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O bicentenário de um patrimônio da arte
Por Bruno Zanini Kairalla
- Sugestões: bruno.kairalla@gmail.com
- Fotos: Bruno Kairalla
Mãos que deslizavam ao som de cada nota retirada do teclado, com precisão, sutileza e uma ousadia robusta. Personalidade única, contemplada por um dom particular e ímpar.
Na profundidade de sua sensibilidade, o amor criativo pela composição e pela música.
Um patrimônio da humanidade capaz de provocar e resistir ao tempo, desafiando novos talentos que entoam no bicentenário de seu nascimento a força e o impacto de toda a sua sonoridade, de sua expressiva melodia.
“Imagine um homem de grandíssimo refinamento no modo de ser e se portar, sentado ao piano e tocando sem qualquer movimento do corpo e raramente algum movimento dos braços, dependendo inteiramente de suas cuidadosas mãos femininas e seus dedos finos. Sua delicada dinâmica musical é de um efeito indescritível”.
A declaração acima se reporta a Frédéric Chopin, gerada por um pianista amador inglês e reproduzida na última quarta-feira pelo diretor da Unidade de Cultura, Luis Henrique Drevnovicz, momentos antes de oficializar a abertura das comemorações no Município ao “Ano de Chopin”, assim definido mundialmente o ano de 2010 pela Unesco.
Após o discurso de Drevnovicz, dois jovens pianistas, formados pela Escola de Belas Artes Heitor de Lemos (Ebahl), foram encarregados de iniciar a uma programação que ainda está sendo elaborada para o decorrer de todo o ano.
Juntos, Anna Carolina Santos e Tomaz Storino (foto acima) comandaram o espetáculo, conduzindo musicalmnte os convidados a uma época em que o mundo reconhecia um de seus melhores compositores e pianistas.
Sede do evento, a Sociedade Cultural Águia Branca, fundada há 114 anos por descendentes poloneses, tornou-se por momentos um templo da sonoridade de Chopin, em pleno berço esplêndido e genuinamente rio-grandino.
Storino abriu as homenagens ao som de Noturno Póstumo e Valsa Opus 64 nº 2. Depois foi a vez de Anna Carolina receber fortes aplausos pela execução de Estudo Opus 10 nº 12 e Fantasie Impromptu Opus 66.
Emocionados por todo contexto ali gerado, o público ainda foi contemplado por “Polonaise Opus 40 nº 1”, executado em sintonia e a quatro mãos dos jovens talentos (acima).
Uma noite especial que culminaria ainda com a inauguração de uma mostra de quadros reunidos de concertos realizados mundialmente em homenagem ao compositor polonês (abaixo).
Conforme a responsável pela divulgação da Sociedade Águia Branca, Vanda Kubaski, as imagens foram enviadas pelo Consulado da Polônia em Curitiba (PR). Juntamente com a exposição, foi servido aos convidados um coquetel de confraternização.
Clima familiar polonês
Assim que chegavam, os convidados eram convidados a entrar num clima polonês ao serem recepcionados por crianças vestidas com trajes típicos do páis e que ofereciam pão e sal aos convidados, o que na tradição polonesa significa boas vindas, “uma vez que o sal significa vida e o pão o alimento que nos nutre, os dois juntos se tornam símbolos da prosperidade e progresso”, diz Vanda.
Em seguida, foi entoado pelos presentes o Hino Nacional. Formado por descendentes, o grupo de estudos de língua polonesa da Sociedade Águia Branca cantou a primeira parte do hino da Polônia (foto acima).
O encontro também contou com a participação de Edson Gobbi, filho do imortal escultor Érico Gobbi, que levou ao palco um medalhão com o perfil de Chopin (abaixo), esculpido há mais de 60 anos pelo artista.
De origem polonesa e representado a Prefeitura do Rio Grande, o diretor da Unidade de Cultura proferiu:
“É expressiva e inegável a contribuição da comunidade polonesa ao nosso Município. Essa sociedade que hoje nos abriga, luta através de seus associados e do seu grupo de estudos para manter viva a cultura desse povo em nossa comunidade. E isso comprova, hoje, nesta noite quando une-se à Polônia e ao mundo para celebrar a obra e a música eternas de Chopin. A Prefeitura não poderia deixar de dar a este evento o caráter oficial que hoje lhe confere”, discorreu Drevnovicz.
Chopin
Há 161 anos, vítima de tuberculose, o mundo perdia aos seus recentes 39 anos, um dos maiores compositores da era romântica e um dos pianistas mais importantes da história, comparado historicamente a Mozart e Beethoven.
Fryderyk nasceu na pequena aldeia de Żelazowa Wola, Ducado de Varsóvia, filho de mãe polonesa e pai francês-expatriado.
Aclamado em sua terra natal como uma criança prodígio, aos vinte anos Chopin deixou a Polônia para sempre. O motivo: guerras e revoltas.
Em Paris, fez carreira como intérprete, professor e compositor.
Após sua morte, seu corpo foi enterrado em Paris e a seu pedido, o coração foi enviado numa urna para Varsóvia, lacrado dentro de um pilar da Igreja de Santa Cruz, sob uma citação do evangelho de São Mateus: “Onde seu tesouro está, estará também o seu coração”.
Neste ano, estão previstas duas mil iniciativas em todo o Mundo em sua homenagem. Dessas, 1.200 serão na Polônia. Entre as mais importantes celebrações está a reabertura do Museu Chopin que ocorreu em março no Castelo Ostrogski, em Varsóvia.
>> Confira a programação:
Para comemorar os 200 anos do nascimento de Chopin, a comissão já elaborou a prévia da programação. Embora boa parte dela ainda não esteja fechada, com datas definitivas, as atrações já foram planejadas para o decorrer do ano [confira abaixo].
Conforme Vanda, outras atividades ainda serão elaboradas com a devida parceria de entidades da cidade, como a Furg, Ebahl, Escolas Municipais e a Casa de Cultura do Município, bem como sua comissão cultural.
Maio
- Dia da Comunidade Polonesa [solenidade a ser divulgada na imprensa];
- Dia 30: Café colonial polonês na Sociedade Cultural Águia Branca, com apresentação do Grupo de Danças Folclóricas Polonesas “Solidarnosc”, da cidade de Dom Feliciano;
Junho
- Exibição do filme sobre a vida de Chopin na Sociedade Cultural Águia Branca;
Julho
- Apresentação de danças pela Academia Art&Manhas no Teatro Municipal;
Agosto
- Exibição do filme sobre a vida de Chopin no Teatro Municipal;
Setembro
- Alunos da rede municipal de Ensino encenarão uma peça teatral na Sociedade Cultural Águia Branca;
Outubro
- Exposição de trabalhos das escolas municipais na primeira quinzena do mês;
Novembro
- Apresentação da Banda Rossini na Sociedade Cultural Águia Branca, executando músicas polonesas, entre outras.
Muito além da velha cartola
- Texto e fotos: Bruno Kairalla
Quando o espetáculo dessa dupla começa, a imaginação simplesmente se desprende dos limites da realidade. Já imaginou uma garrafa de refrigerante de dois litros sumindo em pleno espaço?
E pombas que surgem entre espessuras tão finas quanto um papel ou por lenços em chamas? O fogo, por sinal, é um elemento a parte no trabalho destes dois que ainda brincam de levitar os seus convidados no palco.
Números que fascinam, desafiam a lógica e de forma interativa envolvem, surpreendem todas as idades. Assim é a mágica de Thelvis e Will, que com o show “Abracadabra” estiveram em Rio Grande, no último dia 14, em três apresentações no Teatro Municipal.
O show ousado segue uma aventura em estilo circense, onde a plateia é a base e fonte de alimentação para os artistas no palco, num espetáculo, dividido por diferentes esquetes, compostas por personagens, músicas, jogo de luzes, ilusionismo e muito movimento.
Nele, a dupla também ensina como fazer algumas mágicas simples, mas que divertem e captam a atenção dos baixinhos. Entre os números, velhos truques com o uso de moedas e cartas, que adaptados ao contexto atual adquirem ainda uma nova roupagem, um novo figurino.
Nada de cartolas. A palavra de ordem é ousar na criatividade e descontrair, fazendo com que a plateia viaje para um mundo de fantasia, diversão e ilusão.
A trajetória
Thelvis é o nome artístico do mágico pelotense Everton de Lima Osório, 35 anos, e Will do bageense, Wilson Hernandes, 26 anos. Juntos estão há dois anos.
Everton se dedica a carreira já há 17 anos. O apelido, porém, surgiu antes, ainda na infância, depois que foi chamado por seus colegas na escola de Elvis por usar o cabelo com gel escorrido para trás.
Em seguida, já era reconhecido por todos, como Thelvis. O interesse pela mágica, no entanto, surgiu depois de observar profissionais da arte mostrando suas habilidades em pleno calçadão de Pelotas.
Após os números, os mágicos vendiam objetos para a prática de alguns truques. Everton não resistiu e comprou uns dez números. Começou timidamente, treinando e mostrando o que sabia fazer em casa, apenas para amigos e familiares.
Um ano depois, participou de um encontro internacional de mágicos em Camaquã. Frente a outros profissionais, percebeu que tinha capacidade, talento e dom. Desde então, nunca mais parou.
A arte de impressionar e levar alegria para crianças e adultos, levou-o a criar o grupo de animação de festas, com uso de malabares, pernas de pau e shows que abrangem teatro de bonecos e recreação com palhaços.
“Embora muitos rissem da minha escolha no início, sempre fui muito insistente. Hoje, vivo da mágica e de animações de festa”, orgulha-se ele, que considera a manipulação de cartas, um de seus números mais desafiadores.
Will (acima) faz parte desse grupo que se apresenta em diferentes lugares e regiões do Estado. Mas, diferente de seu colega que sempre se direcionou para essa carreira, só foi fisgado por ela há pouco mais de três anos, quando conheceu um amigo advogado em Balneário Camburiu (SC), quando chegou lá para montar uma franquia de uma multinacional de roupas e acessórios, as lojas, C&A.
“Fui aprendendo aos poucos, fazendo de brincadeira, porém, chegou um momento que vi que aquilo podia me render algo mais, que dava certo e um retorno financeiro legal”.
Resultado: pediu demissão, dedicando-se especialmente a sua arte.
“Vi que a mágica era o que faltava na minha vida”, declara Will (acima).
Com planos de viajar para a Austrália e atraído por um curso de inglês que prometia conclusão em até um ano, Will chegou a Pelotas e conheceu o colega de palco, Thelvis.
“Além de um amigo e companheiro, Thelvis é um professor”, completa o mágico, responsável por cativar a plateia em seus números de “mentalismo”, em que adivinha o pensamento e preferência do público.
Perspectivas
Hoje, os mágicos sonham e fazem planos de um dia chegar a Las Vegas, considerada o grande point destes profissionais. Para eles, o que é essencial para a carreira?
“Carisma e ousadia. Habilidade, com certeza, mas não basta, pois você tem que conquistar o seu público; fazer com que ele confie e acredite no cenário que está se criando ou propondo. Há mágicos que trabalham somente com uma música de fundo, pois não conseguem se comunicar com o seu público”, afirmam.
A dupla também traça um perfil dos profissionais atuais.
- Aquela visão do mágico que usa cartola e tira coelhinho para as crianças já está ultrapassada. Hoje, qualquer um que tenha acesso a internet pode trocar informações e aprender os números. A tecnologia facilitou muita coisa e o mercado nessa área está maior, mais competitivo e se você não expandir o público, não se atualizar, buscar conhecimento, o aperfeiçoamento das suas técnicas, e ainda não tiver como trunfo alguns toques pessoais, não se mantém na área -, reforçam, Thelvis e Will, que se concentram agora na criação de um novo espetáculo de ilusionismo, mais direcionado aos grandes palcos e também ao público adulto.
>> Serviço:
- O que: Abracadabra
- Contato: (53) 8404-9408.
- Apresentações: Teatros e escolas
MUDANDO DE ASSUNTO...
1. O som chiclete da Déjàvu do Brasil
- fotos: divulgação
- texto: bruno kairalla
Não, não é “déjà vu”, termo francês que significa “já visto”, dando a impressão de algo que já aconteceu quando na verdade está ocorrendo.
Por mais que as performances e o som vibrante desse trio remetam ao de outros dois shows passados e de muito sucesso, Aviões do Forró e Bonde do Forró – esses sim, já vistos por aqui -, a banda “Déjàvu do Brasil” – escrita assim mesmo - pisa pela primeira vez em terras papareias na próxima sexta-feira, 30 de abril, véspera de feriado.
E com ela, seus três integrantes, Anne Liss Silva, Michael Fernandes e DJ Julinho Malboro, cujo nome verdadeiro é Francenildo Reis. Assim como nos outros shows citados acima, a realização mais uma vez leva a assinatura de dos experientes produtores, Kátia Valdez da K&G Produções e Eventos, e do pelotense, Rudinei Machado, a frente da RM Produções.
E para tornar a festa um espetáculo a parte do feriado, a Déjàvu vem acompanhada por grandes nomes, como os grupos, Euseiki Tudanssa, a Cia de Dança Sandro Vieira e a batida sonora inconfundível da Gang do Batidão.
E por falar neles, a banda rio-grandina realiza neste dia a sua última apresentação na cidade, antes de partir para Canoas (RS), no início do próximo mês e onde devem passar uma longa temporada no objetivo não só de expandir a sua carreira, mas também levar as suas músicas para todas as querências.
Chiclete
Falou em “Déjàvu do Brasil” falou em música chiclete. Daquelas que no primeiro refrão já grudam no ouvido e permanecem por horas a fio.
Quem não curte pode até criticar o quanto quiser, mas é impossível negar o destaque que essa banda paranaense, originada em 2006 e marcada pelo ritmo “tecnobrega” ou “tecnomelody”, vem obtendo ao levar seus shows para o país inteiro, bem como por suas apresentações nos programas de TV.
Destaque esse obtido graças as composições de seus hits melódicos e contagiosos: “Me Libera”, “Rubi”, “Se eu te pego”, “Nave do Amor”, “Larga do Meu Pé”, e a mais recente, “Porque te amo”, adotando um estilo mais romântico, se assim for possível definir as batidas envolventes do grupo.
>> Serviço:
- O que: Déjàvu do Brasil
- Participações: Gang do Batidão, Euseiki Tudanssa e Cia de Dança Sandro Vieira
- Quando: Próxima sexta, 30 de abril [véspera de feriado]
- Local: Clube Ferroviários
- Realização: K&G Produção e Eventos e RM Produções
2. As Gravuras de Salvador no Centro de Cultura
- fotos: divulgação
Inaugura na Galeria Municipal de Artes do Centro de Cultura nesta quarta-feira, 28, a exposição de gravuras “Objetomatriz”, de autoria do artista plástico, José Salvador. O evento, que integra a programação de comemoração dos 25 anos de fundação do Centro, ocorre das 18h às 20h, com a participação especial do músico rio-grandino, Gilberto Oliveira (foto abaixo), numa apresentação em voz & violão.
Para compor a exposição, Salvador usou a técnica do “piso vinílico” como material para a construção de seus objetos. Nele as imagens são gravadas com bisturis e a entintagem é feita unicamente em preto. O artista batizou esta mostra de “Objetomatriz”, pois são as matrizes organizadas em forma de livros ou álbuns que permitem ao expectador a interação, explorando a ludicidade na gravura. Nos álbuns estão gravadas imagens, cenas, situações e figuras que condizem com as suas preocupações.
O artista
Formado pela Furg em Educação Artística e habilitado em Artes Plásticas, desde 1998, Salvador atua como gravurista, desenvolvendo pesquisas e investigações na área de xilogravura e impressão em relevo. O artista plástico já realizou exposições individuais na Furg, na Escola de Belas Artes Heitor de Lemos (Ebahl) e no Centro de Cultura. Em Rio Grande e demais cidades, como Esteio (RS), Vitória (ES) e Resende (RJ), também participou de várias coletivas.
>> Confira:
- O que: Exposição de Gravuras “Objetomatriz”
- Artista Plástico: José Salvador
- Local: Galeria Municipal de Artes [Centro Municipal de Cultura]
- Onde: Rua Mal. Floriano, nº 91.
- Até quando? 21 de maio
- Visitação: Das 8h30min às 11h30min e das 13h30min às 18h
- Entrada: Franca
3. Cores que originam formas na Ebhal
- fotos: divulgação
Por dentro das novidades da Escola de Belas Artes Heitor de Lemos (Ebhal), na Galeria Breche foi inaugurada na última quinta-feira, a exposição Quando a Cor Cria a Forma, da renomada artista plástica Maria Clara Leiria.
Em suas criações, a artista propõe aos visitantes uma viagem artística que vai do figurativo ao abstrato, num trabalho que usa como recurso o acrílico sobre telas com uma arte livre, despojada de convencionalismos e que convergem para composições verdes e agressivas com cores vibrantes e explosões cromáticas. Uma das exposições mais atraentes exibidas neste ano pela Ebahl.
A artista
Maria Clara Leiria é formada em Desenho e Artes Plásticas na UFPEL, com pós-graduação em Artes Visuais. A artista foi diretora do Museu da Gravura Brasileira na URCAMP em Bagé e participou de salões e mostras coletivas e individuais no Estado e também no Uruguai.
>> Serviço
- O que: Exposição "Quando a Cor Cria a Forma"
- Artista Plástica: Maria Clara Leiria
- Local: Galeria Breche da Ebahl
- Onde: Rua Carlos Gomes, 583
- Até quando? 03 de maio
- Visitação: Das 8h30min às 11h30min e das 14h às 20h
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