16 de julho de 2011

Gerações que inspiram o ROCK

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É só conferir as atrações da aguardada edição do Rock’in’Rio e perceber: o rock está cada vez mais POP

Tão POP que hoje, com os novos representantes do estilo, assim apresentados pela grande mídia – Katy Perry, Rihanna, Lady Gaga, Ke$ha, por aqui, Restart, Cine –, torna-se difícil definir quando começa um e termina o outro. Já há quem o chame de “Pop n roll”. 

Ruim para quem sempre curtiu suas batidas pesadas e sonoridade original, ótimo para quem não o viveu de verdade, gosta de novidades e de seguir tendências.



Ritmo revolucionário, nascido para quebrar qualquer conceito musical até então existente, o Rock n Roll surgiu em meados dos anos 50, com raízes na música negra americana, em especial no Blues. 

Rotulado pelos conservadores de “música do diabo”, o rock precisou que um jovem branco, de voz potente e cheio de suingue, o tirasse dos guetos. Elvis Presley, considerado por muitos como o Rei do Rock, tornou o estilo irresistível para gerações inteiras, seguido nos anos 60 por Os Beatles, um quarteto de rapazes de Liverpool, que enlouqueceram plateias nos cinco continentes.


Mas, engana-se quem pensa que essa ‘popularização do rock’ começou agora. Nos anos 70, o rock atinge um público cada vez maior, já sendo produzido para ser consumido pelas massas. Sem perda de identidade, surgem bandas legendárias que lotam estádios em seus shows. 


Já os anos 80 são marcados por uma diversificação gradativa do rock. Embora muitas bandas deste período tenham cultivado o apelo contestador, típico deste ritmo, muitos críticos lamentam a descontinuidade ou descompasso do puro rock n roll. 




Surge, então, a onda Pop Rock e a New Wave, que passam a fazer sucesso ao ritmo de bandas, como The Cure, New Order, Bon Jovi, Talking Heads, The Clash, e The Police. No Brasil, bandas que fazem sucesso até hoje, como os Paralamas do Sucesso, Capital Inicial e Ira!

- Com certeza, o rock nacional dos anos 80 foi aquele que trouxe uma das maiores contribuições para a formação de uma “cultura musical”, não somente pelo cenário nacional da época, mas por tratar de questões importantes evidenciadas por conteúdos das composições de bandas como Legião Urbana, Titãs, Capital Inicial, entre outras -analisa o músico Carioca Feitosa. 

Nos anos 90, Nirvana fez o mundo reviver a magia e o veneno da “música proibida”. 


Junto e misturado


Com o início do novo milênio, o rock iniciou uma mutação popular constante, convivendo com estilos, influências e instrumentos musicais que se aliaram às guitarras, baixos e baterias. 

A fusão com praticamente todos os ritmos existentes - com elementos eletrônicos e até mesmo com o samba, ao suíngue de Jorge Ben -, disseminou a sua sonoridade para as novas gerações, mas também deixou a dúvida pairada quanto a sua identidade: se é autêntico e original, como pode soar tão POP? 

Como certa vez já proferiu Scott Weiland: "Não é mais sexo, drogas e Rock N' Roll. É crack, masturbação e Madonna".


Renovação? 


A mistura das variações do rock pode ser compreendida com o que ocorre com frequência no mundo da moda: o sistema precisa de renovação

A tática de jogar no mercado modelos que atraiam e embalem as novas gerações gera uma ruptura com o clássico, sem nunca esquecê-lo, mas cria também um novo vínculo que identificará a cultura vivida naquele período. 



Assim surgiram os emos e tantas outras manifestações. No entanto, rock brasileiro que agrade todos os gostos, este ficou perdido no tempo.

“Depois de certo tempo, uma geração é substituída por outra, transformando os seus gostos e preferências, deixando aos poucos de cultivar o produto que consumiam no passado, restando apenas um grupo seleto, fiel e seguidor daquele antigo gênero. É quando o mercado se renova e testa novas possibilidades”, analisa o sociólogo, Paulo Dias Haminn.

Happy Rock


Ricardo Confessori, baterista do grupo Angra, declarou na imprensa que Restart não é rock e sim “uma banda infantil”. Ele também disse que não proibiria o filho de escutar as músicas da banda, porém, “se ele só escutasse isso, acharia muito estranho”. 

Para o vocalista do Restart, o conceito de rock vai além das guitarras distorcidas, gritos e cara de mau. “Para tocar rock, não tem que ser mau. Não é preciso ter pegada forte. Rock é emoção. Escutamos Black Sabbath e, em seguida, colocamos a nossa emoção nas músicas”, defendeu-se. 


Além de “rock colorido”, Restart vem sendo classificado na mídia como uma nova variação do rock, o “happy rock”.


DIVAS DO POP




Faz tempo que as mulheres saíram dos bastidores e assumiram seu lugar de destaque no rock. Cada uma ao seu modo influenciou comportamentos, ditou estilos.

Um projeto papareia que promete alcançar destaque no cenário musical – o DIVAS DO POP  – produzido por uma das bandas locais mais aclamadas pelos amantes da boa música na região: a Tracy Lords.



Carioca Feitosa, líder e contrabaixista da banda, define que o projeto decorre de uma iniciativa voltada à valorização das músicas com vocais femininos que marcaram época e que são de grande preferência do público em geral. 

Divas do Pop foi pela primeira vez apresentado no dia primeiro de julho, com a pretensão de se tornar um dos trabalhos mais sólidos do grupo. 


“A fase atual é de seleção criteriosa do repertório, com a realização de ensaios semanais”, avisa Feitosa, que pela longa trajetória artística afirma extrair o que há de melhor em cada estilo sonoro. 


Sou eclético por natureza e procuro desenvolver projetos em que os estilos sejam valorizados e atendam às expectativas do público”.

Responsável por um dos primeiros estúdios na cidade, criado há 18 anos, e que hoje gerencia dezenas de bandas, Feitosa também atende pela produção de no mínimo cinco eventos dentro do Centro Municipal de Cultura Inah Emil Martensen, todos gratuitos. 

Além da banda cover Tracy, ele atua nos vocais e guitarras da Vampiros Nordestinos -grupo com canções próprias voltada ao estilo "Copy and Past Rock”. 


Nela, Carioca também responde pela autoria das canções. Somado a Vampiros e a Tracy, ele ainda atua no violão do grupo Som do Samba e o contra-baixo daTrashdândis.


E quando o papo é “mulheres no rock”, ele é taxativo: 



- Elas incorporam beleza e sensibilidade ao rock. Além disso, elas colocam muita afetividade em tudo o que fazem, ou seja, os projetos musicais com elas adquirem um toque especial, o que encanta o público. A natureza feminina contribui para o desenvolvimento das artes de modo geral. Muitas já se consolidaram e vão continuar sendo cantadas e recantadas por gerações, como Cindy Lauper, Madonna, Roxette, entre tantas outras - cita ele.



Sobre este “toque especial”, Feitosa detalha: 


- Noto que elas não ficam presas a determinadas tendências musicais e sabem, em algumas situações, contemplar melhor o que há de novo no mercado musical. Não há mais diferenças entre homens e mulheres, tampouco barreiras que não possam ser superadas - enfatiza. 


Movidas por música

 Elas não se consideram “Divas”, mas quando estão no palco, o preenchem como ninguém. Em Rio Grande, as papareias
Milene Cacciamani, 31 anos, e Karoline Saadi
, 22, se destacam como amantes da boa música e formam uma boa expressão do atual rock n roll.


Miss Blondie


Dos 17 anos de estrada da Tracy Lords, Milene já acompanha a banda na voz e violão há nove anos. O que mudou de lá pra cá? “[risos] Sete quilos a mais, menos cabelo, não menos tímida, porém mais "cara-de-pau", comunicativa, dando uma maior personalidade às interpretações, arriscando improvisações e o mais importante: ao lado de verdadeiros amigos”, enfatiza ela e incrementa: 

“As pessoas cantam no chuveiro, eu pude estar num palco compartilhando música com os meus amigos”.



Bióloga e professora do Ensino Médio no Instituto Estadual de Educação Juvenal Miller, deseja concluir pós-graduação e investir em concursos em sua área. 

Diva? “Não. Considero-me uma intérprete e fã das Divas”, fala ela, fã assumida de Deborah Harry (vocalista do Blondie), “pela atitude e personalidade nos palcos que perduram até hoje, sendo essa mesma característica de Shirley Manson (Garbage)”, responde.

De suas variações, Milene admira o rock anos 90, do tipo surf music. 
“Certamente foi o que eu mais ouvi na adolescência, tendo como exemplo Pixies e Smashing Pumpkins. Posso dizer que o rock, bem com outros estilos musicais, representam uma trilha sonora da minha vida; posso até dizer que é uma companhia, faço tudo ouvindo música”, observa ela.




Fã de bandas internacionais, cita Frejat ao escolher um intérprete brasileiro. Das atuais bandas locais, admite que sempre foi fã do trabalho de Paulinha (Paula Nascimento Greabin). “Ano passado conheci uma intérprete fantástica, a Killa Spencer, em um show no Larus Bar”, cita.

Nos palcos, ela afirma se sentir uma pessoa livre, pronta para se manifestar de várias formas. A música é sua diversão. 



“Sozinha não consigo pegar o violão, cantar e tocar; somos um grupo de amigos, de pessoas que encaixam seus timbres para obter um resultado. Com a banda, consigo me sentir livre através da confiança que tenho em todos eles, já nos conhecemos e sabemos como agir em qualquer imprevisto”, finaliza. 


Essência espontânea


Ex-vocalista da banda Outdate, Karol se mudou no início do ano para a capital gaúcha. Neste momento se dedica a outra área que gosta muita: a fotografia. Mas, também já faz planos de aprimorar suas técnicas, cursando Produção Fonográfica, ou ainda, Composição Musical na UFRGS. 

Apesar de estar afastada dos palcos, ela afirma: “Sou movida por música. Comecei a tocar com 14 anos e decidi que isso seria o que eu faria pro resto da vida. Como sei que é difícil conseguir estabilidade na área, vim pra Porto Alegre estudar e encontrar alternativas de viver do que eu gosto”, declara à jovem.



Afastada dos palcos sim, mas nem tão longe dele. Em março, atuou em dois shows como baixista da banda Transmission. O instrumento tem sido seu companheiro nos últimos meses. 

Sobre a separação da Outdate, Karol se revela bucólica: “estava complicado agendar ensaios e continuar a banda com o mesmo ritmo. Para não prejudicá-los, saí. Mas o CD de estréia ainda será lançado. Faltando poucos ajustes, creio que até agosto estará tudo pronto. Ainda quero gravar com eles outras músicas que não foram para o disco”, planeja ela.

Nos próximos parágrafos ela discursa sem meias palavras sobre o cenário atual do rock. Antes, porém, transmite o que este ritmo revolucionário representa em sua vida. “Basicamente: não tocaria se não fosse o rock”, pontua ela que começou tocando na bateria música de grupos consagrados, como Beatles e Ramones. 



“E não faz só parte do que eu gosto de tocar, faz parte de quem eu sou. A trilha sonora dos momentos mais importantes da minha vida sempre foi o rock. E acho difícil achar um estilo preferido: gosto do rock alternativo ao metal extremo. Tudo depende do momento”, garante Karol.


Como ela percebe o rock atual? “Parece que perdeu identidade. Parou de ser espontâneo para ser o que vende mais. Ainda me surpreendo mais com coisas do passado, conhecendo bandas antigas, do que as novas que acabam sendo cópias com baixa qualidade”.


Para Karol, a perda de originalidade do rock é também promovida pela mídia, que sempre acaba distorcendo tudo em nome de seus interesses. 

“Se a banda tem um visual mais "rebelde" é generalizada como rock. Eu não vejo nada de rock nessas bandas novas, principalmente nas brasileiras, não é porque tem um pouco de distorção na guitarra que vira rock automaticamente”. 



Quanto ao rock de verdade, Karol defende: “Nunca estará na mídia com a mesma intensidade que o "falso rock", porque a ideia não é torná-la mais um item de prateleira. Bandas locais são melhores, mais interessantes e com mais conteúdo do que as bandas da mídia.


Não sei se o mercado fonográfico no Brasil, um dia estará aberto ao rock de verdade. Uma banda nova que tenho ouvido muito é o Warpaint, mas de banda brasileira, sinceramente, não sei de nada. Até porque eu nunca fui uma consumidora de rock brasileiro”, confessa.




“Não gosto da ideia que muitas pessoas têm que o rock é só barulho, que não tem técnica, que não é preciso dedicação para tocar. E não gosto de bandas que fazem as pessoas terem razão de dizer isso. [risos] Música é sentimento. E se não se sentir o que está fazendo, não tem como ser bom”, diz Karol, que elege suas Divas: 

“Gosto muito da Dolores O'riordan (Cranberries) e Shirley Manson (Garbage). Mas, como sempre ouvi mais bandas com integrantes homens, então, minhas maiores influências tendem para o lado masculino”, avalia.

EXPRESSÃO

"Rock and Roll não se aprende nem se ensina" - Raul Seixas

"Se é para gravar uma entrevista que durará mais de duas horas; traga já uma garrafa de Jack Daniel's..." - Slash

"O Rock N' Roll retarda o envelhecimento!" - Bruce Springsteen

"Enquanto houverem garotos chateados, o Heavy Metal continuará existindo" - Ozzy Osbourne

"Nós não devemos ser responsáveis, nós devemos ser irresponsáveis (artisticamente falando)... o Rock N' Roll deve ser irresponsável" - Bono Vox

"No dia em que Jimi Hendrix morreu, larguei o futebol e resolvi ser guitarrista" - Joe Satriani

"Muitas pessoas pensam que uma música sem vocal não é música. Se você dissesse isso para Beethoven ele chutaria a sua bunda" - Eddie Van Halen

"Se começarmos a meter intelectualismo no Rock ele vai virar uma *Bobba*." John Lennon

"Algum dia eu ainda irei compor uma música que explique o que é fazer amor com 25 mil pessoas durante um show e depois voltar para casa sozinha” - Janis Lynn Joplin (1943 - 1970)

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