30 de novembro de 2011

Donas de seus destinos



Por Bruno Z. Kairalla
Fotos: Arquivo Pessoal/Divulgação

Nem sempre viver a experiência de viajar sem companhia é um mar de rosas. Como tudo, tem sim lá as suas desvantagens. Entretanto, quem já aderiu a este novo comportamento, já visível e interessante ao mercado, garante que também suas recompensas.

Livros bem interessantes como “Viaje Sozinha”, de Flávia Julius e Maristela do Valle, e o mais conhecido, as “100 viagens que toda mulher deve fazer”, de Stephanie Griest, reforçam em suas páginas, por exemplo, a ideia de que toda mulher deveria viajar sozinha pelo menos uma vez na vida, em nome do autoconhecimento

Perceber, ao viajar consigo mesma, a grande diferença entre estar sozinha e ser solitária. Nos próximos parágrafos, nossas entrevistadas relatam suas histórias e nos contam como é viajar livre da preocupação alheia.

Em comum, as três se enquadram no pensamento do escritor Marcio Kühne:

‎"Três coisas que devemos praticar diariamente: rir, refletir e buscar algo que emocione intensamente. Daqui vinte anos, você estará mais desapontado pelas coisas que não fez que pelas que fez. Então, solte as bolinas e navegue para além da segurança do porto. Deixe o vento te levar. Explore. Sonhe. Descubra”. 

AS AVENTUREIRAS

Explorar cada cantinho


Oficial de justiça aposentada, Sueda Zdradek, 55 anos, não perde a oportunidade de quando está fora de sua cidade, conhecer “cada cantinho dos lugares que visita”. Viaja sozinha, livre de interferências, sugestões, no entanto, sempre conhece novos destinos em grupos. “Já retornei para diversos lugares, mas sempre em grupos diferentes”, aponta ela. E assim, Sueda resume sua paixão: “Acredito que viajar é um vício saudável, que todos deveriam adquirir”

- Viagens realizadas: Já fiz muitas viagens dentro do Brasil e algumas para fora. Destas, destaco o pacote "Gaúchos na Europa", em que conhecemos os principais pontos turísticos de Portugal, Espanha, Itália, Suiça e França. Uma viagem para o Canadá, também foi muito interessante. Um cruzeiro para Ushuaia (Argentina), onde se cruzou o Cabo Horn, Estreito de Magalhães, Ilhas Malvinas (Falkland Islands), tendo o prazer de apreciar os Fiordes Chilenos.


- Vantagem: Explorar os locais que despertam meu interesse sem depender da vontade de outra pessoa.

- Desvantagens: A única é que os pacotes turísticos sempre oferecem o apartamento duplo e é necessário ter alguma afinidade com a pessoa que divide um apartamento.

- Reação das pessoas: Muitas pessoas viajam sozinhas atualmente, principalmente mulheres. A reação é muito boa. Nos grupos de viagens se adquire bons amigos.

- O melhor da experiência: Você se sente mais segura, descobre que consegue se sair bem nos mais diversos ambientes.

- O que não pode faltar em cada nova viagem: Bom humor. Quando saímos para uma viagem precisamos estar preparados para todas as situações. Os contratempos são normais, porém, é preciso achar graça no imprevisto.

- Lugares que ainda pretende conhecer: Não tenho um limite. Pretendo conhecer o máximo possível.

Sem dependências



A empresária e rio-grandina, Élida Margarida Machado Varela, 42 anos, garante que quando decide embarcar numa nova viagem não se permite fazer cobranças. “Apenas vou de pura e espontânea vontade; se tenho vontade de ir eu vou sem dependência de ninguém”, sinaliza.

- Viagens realizadas: Lisboa (Portugal), Madri, Barcelona, Zaragoza (Espanha), Roma, Veneza (Itália), Paris (França), Suíça, Buenos Aires (Argentina), Punta Del este (Uruguai), Paraguai e Brasil (Recife, Pernambuco, Fernando de Noronha, Santa Catarina, Mato grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro).

- Vantagem: A maior delas é que sempre fazemos novas amizades.

- Desvantagens: Não vejo nenhuma.



- Reação das pessoas: Algumas me falam que sou corajosa em viajar sozinha.

- O melhor da experiência: Aprendo um pouco da cultura, da língua e do respeito necessário e que existe em cada lugar.

- O que não pode faltar em cada nova viagem: Fazer amizades e compras.

- Lugares que ainda pretende conhecer: Grécia, Amsterdam, Nova York, Los Angeles, Egito, Dubai, entre outros.


Em entrevista para a revista portuguesa Glamorous Woman, a jornalista Júlia Antunes Lorenço, 26 anos, fez uma série de declarações sobre mulheres que viajam sozinhas, contando também suas inúmeras experiências. Na reportagem ela fala do espanto das pessoas quando sabem que viaja sozinha e que é comum ouvir delas, a pergunta: “mas você não tem medo?”. 

Júlia explica que toma várias precauções, como avisar a família e deixar seus contatos, sempre que parte para um novo destino. A repórter guarda na memória vários episódios engraçados e até criou um blog [poisnemcheguei.wordpress.com] para não se sentir sozinha: “Era um espaço onde eu dividia tudo o que estava vivendo”.


- Vantagens: Para ela, o principal é aprender a fazer frente aos obstáculos: “Você tem desafios a toda hora e no final vê que é capaz de superá-los. Ainda mais sendo mulher, que por muito tempo, foi vista como o sexo frágil. Quando saí de Londres, para voltar ao Brasil, mal dormi a pensar nas três malas que teria que levar sozinha desde a estação de metro até ao aeroporto. E no final foi tudo muito simples. Pedia ajuda a todo o mundo e todo o mundo me ajudou! Você faz o seu horário, caminha ao seu ritmo, para e descansa o tempo que quiser”.

- Desvantagens: “O ter de se preocupar com todos os detalhes, não ter ninguém para dividir aquele momento tão especial nem para comentar como as coisas são lindas. Também deixei algumas vezes de entrar num restaurante para almoçar ou jantar, porque não me sentia à vontade por estar sozinha. Outra coisa que me incomodou muito foi o fato de não ter ninguém para me fotografar. Eu amo fotos e sou daquelas que repara se o objeto está bem enquadrado, não corto os pés das pessoas e essas coisas. Quando você viaja sem ninguém, tem de pedir a alguém para fotografar e às vezes as fotos saem horríveis,” conta ela com uma gargalhada.


Júlia Lourenço é a primeira a aconselhar todas as mulheres a abraçar esta experiência: “Antes de ir li que todas as mulheres, pelo menos uma vez na vida, têm de fazer uma viagem sozinha e eu acho que é bem por aí. Você sente-se capaz, independente e no fim, garanto, dá um orgulho enorme. Confesso que muitas vezes bateu-me o desespero e pensei ‘O que estou a fazer aqui sozinha?’ Acho que tornei-me mais independente e acabei por descobrir que sou uma pessoa corajosa”, conclui.

Com o foco nelas
Responsável pela Mega Viagens Turismo, nosso colunista colaborador Júlio Santana comenta a criação de pacotes criados sob o título de “Só Para Mulheres” – em que o único homem é o motorista do ônibus. “Esse ano nossa gerente Katia Cadaval teve a ideia de criar o Montevideo Só para Mulheres. Este grupo foi se solidificando e hoje elas programam encontros mensais em que outras mulheres se interessam e participam”, salienta ele. O que, conforme o empresário, vem resultando na formação de novos grupos. “O bom desse tipo de publico é a diversidade de produtos que podemos oferecer. Algo que vai de um simples Gramado a um transatlântico para a Europa, por exemplo”, acrescenta.

No mercado desde março de 2007, a empresa afirma que está de olho neste público que gosta de viajar livre da família e aponta que conta com passeios programados para estas pessoas no próximo ano. “Hoje o publico alvo é este. Desde o início temos como um de nossos objetivos atingir este cliente que estava solto no mercado, atendendo todas as classes. A excelência no serviço e no roteiro é o nosso foco. Fazer do cliente não um mero passageiro e sim um amigo”, evidencia.

“Hoje nossa empresa já é um dos nomes mais lembrados no segmento de Turismo sendo referencia na metade sul do Estado. Recentemente, ganhamos o premio TOP MSC Cruzeiros, sendo a agência que mais vendeu cruzeiros na região sul do estado. Também estamos entre as 10 agências da empresa CLM Operadora Turística que mais vendem pacotes para o Nordeste”, observa e concluí o empresário.


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