28 de novembro de 2009

Cheiros e Perfumes

Os cheiros são milenares e acompanham nossa trajetória de vida e a própria história da humanidade, que produziu os primeiros ao queimar plantas para fazer o fogo. Depois, vieram os odores obtidos com a extração de óleos e resinas com fins medicinais; mais um pouco e foi a vez da criação das essências usadas nas mumificações. Grécia, Egito e Pérsia guardam registros que atestam a história do perfume que, ao longo do tempo, foi se tornando cada vez mais sofisticado.

Crônica escrita pela editora Rosane Leiria Ávila
- E-mail: rosaneleiria@gmail.com
- Acesse: www.palavras-versus-palavras.blogspot.com

A origem da palavra perfume provém de uma expressão do latim “per fumum”, que significa “pela fumaça”, numa referência à propagação gasosa do aroma. Cleópatra costumava usar fragrâncias exclusivas em seus rituais de sedução. O primeiro tratado sobre cheiros com indicações de uso, orientações de como proteger o produto do sol, pois o calor altera o odor e validade, vem do filósofo grego Teofrasto, que criou um jardim botânico para esse fim.


Ao nascermos, já temos o contato com o primeiro cheiro: o cheiro da nossa mãe. Crescemos e vamos absorvendo cheiros vida afora: da infância, da adolescência, da primeira paixão, da maturidade e até da morte...

Há cheiros que jamais são esquecidos, como o cheiro da primeira escola, dos livros, da pasta, da caixa de lápis coloridos de cera... A primeira que ganhei no primeiro ano tinha um cheiro quase mágico, o que me fez ficar agarrada a ela quase a noite inteira...


Um cheiro pode nos remeter aos mais variados sentimentos como alegria, euforia, tristeza, saudade, nostalgia... Isso porque registramos e catalogamos em nossa memória o cheiro por fatos e épocas. Há os das roupas de estações definidas (inverno, verão); os da criancice, os dos bolos de laranja e de fubá; do café passando, do chocolate quente nas tardes frias de inverno... Do milho verde assando no fogão à lenha na casa da dinda... Do caldeirão de doce de figo fervendo no verão...

Tem o cheiro de terra molhada após a chuva que nos faz querer ainda mais bem ao planeta; o cheiro de maresia e do corpo besuntado de óleo de bronzear das férias na praia... O cheiro do vinho, da comida, da erva aromática, da fruta, da flor, do animal de estimação... O cheiro dos avós, do pai, da mãe, do irmão, do amigo...


Há aqueles que gostaríamos de esquecer porque nos entristece, ou os que bruxuleiam nosso encantamento e que desejaríamos ter sempre ao alcance do nosso olfato.

Enfim, tão infinito quanto o universo é o mundo dos cheiros, que vai e vem nos embalando numa ciranda cósmica, despertando sentidos e sentimentos... Um cheiro bom seduz, embriaga... Um ruim afasta, repulsa. Como as impressões digitais, cada um de nós possui um cheiro único, característico e por ele somos reconhecidos e lembrados...

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