28 de maio de 2011

A cavalgada das Anitas



POR BRUNO Z. KAIRALLA
- bruno.kairalla@gmail.com
- Fotos: Bruno Kairalla

Foi numa sagrada roda de chimarrão, na casa do tropeiro (local de pequenas reuniões e onde guarda-se os arreios junto às cocheiras), que um grupo de mulheres achou por vaidade que a mulher gaúcha deveria sair do anonimato, garantindo por direito o seu espaço. 

Assim, neste final de semana, a tradicional Cavalgada Feminina chega a sua 5ª edição. Iniciado em 2003, o evento, promovido pelo DTG Tropeiro do Rio Grande, aguarda para este domingo cerca de 30 cavalarianas inscritas.

O movimento começou tímido, quase desacreditado. A primeira edição contou apenas com a participação de um número não superior a oito mulheres. Entretanto, bastou alguns anos para que ele fosse encarado a sério por toda a sua comunidade. 

Na última edição, no ano passado, 29 cavalarianas saíram às ruas do bairro Bolaxa – onde está situado o DTG - percorrendo todo o balneário Cassino. O feito não só será repetido neste ano, como também provocou, ou melhor, impulsionou a criação do Piquete das Anitas – um grupo de montaria, composto por mulheres de várias faixas etárias. 

Nascido dentro do DTG, à iniciativa logo ganhou o apoio do patrão Ricardo da Silva Gonçalves. “Este novo movimento denuncia a força feminina dentro das casas tradicionalistas, pois elas também merecem seu lugar de destaque”, justifica ele.

“O Piquete foi criado com base em dois objetivos: o primeiro, cultuar as tradições, e o segundo agregar as crianças, por isso, além das Anitas de todas as idades, teremos também os Garibaldi piás”, explica Ana Maria de Oliveira Machado, aos 59 anos, uma das sócias do DTG Tropeiro do Rio Grande. O primeiro baile-jantar oficial do Piquete das Anitas está marcado para ocorrer no sábado do dia 11 de junho, na sede do DTG.


O prato da festa já foi eleito: risoto, salada de maionese e sagu de sobremesa. O evento oficial contará com a apresentação de invernadas de outros DTGs e também com a participação do conjunto tradicionalista, Aliança Fandangueira. “Este baile será a nossa oficialização pública do Piquete, em que se fará uma cerimônia para a identificação das Anitas, que receberão um destaque através de um lenço”, detalha dona Ana.

“O meu mundo é aqui há 13 anos”, expõe Ana Maria, que acompanhou boa parte da trajetória do DTG Tropeiro do Rio Grande, criado em 20 outubro de 1994. “É nos DTG que aprendemos o significado de compartilhar o espírito de família”, completa ela, mãe de um casal de filhos, os dois criados no Tropeiro. 


A sócia patrimonial do DTG acrescenta que convive com este espírito de invernadas desde os seus 15 anos e que foi neste centro que teceu os seus grandes laços de amizade. “Nada é mais construtivo do que preservar a cultura e suas tradições”, ensina uma das mais experientes das Anitas, que além da criação do grupo, observa com entusiasmo a realização de uma nova cavalgada.


Entre as cavalarianas deste domingo, está à microempresária Francine Merino da Silva (acima), 35 anos completos ontem, organizadora do evento e ao lado de sua mãe Vera, também uma das idealizadoras da iniciativa. “Minha paixão por cavalos vem desde a infância; meu sonho era ser veterinária, mas a vida tomou outros rumos. A relação com este animal é de afeto e carinho, pois é um ser vivo e merece respeito”, defende a bela representante das tradições gaúchas.  


Sócia do DTG Tropeiro do Rio Grande, Francine discorre sobre esse momento de avanço das conquistas femininas, presentes também por estes espaços que conservam tanto as tradições. No novo grupo Piquete das Anitas, ela será a posteira da invernada cultural. 

Para Francine, indagamos: Qual o papel da mulher hoje nas cavalgadas e no próprio DTG? O que mudou na sua função e compromisso de outros tempos? Segue a resposta:


Digamos que seu papel hoje é de destaque e companheirismo, onde confraternizamos com marido, filhos e amigos”.

Casada há sete anos com Hernandes Guerra Freitas, o Nando do Jipão, Francine também é a mãe do jovem Vinicius Galvão, de 13 anos. Para esta edição da Cavalgada, a microempresária que responde pela marca Só Bombachas, acrescenta que foram criadas camisetas e coletes para deixar de lembrança para as participantes. 

E por falar nos coletes, usados na captação das imagens desta presente reportagem, será com eles – usados por cima de uma camisa branca -, que as cavalarianas serão identificadas no percurso deste domingo. Para as interessadas em participar da iniciativa, o colete está sendo vendido a R$ 30.


A microempresária também conta sobre o que a moda acrescenta hoje aos looks femininos. “A moda oferece bombachas bordadas, vestidos para baile, botas, chapéus e acessórios delicados para abrilhantar a estampa gaúcha e feminina”, pontua.  No domingo, o grupo ainda promove um sorteio de dois pelegos de cores (marrom e cru) e outros três brindes, oferecidos pelo Bolicho das Pilchas, presente na Av Rio Grande, 18.

25 de maio de 2011

Fragilidade Masculina - A opinião nas ruas:

Uma nova geração


Prestes a completar um ano de namoro, no dia 13 de junho, Sabrina Batista Schmitz, 17 anos, e o carioca Patrick Leal Marinho, de 21, representam a nova geração de casais. 

Patrick concorda com a mudança de postura do novo homem e, como todos, assumi-se um cara mais sensível e preocupado em extravasar as suas emoções. “De forma geral, os homens estão mais abertos e mais sensíveis. Isso é bom para todos. Os casais estão aprendendo a se compreender melhor”. 


Não esconde e nem tem vergonha de dizer, por exemplo, que a última vez que chorou foi devido à última briga do casal, ocorrida em março. 

“Hoje, quando não concordo com alguma coisa sou o primeiro a reclamar. Não guardo nada”, assegura ele. Sabrina concorda e acredita que esta nova postura contribuiu para uma maior confiança de sentimentos entre o casal.

Felipe, o novo homem


Proprietários da Óptica Uarthe, o casal Leandro Goulart, 34 anos, e Marinês Uarthe, 30 anos, dividem as experiências do trabalho e aguardam há sete meses, a chegada do pequeno Felipe. Leandro reconhece a mudança de comportamento do homem, mas ainda acredita que pouco se encaixa na nova proposta. Como muitos, ele trabalha diariamente com o lado mais racional, porém, não deixa de compartilhar as emoções com a esposa. 

“Assim como a maioria, sempre que ele pode, nega que sente dor, mas quando não dá mais fica todo dengoso e sou eu quem passo a cuidar dele”, entrega Marinês, sobre os homens serem menos resistentes a dor física. 

Para o pequeno Felipe, o casal garante que existem lições mais valiosas a ensinar, do que os velhos conceitos de que “homem não chora, ou não pode isso ou aquilo”. “Queremos que ele tenha um caráter, que seja um homem honesto. Isto é mais importante do que qualquer outro conceito”, concorda o casal.

Abertos para os sentimentos


Eder Souza da Cruz, 32 anos, pela convivência há 12 anos com sua mulher, Priscila Wasyluk da Cruz, 28 anos, acredita que eles, por uma questão cultural, imposta por vários anos pela sociedade, ainda demonstram pouco os seus sentimentos. 

No entanto, não concorda com este comportamento. E explica: “Se tu te fechar para os sentimentos negativos, tu acaba também fechado para os positivos, deixando de demonstrar todas as tuas emoções. O diálogo é muito importante para que o casal se entenda mais”, avalia Eder.

Defesas masculina


“Assim como as mulheres, todo homem tem o seu ponto franco. A diferença é que eles não assumem, não admitem. Faz parte de sua defesa. Eles compartilham e demonstram os bons sentimento, mas os ruins ficam retidos. O homem tem mania de esconder suas emoções”, analisa o estudante de Direito, Brauner Paiva, 22 anos. 

“Na verdade, emocionalmente, somos todos um bando de maricas, que aos poucos estamos perdendo a vergonha de demonstrar nossos sentimentos, sem que isso fira a nossa masculinidade”, pontua Paiva, que apesar do machismo que ainda impera na sociedade, considera-se um homem mais seguro, menos resistente e receptivo as mudanças de comportamento. 

“Hoje não tenho vergonha de dizer o que sou, o que penso, mesmo não agradando os demais”, conclui o estudante.

24 de maio de 2011

A nudez da virilidade masculina


POR BRUNO Z. KAIRALLA
- bruno.kairalla@gmail.com
- twitter.com/bzkairalla

Ao lado de um agressivo exército feminino, a cantora Beyoncé surgiu na última quarta-feira, 18, através do clipe "Run the World (Girls)" - o primeiro single do novo álbum "4", que chega às lojas no dia 28 de junho próximo. 

Famosa pelo seu requebrado e por sua voz inigualável, no vídeo, Beyoncé esta à frente de um exército de mulheres de diferentes etnias, que avança em direção a um grupo de soldados homens, protegidos por escudos.




Gravado na Califórnia, sob a direção de Francis Lawrence, o clipe aborda o domínio feminino – “quem comanda o mundo? as garotas", repete a música como mantra – e ganha forma em coreografias que exaltam o poder e a força da sensualidade feminina perante os homens. 

Na letra, a mensagem da cantora é clara: 


Se você me odiar, minha persuasão pode construir uma nação. Poder infinito. A gente consegue devorar o amor. Você vai fazer qualquer coisa para mim. (...) 


Estou falando em nome das garotas que já dominaram o mundo (...) 


Assim como somos espertas o bastante para ganhar milhões, fortes o suficiente para lidar com as crianças e depois voltar aos negócios. 


Veja, é melhor não brincar comigo”. 



A música, que pela batida deve virar hit e tocar a exaustão nas rádios e em festas nas próximas semanas, figura um contexto histórico nunca antes visto: o ataque direto e declarado a imagem masculina





Muito se discute do comportamento feminino, de drogas e dos direitos de homossexuais, mas e o homem? Quem ele é, como pensa e o que quer? O conflito entre gerações e o silêncio de informações nunca foram tão distantes. 




O que conduz a um campo fértil para grandes erros, como, por exemplo, o cometido em maio último pela Bombril e a sua campanha publicitária AME – Associação das Mulheres Evoluídas, que ao sugerir o “adestramento” do homem em casa, conseguiu a máxima de despertar o repúdio do próprio público-alvo, o feminino. 

Além de esquecer que os homens atuais vão ao supermercado e possuem um potencial apreço por marcas, a empresa errou feio ao cometer o pior insulto a convivência humana: o estímulo a discriminação de gêneros, algo que elas tanto lutaram contra no passado.



Eles, claro, reagiram e acionaram o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária. Outros, porém, responderam com o mesmo erro grotesco: revidando contra as mulheres. 


Elas, por sua vez, questionaram qual o conceito de evolução a empresa teria adotado ao colocá-las no papel de autoritárias masculinizadas. 



- Em uma campanha, a Bombril conseguiu acabar com décadas de discussões sobre a igualdade entre homens e mulheres. Ela trabalha com o revanchismo e apenas atenua a guerra entre os sexos. 



- Não é copiando o masculino na sua pior parte - na agressividade, imposição e espírito para a guerra - que vamos chegar a um lugar bom e justo para todos - respondeu a blogueira Martha Dias.



E não foi só no Brasil. Nos EUA, a empresa de roupas David and Goliath pagou um preço alto por,em dezembro de 2003, lançar uma camisa com os dizeres: “Garotos são burros! Joguem pedras neles!”. 


Depois de uma campanha e da criação do movimento pelo “masculinismo”, a empresa foi obrigada a se retratar aos consumidores e a retirar o produto do mercado.




O novo homem 




Mas, a confusão do papel masculino não é fruto somente dos movimentos feministas, cada vez mais crescentes e apoiados pelas grandes mídias. 



Sufocados eles também foram pela própria liberdade sexual entre ambos os sexos, a independência e o sucesso da mulher no mercado e, consequentemente, na vida pessoal. 




O que conferiu a elas autonomia e poder de controle nas decisões. 


A preocupação agora, portanto, deve ser pela harmonia da diferença dos sexos e não pela indiferença de qualquer um deles. A hora, então, é de se reinventar. 




É o homem diante da figura de um novo homem – não menos viril e firme nos seus propósitos, porém, mais frágil e exposto emocionalmente. 


Saí à imagem do machão durão, inabalável, inquestionável e único provedor do lar, para nascer, então, o homem mais honesto, sensível e natural consigo, com o seu meio e também com as suas necessidades.





Para o renomado psiquiatra Carlos Aberto Martins de Castro, 69 anos, a competitividade no mercado de trabalho, a capacidade multifuncional e a independência das mulheres, trouxeram aos homens uma fragilidade inesperada e que hoje é diagnosticada dentro dos consultórios médicos. 


- Hoje eles apresentam um sentimento maior de angústia, desenvolvendo pânicos e fobias que eles não tinham anteriormente. Neste contexto, eles se tornaram mais ansiosos e até inseguros. 


- A impotência sexual diagnosticada hoje nos jovens de 30 anos é exatamente a fragilidade deles em manter um lar, conquistar o seu espaço no acirrado mercado de trabalho e manter o equilíbrio da família, a mulher satisfeita com ele - avalia o médico.

Foto: Bruno Kairalla

Resistentes na hora de procurar um médico, eles geralmente são conhecidos por reprimir suas emoções ou não exteriorizar seus sentimentos.

E a ciência já comprovou: os homens morrem mais cedo do que as mulheres. A média mundial revela: são sete anos a menos do que elas. E não adianta fazer piadinha não, o assunto é sério. 

Para o cardiologista, Rui Peixoto, diante a uma doença, "os homens, usam um dos primeiros e mais primitivos mecanismos de defesa do ego: a negação. Entre as causas do adiamento da consulta médica, em primeiro lugar está o medo. Em seguida, a vergonha é o motivo mais freqüente para adiar a ajuda profissional, pois admitir a doença pode parecer inferioridade". 



Carlos Alberto acrescenta: - Os homens continuam achando que procurar um médico é um sinal público de fraqueza, carregando angústia, ansiedade e sofrendo depressão.


Com relação à procura pelo apoio psicológico, o médico é pragmático: - Nos consultórios, a cada 10 mulheres, um ou no máximo dois são homens - enfatiza Castro. - Entretanto, com relação às drogas, os homens procuram mais o amparo - adiciona ele. 


O médico afirma ainda que, geralmente, os dois sexos reagem quase que da mesma maneira quando recebem notícias ruins sobre sua saúde. - O que muda é o nível de comprometimento delas após a notícia - aponta ele. 



Naturais e flexíveis 




Carlos Alberto acredita que os principais benefícios desta mudança de comportamento, é que o homem está se tornando mais natural e flexível em sua essência. 



- Ele está deixando de viver dentro de uma capa fictícia e está descobrindo que quanto mais natural for, melhor será para se relacionar com ele e com as pessoas que estão ao seu arredor, demonstrando sentimentos antes desagradáveis e pejorativos, como chorar, admitir que sente dor e que também possui dificuldades de enfrentar desafios - expõe.




Com quase duas décadas de atuação na psiquiatria, Castro considera que o homem ganha em adquirir mais flexibilidade emocional para administrar as necessidades da empresa e da família. 


- Os homens modernos não tem medo de usar cor de rosa - brinca ele ao mostrar a cor do aparelho celular, no término da entrevista.



Homem que não chora, morre 

Foto: Deyver Dias

Atuante há 18 anos na área da psicologia, a experiente psicóloga e especialista em Gestão de Recursos Humanos, Sonia Maria Garcia Maciel, 54 anos, discorre sobre as consequências de reprimir os sentimentos, comparando seus efeitos a uma panela de pressão


- O estresse, os sentimentos reprimidos, contidos, as frustrações, mágoas, as raivas, tudo isso vai se somando dentro desta panela, que, como toda, possui sua válvula de escape. 


- Para que "esse ar" saia de forma saudável, teríamos que resolver esses conflitos, aprender a conhecer mais a si mesmo, e assim adquirir a paz interior, bem como a harmonia entre corpo e mente. 
- Mas, normalmente, isso não acontece, e no homem é mais frequente por serem racionais demais. Porém, de alguma forma essa pressão tem que sair, por que se isso não acontecer ou se chega à loucura ou a morte. 


- Às vezes essa morte é súbita, em outras se desenvolve algum tipo de doença. Defesas imunológicas baixas também acabam levando a morte”, reforça a psicóloga.

Para Sonia, os tempos mudaram, mas a sociedade ainda vive sob os reflexos do machismo do passado. 



- Ainda hoje se ouvem essas frases “homem não chora” ou “tal atitude não é coisa de homem”, com frequência de crianças nas escolas, sendo que as consequências desses valores passados são justamente a repressão dos sentimentos. 


- O não expor se estou sofrendo por amor, por dor, por perda, etc. Então, a nossa panela de pressão já começa o seu processo de fervura para acionar a válvula de escape mais tarde na fase adulta - observa ela.




A psicóloga ainda responde por que os homens são menos resistentes a dor



- Ele procura lidar com seus sentimentos racionalmente, tem muita facilidade de racionalizar, dar uma explicação lógica a tudo para que amenize o sofrimento da alma. 


Diante da dor física, não conseguem agir dessa forma, então, passam a sentir-se impotente em confronto com a dor, fazendo com que haja uma potencialização da mesma.

E por que para eles é tão difícil viver só, sendo mais dependentes? 



- Ainda é comum para eles sair da casa da mãe somente quando vão viver junto com a parceira. Então, a figura da mãe protetora passa a ser substituída pela companheira. 


A atenção e a preocupação que lhe é dedicada, as cobranças feitas, tudo isto traz mais segurança. No momento em que estão morando sozinhos sentem-se meio que abandonados, desamados e por isso procuram logo alguém para dividir o espaço.


Entre diferenças 





- As mulheres são as que mais somam dívidas quando as prestações chegam até R$ 500. Acima deste valor, os homens são os maiores devedores. A pesquisa foi desenvolvida pelo SPC Brasil.

- Pesquisa O Observador 2011, encomendada pela Cetelem BGN à Ipsos Public, apontou que, na maioria dos casos, a mulher é a chefe de família da Classe C – com renda média familiar de R$ 1.338 e que de 34% em 2005, pulou para 53% em 2010, tornando-se a maior do país, acima das Classes AB (21%) e DE (25%). Para a Classe C, os principais gastos são com o supermercado, o pagamento de crédito e aluguel.

- Lembra a conhecida expressão de mulher mal amada? Pois saiba que os hormônios também afetam a vida dos homens. “A falta de testosterona faz com que eles fiquem deprimidos, mal-humorados, sensíveis e sofram da síndrome da irritação masculina”, aponta o cientista Gerald Lincoln, funcionário da Unidade de Reprodução Humana de Edimburgo, na Escócia.

15 de maio de 2011

Crônica: A VINGANÇA É UM PRATO


Dizem muitos que a vingança é um prato que se come frio, saboreado ardilosamente. Coisa para ser feita ao longo do tempo, marinada pela mágoa e arrematada pelo ressentimento. Fazem a cobrança tardia de coisas que não permitiram que o tempo apagasse. Vingativos convictos são esses seres capazes de dormirem muitas noites e acordarem com mesma idéia e disposição na cabeça. Esses tipos persistentes, ardilosos, que passam anos a fio bordando e tecendo reações não são numerosos, para nossa grande sorte.
A maior parte do universo dos vingativos é composta das pessoas vingativas que são dadas a reações imediatas, atos menos pensados, pouco elaborados. São os que agem no calor das emoções, com a cabeça quente, ao estilo “bateu levou”, tão em voga em situações cotidianas bem banais. Gente que não parece perdoar nada, que revida qualquer coisa que lhe pareça ter sido ofensiva: não levam desaforo para casa. É para eles uma catarse: explodem, revidam e se despojam de sua ira. Devoram o prato da vingança cru e quente. Quando a cabeça esfria e o coração se acalma conseguem refletir e até se arrepender dos atos cometidos.
Desejos de vingança pessoais fazem parte das falhas humanas e quando, causados por amores feridos ou não correspondidos, são fáceis de entender. Muita gente que procura psicoterapia (ou deveria procurar) sofre desses sentimentos mal resolvidos e só supera seus problemas quando consegue desfazer-se da ladainha da vingança que enreda sua vida ao novelo de situações passadas. Perigosas e bem mais graves são as vinganças que se transformam em atos, e mais graves ainda quando ensejadas de forma coletiva, promovidas por nações.



As ações vingativas não colaboram para a paz. Não é revidando ofensas ou praticando crimes que se constrói um mundo melhor. A barbárie nunca foi companheira do entendimento e da fraternidade. Essas ações que vem de longe (e de cima) parecem distantes, mas reforçam outras formas de agir e pensar, nas quais o revide se torna legítimo. São um péssimo modelo e um mau sinal. Estaremos coletivamente aceitando a violência, a arbitrariedade e a vingança como formas legítimas de justiça? Se assim for, estamos retornando ao tempo da barbárie, do olho por olho, dente por dente; do lavar a honra com sangue e outras coisas do gênero.
Vingança é um prato indigesto e venenoso. Carregado das toxinas da raiva, dos venenos das emoções negativas, não combina bem com a vida e com o caminho do bem, embora continue sendo oferecido em variadas formas no self-service de nossa existência. O mundo estará melhor quando desarmar corações, pensamentos e atitudes; quando for alimentado por uma dieta leve, regada a fraternidade ampla, geral e irrestrita. Por enquanto, continuamos muito longe disto.

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Crônica: O meu Jardim da Babilônia



Sou abençoado, possuo 21 árvores gigantes e espécies de flores raras. Sem contar os pássaros, pombas e ate gaviões e abelhas que me visitam toda manhã. Quando tomo meu café com leite, comendo frutas e, da minha sacada, admirando esta visão de paraíso. Mas agora estou no sofá da sala. Minha dor de cabeça começou. Novamente. Mesmo eu tendo um imenso e lindo jardim.
Daqui do meu sofá, vejo que meu flat esta um caos. Tenho muita louça por lavar, guarda roupa para organizar, banheiro por faxinar. Estou exausto e decidi ligar a TV por uma hora. Comecei a ficar longe. E longe, não é o meu lugar. Eu vivo “o aqui”. Eu sei que existem dois jeitos de enxergar a vida: o jeito cruel. E a maneira poética. Eu prefiro esta última. Minha família me ama e nunca briguei com ninguém. Então, não há razão nem por que. Tendo isso em mente, lembrei... Tomar banho é uma boa maneira de pensar na vida, e... Lavar louça será uma boa forma de reflexão. Se eu passar o rodo no chão, então, será uma sessão de psicanálise para mim. Lá fui eu. Fiz. Deixei tudo brilhante.


Gosto de ver que quando desarrumamos os objetos, facas, garfos, isqueiros, toalhas, eles parecem inimigos, mas, no fim, como eles concordam entre si! E são tão amigos, quando a gente posiciona eles nos devidos lugares. Tudo parece ficar mais em paz. Claro, ate que chegue o próximo vendaval.
Voltei para o sofá e abri meu janelão: enxerguei o jardim com a noite caindo. Tudo limpo e os pássaros voltando para seus ninhos. Para se aquecerem ou fazerem mais amor. Por que não?...O telefone tocou. Era aquele certo alguém. Com noticias não muito boazinhas para mim. Cogitei beber. Ficar de ressaca. Quebrar espelho. Nada disso fiz. Notei como o caos e o belo podem existir lado a lado. A tristeza e a beleza.
Os desejos, então, parecem sempre incompletos. Obviamente, minha dor de cabeça voltou. Que quando eu amanheça amanhã, os colibris a levem para bem longe de mim.

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14 de maio de 2011

Etiquetas de roupa íntimas deverão trazer alerta à saúde

Roupas íntimas terão de ser vendidas com etiquetas que alertarão contra câncer de mama, de colo de útero e de próstata. O projeto de lei que prevê a nova regra foi aprovado nea última terça, 10, de forma conclusiva, pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados. Como o projeto já havia passado pelo Senado, o texto seguirá para a sanção presidencial, caso não haja recursos no prazo de cinco dias. 

Além de modelos bonitões, como o ator Kellan Lutz, no Brasil, marcas de roupas íntimas terão que chamar a atenção dos consumidores também para questões de saúde!
O projeto foi apresentado pelo ex-deputado Barbosa Neto (PMDB-GO) e tramita no Congresso desde março de 1999. Pela proposta, as cuecas de tamanho adulto terão de trazer uma etiqueta com advertência sobre a importância do exame de câncer de próstata para os homens com mais de 40 anos de idade. 






Também será obrigatória a fixação de mensagem em calcinhas no tamanho adulto sobre "a importância do uso de preservativos como forma de prevenção do câncer de colo de útero e da realização periódica, por todas as mulheres com vida sexual ativa, de exames de detecção precoce dessa doença". 





 






Nos sutiãs, a etiqueta deverá alertar sobre a importância do auto-exame dos seios para detecção precoce de câncer de mama, além de informações sobre como fazer o exame. 






O projeto prevê ainda uma série de punições para as empresas que descumprirem a regra, como apreensão do produto, suspensão da venda ou da fabricação, cancelamento de autorização de funcionamento da empresa e proibição de propaganda. O Ministério da Saúde irá definir como será a aplicação e a fiscalização da nova regra. Após a sanção presidencial, fabricantes e comerciantes terão 180 dias para se adaptar à novidade. 


Fonte: Folhapress