15 de maio de 2011

Crônica: O meu Jardim da Babilônia



Sou abençoado, possuo 21 árvores gigantes e espécies de flores raras. Sem contar os pássaros, pombas e ate gaviões e abelhas que me visitam toda manhã. Quando tomo meu café com leite, comendo frutas e, da minha sacada, admirando esta visão de paraíso. Mas agora estou no sofá da sala. Minha dor de cabeça começou. Novamente. Mesmo eu tendo um imenso e lindo jardim.
Daqui do meu sofá, vejo que meu flat esta um caos. Tenho muita louça por lavar, guarda roupa para organizar, banheiro por faxinar. Estou exausto e decidi ligar a TV por uma hora. Comecei a ficar longe. E longe, não é o meu lugar. Eu vivo “o aqui”. Eu sei que existem dois jeitos de enxergar a vida: o jeito cruel. E a maneira poética. Eu prefiro esta última. Minha família me ama e nunca briguei com ninguém. Então, não há razão nem por que. Tendo isso em mente, lembrei... Tomar banho é uma boa maneira de pensar na vida, e... Lavar louça será uma boa forma de reflexão. Se eu passar o rodo no chão, então, será uma sessão de psicanálise para mim. Lá fui eu. Fiz. Deixei tudo brilhante.


Gosto de ver que quando desarrumamos os objetos, facas, garfos, isqueiros, toalhas, eles parecem inimigos, mas, no fim, como eles concordam entre si! E são tão amigos, quando a gente posiciona eles nos devidos lugares. Tudo parece ficar mais em paz. Claro, ate que chegue o próximo vendaval.
Voltei para o sofá e abri meu janelão: enxerguei o jardim com a noite caindo. Tudo limpo e os pássaros voltando para seus ninhos. Para se aquecerem ou fazerem mais amor. Por que não?...O telefone tocou. Era aquele certo alguém. Com noticias não muito boazinhas para mim. Cogitei beber. Ficar de ressaca. Quebrar espelho. Nada disso fiz. Notei como o caos e o belo podem existir lado a lado. A tristeza e a beleza.
Os desejos, então, parecem sempre incompletos. Obviamente, minha dor de cabeça voltou. Que quando eu amanheça amanhã, os colibris a levem para bem longe de mim.

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