Escutei o relato abaixo durante uma palestra há algum tempo e rabisquei num bloco que resgatei esta semana.
A mulher tinha o mesmo sonho durante muito tempo em sua vida: estava na frente de um templo junto com um grupo, mas não pertenceia a ele.
Depois de uma breve combinação, o grupo entrava, mas ela não.
Não entrava porque tinha medo.
E tinha medo porque sabia que estava morta e o seu corpo estava enterrado lá dentro.
Anos mais tarde, ela, professora de artes plásticas, acompanhou o marido, também professor, em um estágio na Espanha. Numa tarde, enquanto o marido estudava, ela resolveu caminhar sem um destino definido. E de repente, viu-se diante de um templo.
Para sua estupefação, o mesmo que aparecia em seus sonhos.
Na frente do prédio, um grupo de turistas que se reunia à volta do guia para acertar detalhes da visita ao local.
Ela se sentiu como se estivesse pregada ao chão.
Paralisada pelo medo, não teve coragem de entrar com o grupo.
Todos entraram, mas ela ficou ali durante um tempo que lhe pareceu interminável.
Fechou os olhos e sua mente começou a mesclar imagens lá de dentro com a rua onde ela estava.
Durante um longo período ela ficou parada decidindo o que deveria fazer.
Receava que assim como o sonho lhe mostrou, seu corpo estivesse enterrado lá dentro.
Mas foi que, de repente, a professora de artes conseguiu enxergar que aquela era uma oportunidade única em sua vida nesta vida.
E que talvez não viesse a se repetir.
Então, resolveu entrar no templo e visitar as clausuras.
E teve uma regressão a uma vida passada de forma espontânea, na qual enxergou a si própria como um monge que viveu naquele tempo.
Num insight, viu que o claustro antes era um jardim cheio de rosas, com borboletas e passarinhos. Emocionou-se e agradeceu aquele momento orando por todos os monges.
Para mim, os sonhos são valiosos e podem elucidar muitas situações, conflitos, vivências.
Também são veículos de nos conectar com o EU interior.
E muitas vezes, podem ser usados como 'passaportes para outras vidas'.
Como o da professora.
Aos meus, dou relevante importância e deles muitas vezes extraio bastante do que escrevo.
No quarto, na mesinha junto ao abajur, há um bloco em lugar cativo e uma caneta a postos à espera de um bom sonho.
Crônica escrita pela editora Rosane Leiria Ávila
- E-mail: rosaneleiria@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário