. Nos grupos de viagens se adquire bons amigos.
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O melhor da experiência:
Você se sente mais segura, descobre que consegue se sair bem nos mais diversos
ambientes.
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O que não pode faltar em cada nova viagem: Bom humor. Quando saímos para uma viagem precisamos estar
preparados para todas as situações. Os contratempos são normais, porém, é
preciso achar graça no imprevisto.
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Lugares que ainda pretende conhecer: Não
tenho um limite. Pretendo conhecer o máximo possível.
Sem dependências
A empresária e rio-grandina, Élida Margarida Machado Varela, 42 anos,
garante que quando decide embarcar numa nova viagem não se permite fazer
cobranças. “Apenas vou de pura e espontânea vontade; se tenho vontade de ir eu
vou sem dependência de ninguém”, sinaliza.
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Viagens realizadas:
Lisboa (Portugal), Madri, Barcelona, Zaragoza (Espanha), Roma, Veneza (Itália),
Paris (França), Suíça, Buenos Aires (Argentina), Punta Del este (Uruguai),
Paraguai e Brasil (Recife, Pernambuco, Fernando de Noronha, Santa Catarina,
Mato grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Brasília, São Paulo, Rio de
Janeiro).
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Vantagem: A maior delas é
que sempre fazemos novas amizades.
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Desvantagens: Não
vejo nenhuma.
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Reação das pessoas: Algumas
me falam que sou corajosa em viajar sozinha.
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O melhor da experiência:
Aprendo um pouco da cultura, da língua e do respeito necessário e que existe em
cada lugar.
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O que não pode faltar em cada nova viagem: Fazer amizades e compras.
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Lugares que ainda pretende conhecer: Grécia,
Amsterdam, Nova York, Los Angeles, Egito, Dubai, entre outros.
Em entrevista para a revista portuguesa
Glamorous Woman, a jornalista Júlia Antunes Lorenço, 26 anos, fez uma série de
declarações sobre mulheres que viajam sozinhas, contando também suas inúmeras
experiências. Na reportagem ela fala do espanto das pessoas quando sabem que
viaja sozinha e que é comum ouvir delas, a pergunta: “mas você não tem medo?”.
Júlia explica que toma várias precauções,
como avisar a família e deixar seus contatos, sempre que parte para um novo
destino. A repórter guarda na memória vários episódios engraçados e até criou um
blog [poisnemcheguei.wordpress.com] para não se sentir sozinha: “Era um espaço
onde eu dividia tudo o que estava vivendo”.
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Vantagens: Para ela, o
principal é aprender a fazer frente aos obstáculos: “Você tem desafios a toda
hora e no final vê que é capaz de superá-los. Ainda mais sendo mulher, que por
muito tempo, foi vista como o sexo frágil. Quando saí de Londres, para voltar
ao Brasil, mal dormi a pensar nas três malas que teria que levar sozinha desde
a estação de metro até ao aeroporto. E no final foi tudo muito simples. Pedia
ajuda a todo o mundo e todo o mundo me ajudou! Você faz o seu horário, caminha
ao seu ritmo, para e descansa o tempo que quiser”.
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Desvantagens: “O
ter de se preocupar com todos os detalhes, não ter ninguém para dividir aquele
momento tão especial nem para comentar como as coisas são lindas. Também deixei
algumas vezes de entrar num restaurante para almoçar ou jantar, porque não me
sentia à vontade por estar sozinha. Outra coisa que me incomodou muito foi o
fato de não ter ninguém para me fotografar. Eu amo fotos e sou daquelas que
repara se o objeto está bem enquadrado, não corto os pés das pessoas e essas
coisas. Quando você viaja sem ninguém, tem de pedir a alguém para fotografar e às
vezes as fotos saem horríveis,” conta ela com uma gargalhada.
Júlia Lourenço é a primeira a
aconselhar todas as mulheres a abraçar esta experiência: “Antes de ir li que
todas as mulheres, pelo menos uma vez na vida, têm de fazer uma viagem sozinha
e eu acho que é bem por aí. Você sente-se capaz, independente e no fim,
garanto, dá um orgulho enorme. Confesso que muitas vezes bateu-me o desespero e
pensei ‘O que estou a fazer aqui sozinha?’ Acho que tornei-me mais independente
e acabei por descobrir que sou uma pessoa corajosa”, conclui.
Com o foco nelas
Responsável pela Mega Viagens Turismo, nosso colunista colaborador Júlio Santana comenta a criação de
pacotes criados sob o título de “Só Para
Mulheres” – em que o único homem é o motorista do ônibus. “Esse ano nossa gerente
Katia Cadaval teve a ideia de criar o Montevideo
Só para Mulheres. Este grupo foi se solidificando e hoje elas programam
encontros mensais em que outras mulheres se interessam e participam”, salienta
ele. O que, conforme o empresário, vem resultando na formação de novos grupos. “O
bom desse tipo de publico é a diversidade de produtos que podemos oferecer. Algo
que vai de um simples Gramado a um transatlântico para a Europa, por exemplo”,
acrescenta.
No mercado desde março de 2007, a
empresa afirma que está de olho neste público que gosta de viajar livre da
família e aponta que conta com passeios programados para estas pessoas no
próximo ano. “Hoje o publico alvo é este. Desde o início temos como um de
nossos objetivos atingir este cliente que estava solto no mercado, atendendo todas
as classes. A excelência no serviço e no roteiro é o nosso foco. Fazer do
cliente não um mero passageiro e sim um amigo”, evidencia.
“Hoje nossa empresa já é um dos nomes
mais lembrados no segmento de Turismo sendo referencia na metade sul do Estado.
Recentemente, ganhamos o premio TOP MSC Cruzeiros, sendo a agência que mais
vendeu cruzeiros na região sul do estado. Também estamos entre as 10 agências da
empresa CLM Operadora Turística que mais vendem pacotes para o Nordeste”,
observa e concluí o empresário.
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