Com direito a fitas vermelhas, prepare-se, pois estamos inaugurando uma nova década de nossas vidas. Não há como seguir sem refletir. Um clima de recomeço está no ar. O que esperar do mundo e de nós mesmo quanto às novas etapas que virão? E se o mundo realmente tivesse um prazo de validade, que correntes te libertariam para viver sem ter medo de ser feliz nos próximos dias? Bem vindo a 2010 e a esta nova década que se inicia
Foto: Christian Zangrando/JA
Por Bruno Zanini Kairalla
- Sugestões: bruno.kairalla@gmail.com
- Fotos-reportagem: Christian Zangrando
- Editora: Rosane Leiria Ávila
Passadas todas as festas de fim de ano, os fogos que iluminam o céu e toda a euforia que resguarda o último dia do ano, o Mulher Interativa propõe nestes dias de descanso e que todos nos encontramos em “estado de relaxamento” um convite ao decorrer deste feriadão: aproveite os momentos de alegria, paz e descanso, mas também avalie, reflita. Conecte-se ao seu eu mais íntimo, mais profundo. Afinal, além do fim de 2009, estamos diante do começo de uma nova década. O que foram os últimos dez anos para você? No que eles foram importantes para você e como mudaram-no?
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E então? Preparado para projetar a próxima década?
Só um aviso: ela já começou!
Inicie separando as frustrações das celebrações, aponte o que soou negativo, evidencie o que precisa ser transformado, comemore as conquistas e, principalmente, descubra os terrenos reais e espirituais que ainda precisam ser descobertos. O poder de reflexão, de redescobrir as lembranças, é uma dádiva usufruída apenas pelo homem. Então, faça um mergulho em sua própria trajetória de vida. Liberte-se!
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Desconstrua paradigmas e se desfaça dos velhos manuais de instruções por você mesmo impostos. Reconheça o valor daquela pessoa que está próxima e ao mesmo tempo tão distante. Não limite as suas possibilidades, aproveite as oportunidades, amplie a sua capacidade. Não priorize tanto a lógica. Dispa-se dos preconceitos, dos “nunca” ou “jamais” sempre tão limitadores das nossas emoções, atitudes e descobertas. Volte à infância, sorria com o mesmo espírito de quando você era criança. Brinque com a vida. Arrisque, aposte, sonhe sonhos reais e também possua aqueles, os mais malucos.
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Prove daquilo que você ainda não conhece, das sensações ainda desconhecidas. Sinta. Não tenha “medo do ridículo”, ao menos daquilo que só lhe parece, mas não é. Não deixe de ser você, apenas abra o leque: aprimore-se, supere-se, invista-se, ame-se e ame os outros.
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Faça de você mesmo a novidade dos anos ou dias tão entediantes e daquela rotina tão monótona. Retire de cada dia uma lição, por menor ou mais simples que seja. Chore por aquilo que você fez de errado, mas não se permita chorar por aquilo que nunca fez.
Ah! E lembre-se: temos a obrigação de deixar esse mundo melhor do que ele era quando o encontramos! Com isso, resta apenas começar o ano desejando a você o melhor! Ótima nova década, um próspero 2010 e que, no fechamento de um próximo ciclo, possamos, sim, comemorar um novo e melhor EU.
:: Você no Mulher ::
Pessoas mais humanas
As duas respondem ao posto de 1º sargento da Brigada Militar. Atualmente, as amigas e companheiras de trabalho Neize Cristina Soares, 37 anos, e Miriam Costa Vigil, de 31, atuam juntas dentro da Operação Golfinho.
Foto: Christian Zangrando/JA
Longe dos compromissos, carinhosamente elas atenderam ao pedido da equipe de reportagem que interrompeu por rápidos minutos a gostosa caminhada na orla da praia durante o fim de tarde da última terça-feira. Tudo para que elas se posicionassem sobre este novo ano, que começa agora.
Para a próxima década, Neize, que também cultiva o lindo sonho de ser mãe, espera que as relações humanas reencontrem o sentido da palavra união e se tornem mais sólidas, próximas e verdadeiras. “O que percebo é que em geral as pessoas estão mais distantes, perderam o sentimento de amor ao próximo e de que a união faz a força”, observa ela.
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Miriam também reforça seus desejos para o novo ano: “Que ele seja de muitas alegrias, força, saúde e, principalmente, que o ser humano consiga ser mais humano, deixando de pensar apenas em si”, espera. Dentro dos desejos pessoais, ela afirma que quer constituir uma família e conquistar a sonhada casa própria.
Mas não é só: “Aproveitar cada dia que passa como se fosse o único. Literalmente, viver a vida”, complementa. Para trás as duas deixam as catástrofes naturais e a corrupção. “Que em 2010 os políticos pensem mais e roubem menos”, explana Neize.
Redescobertas...
Foto: Christian Zangrando/JA
Para Gabriela Simões 2010 já começa com grandes expectativas. Estudante de Filosofia da UFRGS, na capital gaúcha, ela aguarda confiante o seu nome no listão do vestibular que prestou para o curso de Direito. Com a almejada aprovação, ela, contente, retornará para a sua terra natal, Rio Grande.
“O recomeço de uma nova etapa. A sensação dessa volta é de redescoberta”, garante ela. Questionada sobre o que gostaria de deixar para trás, ela aponta: “Os problemas da capital. Quero a paz do Cassino e na vida”.
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Ela, que dos seus 19 anos passou um ano e meio em Porto Alegre, confessa estar sufocada pelo trânsito, ritmo de vida, violência urbana e problemas sociais da capital gaúcha, sendo inclusive mais uma vítima deles. “O Cassino é diferente: é pé na areia, sintonia de vida, praia. Sentia falta desta tranquilidade”, corrobora.
Quanto aos seus desejos e emoções pessoais, ela enumera: “Quero me formar em Direito, pular de paraquedas, bungee jump, conhecer o interior da Bahia, Piauí e com um mochilão nas costas viajar dentro da América Latina”.
Numa rápida avaliação da década, ela destaca o desrespeito do homem com o seu meio, um problema que para a jovem só tende a se agravar. “O mundo está aí. Não é a década que vai fazer a diferença”, finaliza.
“A vida é aquilo que tu procuras”
Foto: Christian Zangrando/JA
Sandra Medeiros, 49 anos, é massoterapeuta, ceramista, conselheira tutelar e “mãe de cinco filhos, pois isso também é uma profissão”, reforça ela. “2009 foi um ano que fez diferença na minha vida pessoal”, acredita ela, que entre outras várias mudanças aponta a espiritual.
“Além de espírita, aprendi sobre budismo, o que me levou a compreender melhor a vida, o mundo. Aprendi a ser mais tranquila, menos ansiosa. Vi que é melhor deixar tudo transcorrer naturalmente, pois, se a gente faz a nossa parte, o que se quer vem naturalmente”, discorre.
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“Tem muita coisa que a gente vive que naquele momento é sofrível, mas que depois nos damos conta do nosso crescimento emocional, pessoal. O importante é nos encontrarmos e nos entendermos”, reflete Sandra. Entretanto, ela diz que esta não é uma tarefa muito fácil. “É uma luta. Quando tu pensas que já te conheces, surge uma situação que te põe à prova e faz ver que ainda existem aquelas armaduras do passado. Mas esse exercício, de se perceber, deve ser diário, contínuo”, evidencia.
Na beira de completar 50 anos, Sandra se diz uma mulher realizada, sem o peso da idade que muitas mulheres costumam carregar nesta etapa da vida. “Não tenho doença, não gosto de falar em doença, me sinto bem e para mim a vida é aquilo que tu procuras. Tem que se ter coragem para viver, permitir-se ao crescimento, que faça a gente compreender o próximo. Sempre lembrando que só se consegue ver no outro aquilo que nós temos por dentro. Quem não convive, não cresce. Por isso, não podemos nos isolar das pessoas”, expõe Sandra.
Convivência entre décadas
Um dos desejos do casal Sérgio Cecere, 63 anos, e Maria Eloá de Barros Cecere, de 68, para o novo ano é ver a única filha cada vez mais feliz, ainda mais agora que ela acaba de ser aprovada no curso de Administração. Casados há 36 anos, ele é natural do Rio Grande, mas por mais de 40 anos foi morador de Pelotas, cidade em que ele conheceu e constituiu família com Maria Eloá, natural de Piratini.
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Entretanto, por conta do novo curso da filha e para prestar apoio a ela, a família se mudou em agosto para Rio Grande. Sérgio é carteiro aposentado e tem concentrada aqui parte de sua família. Maria afirma que se sente acolhida em terras papareias. Juntos eles somam quase quatro décadas de convivência e também por isso possuem todo o direito de comentar sobre o início da nova década. O que esperam?
“Muita saúde e acabar um pouco com a miséria e tristeza que se vê por aí”, responde ela. Já seu Sérgio, aproveitou para pedir um reforço à sorte e conquistar os R$100 milhões programados pela Mega Sena. “Colocaria parte no banco e o resto distribuiria com a família, os amigos e orfanatos”, programa seu Sérgio, que ainda revela um outro desejo material: “comprar um ônibus, mandar fazer ele à minha vontade e viajar com a família para o nordeste brasileiro”, argumenta ele, que diz que jamais trocaria as praias daqui, embora goste mesmo de viajar.
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Já Eloá, volta a focar atenções ao lado social e humano. “Durante a vida já prestei trabalho voluntário, mas gostaria de poder fazer mais pelos orfanatos, ser uma mãe adotiva da criançada, que elas tivessem uma vida melhor, dando mais carinho”, enfatiza.
Multiplicação por 10
Foto: Christian Zangrando/JA
Professoras aposentadas, as amigas Anacy Minasi, 68 anos, e Dolores Carabajal, de 73, compartilham além da parceria, as viagens, conquistas e perdas que tiveram ao longo do ano. Deixar para trás no ano que passou só mesmo os períodos em que enfrentaram as doenças comuns de suas idades.
As boas energias e emoções vividas, elas querem mais é carregar em 2010 para a década que se inicia. Elas integram um seleto grupo de senhoras de cidades de Pelotas e Bagé. Anacy é filha papareia, enquanto Dolores é pelotense. Reunidas, elas conheceram em 2009 Porto Seguro (BA), Rio de Janeiro (RJ), Lagoa dos Peixes (RS), Camboriú e Piratuba (SC).
“Temos afinidades, interesses em comuns e muita energia. Somos ativas, organizamos jantares, jogos”, comenta Anacy. Para os próximos dias, os planos de participar de mais viagens e conhecer destinos brasileiros. “Quero ir a Fortaleza, conhecer os lençóis maranhenses, ir a Natal (RN)”, estipula dona Anacy. Já Dolores, pretende também conhecer Bonito, em Mato Grosso do Sul (foto abaixo).
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Quanto às crenças catastróficas de que o mundo pode vir a acabar em 2012, Anacy lembra de um ensinamento passado por suas avós: “Elas diziam que enquanto existir criança até os 7 anos, o mundo não acaba”.
“Nós, enquanto professoras, vemos que um zero depois do número é multiplicado por 10. Mas um zero à esquerda não vale nada. E como em 2010 nós não podemos passar o zero da esquerda para a direita, nós vamos manter tudo, as alegrias, a saúde, numa constante multiplicação por dez. É nessa esperança que vamos começar 2010 e essa nova década”, confia dona Anacy.
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Quanto à pergunta: “O que vocês nunca fizeram que ainda sentem vontade de fazer na vida?”, Anacy é a primeira a responder. “Aprender a dançar. O pessoal vai para as festas mais eu ainda sou muito retraída”, revela. Ela, que na juventude experimentou cantarolar, diz que avalia a ideia de voltar para um canto coral na terceira idade.
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“Eu encanto, não canto”, dispara ela, uma confessa inibida cantarolante. Já dona Dolores, revela: “Quando era jovem, tinha o sonho de conhecer o mundo, sair por cada estrada afora”, fala ela reafirmando seus planos de viagem. Uma última pergunta indiscreta: e um namorado? Anacy sai à frente e responde.
Diz que no papel ainda é casada, mas que não mantém uma vida conjugal. “Estamos separados, só não é oficial. Podia até conhecer uma nova pessoa, desde que fosse cada um em sua casa. Até porque hoje tenho muito mais manias de quando era nova e, quando isso acontece, juntar cuecas com calcinhas não dá”, expõe ela com o seu bom humor.
“Que me leve junto”
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O quarteto fantástico Erik Dimussio, 22 anos, e Mayra Aquino Santos, 16 anos, namorados, e as irmãs, Paola e Amanda de Oliveira Borba, 18 e 12 anos, respectivamente. Completados no dia de nossa entrevista, Erik e Mayra estão há 8 meses namorando. Acho que não precisamos nem comentar o desejo desse casal, né?
“Que a relação perdure, evolua e tenhamos muitas felicidades juntos”, espera Mayra. Em 2009, Erick garante que deixará morto e enterrado o vício do tabaco. A promessa arrancou aplausos dos amigos. E antes que se fale nas horríveis catástrofes de 2012, essas feras garantem que ainda possuem muita energia para queimar.
“Ainda quero sentir a sensação de viajar em avião, saltar de paraquedas, concluir meu curso, ser uma boa profissional”, indica Paola, estudante do 3º semestre de Administração. “Ah! E também quero que 2010 seja um ano de muito amor”, complementa ela. “Está solteira e quer um novo amor?”, pergunta a nossa equipe. “Não! Não! Tô encaminhada”, apressa-se ela, aos risos.
Sua irmã, Amanda, também não deixa por menos: “E eu quero realizar o sonho de viajar num cruzeiro”. “Viajar, conhecer lugares distantes, que a gente não imagina um dia conhecer”, almeja Mayra. “E eu só quero que ela me leve junto”, finaliza de forma romântica Erik.
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