Nunca foi tão bom
ser mulher
ser mulher
Escrito por
Bruno Zanini Kairalla
Bruno Zanini Kairalla
bruno.kairalla@gmail.com
www.twitter.com/bzkairalla
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Dez anos. Em 21 de abril próximo o semanal Mulher Interativa completa a sua primeira década de uma total imersão ao universo feminino.
Uma aposta, a princípio, ousada do Jornal Agora – o único até hoje em toda a região Sul do País a dedicar um livre e permanente espaço as mulheres – num curto espaço de tempo, é verdade, levando em consideração os 101 anos da luta pelos direitos da Mulher, marcados por sua data máxima: oito de março. A data foi instituída em homenagem a um grupo de mulheres brutalmente assassinadas durante uma greve nos Estados Unidos.
Foto: Roberto Stuckert Filho-PR
Ano passado, centenário das comemorações, a mineira Dilma Rousseff conquistou aos 62 anos o cargo máximo do poder no País. Eleita em segundo turno com mais de 55 milhões de votos – destes, quase 67 mil saíram de Rio Grande (RS) – Dilma venceu mais do que a cadeira da presidência.
Bateu de frente no falso moralismo, na hipocrisia, típicos do povo brasileiro, e em todo o preconceito instaurado por séculos em diversas sociedades que pregavam: “mulher não tem capacidade”, “mulher não tem credibilidade, força política”, entre outros absurdos impregnados não só no contexto político, como também no religioso...
...ou vamos deixar passar o fato de muitas terem sido perseguidas e taxadas de bruxas, queimadas em plena praça pública? Ou esquecer do caso PC Farias e da namorada Suzana Marcolino (abaixo), morta com uma bala de calibre 38, numa das maiores suspeitas de queimas de arquivo da história desta nação?
...ou vamos deixar passar o fato de muitas terem sido perseguidas e taxadas de bruxas, queimadas em plena praça pública? Ou esquecer do caso PC Farias e da namorada Suzana Marcolino (abaixo), morta com uma bala de calibre 38, numa das maiores suspeitas de queimas de arquivo da história desta nação?
Apedrejar uma adultera? Ainda uma lamentável realidade. Mas e os milhares de adúlteros que praticam esta atitude cordialmente, contando ainda com o apoio dos amigos, da família e do sistema, sendo aplaudidos por serem uns medíocres e traidores garanhões? Um homem que assassina sua mulher por ciúmes, por não permitir que ela se separe? Crime passional. Mulher que comete o mesmo? Psicopata, problemática, louca.
Machismo feminino
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Porém, sinais de mudanças são lançados todos os dias.
Prova disso é que hoje já se pede para que elas sejam menos feministas e mais igualitárias. O que, claro, não é fácil para muitos homens.
Prova disso é que hoje já se pede para que elas sejam menos feministas e mais igualitárias. O que, claro, não é fácil para muitos homens.
Poucos sabem lidar com este novo comportamento, sem temerem de, em algum momento, perder o habitual controle da situação. Principalmente porque não aprenderam que não se trata de perder, mas sim de compartilhar com o seu parceiro, aceitando que: o que vale para um, vale para todos.
Foto: Bruno Kairalla
Já ouviram mencionar a poderosa intuição feminina?
Não, não é nenhum poder sobrenatural a elas dado.
Trata-se apenas de uma tradução da facilidade que elas possuem para seguirem os seus instintos, de se auto-conhecerem, de se ouvirem, de se escutarem.
Afinal, não é a toa que muitos machões já brincam com naturalidade: “por trás de um grande homem, existe sempre uma grande mulher”. Em tempos de homens-do-lar, por sinal, o contrário hoje também é válido.
É, pode-se dizer aqui que Dilma é neste universo, apenas um pequeno exemplo de tudo o que por elas já foi conquistado. E aos machões de plantão, preparem-se: vem ainda muito mais! Confira as opiniões de nossas entrevistadas...
Para saudar a presidenta
que habita em cada uma!
Colaboração:
André Zenobini
andre.zenobini@gmail.com
Fotos: Bruno Kairalla
Quadrada moderna
Graciela Rodrigues (foto), 36 anos, é natural de Uruguaiana. Entre vindas e idas de sua terra natal, a técnica de enfermagem, que atua na área de cardiologia e emergência, reside a dois anos em Rio Grande.
Apesar de diariamente desempenhar o papel da mulher moderna, aquela que não depende de homem para nada, cuida dos filhos e ainda administra o próprio lar, Graciela não se enxerga no papel de uma. “Ainda sou muito quadrada para as coisas”, responde ela, mãe de três filhos, dois meninos e uma menina.
Quando fala em ser “quadrada”, Graciela se refere a relacionamentos e antigos valores que as novas mulheres já não estão mais apegadas. “Sou a favor da família”, defende ela, que depois complementa que espera um dia casar. “O meu dia a dia pode ser como uma mulher moderna, mas minha visão é diferente”, aponta.
Apesar de não ter votado em Dilma, Graciela admira o fato de hoje ter uma mulher como representante de seus direitos. “Veremos como ela vai se sair; espero que faça e mude o que realmente precisa ser feito”, finaliza.
Vitória do respeito
Natural de Camaquã (RS), Helena da Silva, apesar do sobrenome bem abrasileirado, diz que a sua descendência é alemã. Apesar de sua cidade de origem é muito mais rio-grandina; por aqui reside há 48 anos. Só de casamento, ela já completou 61 primaveras.
Aos 75 de vida, Helena é uma mulher que atravessou e acompanhou diversas gerações. Viu serem quebrados pouco a pouco antigos preconceitos. O Dia Internacional da Mulher que se aproxima, ela comemora o fato de um dia elas, unidas, terem lutado por seus direitos. “Para nós foi uma vitória. Passamos a ser muito mais respeitadas”, aponta ela. E faz coro: “Nunca foi tão bom ser mulher”, garante.
Avó de cinco netos e bisavó de um casal, Helena só critica a falta de firmeza da união estável, mas não culpa as mulheres por isto. “Temos que conquistar novos direitos”, acrescenta ela, ao dizer que os homens precisam ajudar mais na criação de seus filhos.
“Acho triste as crianças sofrerem pelos pais”, complementa. Na Dilma votou e está confiante. “Acredito que ela fará de tudo para administrar bem este País. É a força feminina que sabe fazer tudo bem”, justifica.
Unissex
Natural da nossa cidade vizinha, São José do Norte, a estudante Karoline Costa, 19 anos, não atravessou o tempo em que as mulheres eram por toda sociedade oprimidas. Porém, destaca que esta importante luta do passado deixou o mundo mais igual, mais uniformizado, ou, como prefere Karol, ‘unissex’.
- Os poderes estão mais distribuídos e equilibrados; o machismo está se dissolvendo, está perdendo a força, e apesar dele ainda existir, têm que acabar. No entanto, hoje, qualquer um, já pode usar qualquer tipo de roupa. As pessoas estão mais padronizadas. Tudo é unissex - analisa a jovem.
Karol observa que esse papo de ‘briga dos sexos’ está mais do que ultrapassado. Com relação ao passada, ela concorda: “Está mais fácil ser mulher; ter e emitir as nossas próprias opiniões, lutar por aquilo que é nosso”, conclui ela.
Bendito fruto
Enfim, encontramos no meio do caminho uma rio-grandina! Que, porém, não mora mais em Rio Grande. Vejam só como é a vida! Adriana Bastos Bonato, 31 anos, é casada, mãe de uma linda menina e já mora algum tempo em Brasília (DF).
Engenheira, ela foi convocada há cerca de um ano para assumir a gerência de uma empresa. Única mulher cercado por 46 homens, ela confessa que a princípio sentiu um receio, mais até por parte deles. “Lá no começo, senti sim uma diferença no comportamento deles, afinal, seriam pela primeira vez, gerenciados por uma mulher”, argumenta ela, que com o tempo foi conquistando o seu espaço.
Fora o dom e o poder de conceber a vida, Adriana sinaliza que não vê diferenças gritantes que separem ou marginalizem homens e mulheres, principalmente, no que se refere a cargos de chefia. Porém – elas sempre apresentam um porém – acredita que nos negócios, a mulher tem um jeitinho menos complicado, mais próximo em termos de contato, mais suave. “A mulher é mais doce, mais direta”, pontua.
Adriana acrescenta que diferente do antecessor, conseguiu estimular e aumentar a produção de sua empresa. “A mulher já conquistou o seu lugar no Brasil”, reforça Adriana, referindo-se ao Dia Internacional da Mulher.
Mas, Adriana lembra e manda um recado para as mulheres que ainda hoje são mal tratadas ou oprimidas, seja pelos seus maridos, seja por seus chefes: “A mulher tem que ter amor próprio. As que suportam tudo, geralmente, são aquelas mulheres que não estudaram, depois casam e o marido faz o que bem entende com elas. É um problema cultural. Para fugir disto, basta que elas decidam virar o jogo e ir à luta”, responde Adriana, com determinação. Palavras de uma mulher que se considera bem sucedida na vida.
Cultural
Opinião diferente das demais entrevistadas, possui Ana Paula Buenas, 38 anos. Ana é mãe da jovem Juliana, 17 anos, e de Rodrigo, 19. Ana até acredita que a situação esteja melhor para o lado delas. Mas é categórica ao definir esta condição: “um pouco melhor”.
“Ainda tem muita diferença entre homens e mulheres. Os homens sempre podem um pouco mais. Não diria que o machismo impera, no entanto, ele ainda existe na sociedade”, salienta Ana Paula. Existe sim, e é cultural. Um exemplo?
Indagamos como Ana Paula lida na criação dos filhos. “O menino tem que segurar mais. Já ela a gente tem mais cuidado”, distingue. Outro: Juliana almeja o que a mulher desde que foi inventada mais desejaria: “Sonho em montar uma família. É importante ter uma família”.
Aos 19, Rodrigo explana: “Antes tinha a discriminação, mas hoje a mulher tem espaço. O problema é que elas querem mais, tanto que é difícil achar uma mulher séria, direita. Tudo isso é devido a liberdade excessiva dada pelos pais”, responsabiliza.
http://mulher-jornalagora.blogspot.com/2011/02/de-bandeja-nem-pensar.html
Aos 19, Rodrigo explana: “Antes tinha a discriminação, mas hoje a mulher tem espaço. O problema é que elas querem mais, tanto que é difícil achar uma mulher séria, direita. Tudo isso é devido a liberdade excessiva dada pelos pais”, responsabiliza.
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