Texto e fotos-reportagem:
Agradecimento especial:
Kátia Valdez
Esqueça a questão espiritual. Se você acredita na energia universal presente em tudo que gera, pulsa e rege nossas vidas, você vai conhecer nesta presente edição uma terapia que restaura e fortalece o equilíbrio natural de pessoas, plantas e animais. Apesar de pouco difundido e ainda coberto por muitos mitos, o Reiki já vem sendo utilizado em hospitais, tanto no Brasil como no exterior.
Considerado uma terapia alternativa e complementar aos tratamentos convencionais, o governo já estuda a possibilidade de utilizar o Reiki dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). “O Reiki não é magia; ele é uma transmissão de energia fornecida pela Fonte Universal, origem de todas as coisas”, explica a rio-grandina Marilene (foto abaixo), mestre e professora reikiana, responsável por inaugurar na tarde deste sábado, 19, o espaço Reiki Luz.
Baseada na canalização da energia universal, através da imposição das mãos, o Reiki é uma terapia holística (que trata o ser como um todo) e visa estabelecer o fluxo normal da energia no organismo. “O Reiki é o equilíbrio entre os níveis físico, emocional, mental e espiritual, que possibilita manter o indivíduo saudável”, resume Marilene.
Localizado ao centro da cidade – na rua Canabarro, 237 – o espaço conta com a atuação de um grupo voluntário e composto por 26 reikianos. Decorado nas cores, branco, lilás e violeta, além da sala de recepção, a casa dispõe de três ambientes: sala de estudos e prática de meditação; sala de seminários e iniciações; e a sala de aplicação da terapia.
Para celebrar o início de suas atividades, foi convidado o mestre da Escola Brasileira de Reiki (EBR), André Gabriel Conceição, que ministrará uma palestra para iniciantes do assunto no anfiteatro do Hospital Universitário da Furg, a partir das 14h deste sábado, 19.
Serviço
- O que: Palestra com André Gabriel Conceição, mestre da Escola Brasileira de Reiki (POA)
- Quando: Sábado, 19 de março
- Horário: Das 14h às 17h
- Local: Anfiteatro do Hospital Universitário
- Investimento: R$ 20
- Realização: Espaço Reiki Luz (General Canabarro, 237)
- Informações: (53) 9976-3643
- E-mail: sgomes@vetorial.net
ENTREVISTA
Marilene em 30 segundos
- Oi, meu nome é Marilene dos Santos Gomes, nasci em Rio Grande há 61 anos. Sou formada e especializada em Métodos e Técnicas da Língua Inglesa pela Furg. Sou casada há 38 anos com Edmar Gomes e tenho dois filhos, uma nora e um neto, que me proporcionam muitas alegrias. Comecei a exercer minha atividade como professora de Língua Inglesa há 40 anos. Dei aulas para colégios como o Juvenal Miller e o Lemos Júnior. Hoje sou proprietária de uma pequena escola, onde ainda leciono. Desde cedo, demonstrei grande paixão pela arte de aprender - o que permanece até hoje. Quando algo não corresponde ao meu entendimento, busco respostas que ampliem os meus horizontes.
Mulher Interativa – Qual a origem da palavra Reiki e como ele pode ser definido?
Marilene dos Santos Gomes – Reiki significa “energia vital universal”. É uma técnica japonesa que se utiliza da imposição das mãos para transmitir energia e agir nas partes afetadas do campo energético. Transforma, assim, energias em desequilíbrio em energias benéficas.
Um dos benefícios do Reiki é, por exemplo, desbloquear nódulos energéticos causados pelo estresse, má alimentação, sentimentos inferiores ou pensamentos desarmoniosos.
Através do equilíbrio energético, sua aplicação harmoniza e produz um relaxamento do corpo, gerando bem-estar físico, mental e emocional. O reikiano é apenas um canal que, ao transmitir energia, também é beneficiado.
O sistema Reiki é conhecido como Usui Reiki Ryoho ou Sistema Usui de Cura Natural e foi criado pelo monge budista Mikao Usui, no século 19.
Mulher – O que despertou o seu interesse no assunto?
Marilene – O Reiki surgiu da necessidade de me ajudar. Depois, a procura pela energia do Reiki começou a se intensificar, surgindo uma grande vontade de aprofundar o meu conhecimento. Segui esse chamamento interior e desta vez não só para ajudar a mim mesma, mas também a outras pessoas.
Assim, busquei formação na Escola Brasileira de Reiki (EBR), após contato com outros mestres também importantes na minha formação como reikiana. Descobri, com o Reiki, minha responsabilidade para comigo mesma e para com o meu próximo.
Mulher – Como foi a sua formação na Escola Brasileira de Reiki?
Marilene – Minha busca, entre outros caminhos percorridos, todos importantes, conduziu-me à Reiki Alliance, uma associação internacional que preserva até os dias atuais os ensinamentos do Reiki tal como chegaram ao Ocidente no final dos anos 30.
O contato com a R.A. veio ao encontro do meu principal objetivo: conhecer o Reiki a partir de suas raízes no Ocidente, sem as inúmeras mudanças introduzidas desde que chegou à nossa cultura.
Minha caminhada levou-me ao contato com o reikiano mais antigo do Ocidente, o mestre John Gray e sua esposa Lourdes, residentes nos Estados Unidos, que gentilmente responderam às minhas perguntas ajudando-me a prosseguir nas minhas pesquisas.
Estava sempre atenta ao chamado interior e tinha certeza de que, se estivesse buscando algo para o meu crescimento, esse algo apareceria. Confesso que, por vezes, me sentia desestimulada. Mas algo me fazia continuar. Fui assim encontrando inspiração nas palavras de Einstein, quando disse: “no meio de qualquer dificuldade encontra-se a oportunidade”.
Em abril de 2010, encontrei o mestre de Reiki André Gabriel Conceição, da Escola Brasileira de Reiki (EBR), em Porto Alegre. Foi quando comecei a me aproximar daquilo que motivou as minhas buscas de mais de um ano.
Fui iniciada como mestre de Reiki da EBR e esta formação me deu condições para iniciar novos reikianos e também novos mestres/professores de Reiki. Assumi, a partir daí, o compromisso de ensinar o Reiki, assim como o ensina a escola à qual pertenço. Acredito que cada um escolhe o sistema que melhor se adapte a sua caminhada e é isso que nos faz crescer.
Mulher – Um pensamento que melhor defina sua perspectiva de vida hoje?
Marilene – Novamente cito Einstein: “Aprende com o dia de ontem, vive o hoje e espera pelo amanhã. A coisa mais importante é não deixar de fazer perguntas”.
Mulher – Quais são as áreas beneficiadas por este sistema?
Marilene – O Reiki age nas partes afetadas do campo energético do indivíduo, restaurando o fluxo de energia e elevando o nível vibratório da pessoa que o recebe. É o equilíbrio nos níveis físico, emocional, mental e espiritual que possibilita manter o indivíduo saudável. Por ser uma terapia holística - que trata o ser como um todo - estabelece o fluxo normal da energia em todo o organismo, restaurando o equilíbrio e possibilitando condições para o bem-estar do indivíduo.
Mulher – O Reiki substitui um tratamento médico?
Marilene – O Reiki não substitui um tratamento médico. É um tratamento complementar que pode ser aliado à medicina convencional. Pode ser definido como uma terapia energética cada vez mais usada na área da saúde, em que médicos e enfermeiros são iniciados para a sua aplicação.
Importante frisar que a terapia Reiki já é utilizada em vários hospitais e clínicas, tanto no Brasil como no exterior. Cito apenas alguns exemplos: Hospital de Base de Brasília, Hospital Albert Einstein, em São Paulo e o Grupo Hospitalar Conceição no Rio Grande do Sul.
O reconhecimento do Reiki vem crescendo consideravelmente, chegando, inclusive, à criação da Política Nacional de Práticas Integrativas Complementares, que prevê a inclusão do Reiki como uma terapia a ser utilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Mulher – O que é importante não confundir quando se menciona esta terapia?
Marilene – Considero que o equívoco maior é julgá-lo como religião ou associá-lo a qualquer tipo de crença religiosa. O Reiki tem natureza espiritual, mas não é uma religião. Se já temos uma religião, qualquer que seja, devemos continuar a praticá-la. O Reiki não é magia; Reiki é transmissão de energia fornecida pela Fonte Universal, origem de todas as coisas.
Mulher – Como se tornar um reikiano?
Marilene – O método é simples e pode ser aprendido através de um seminário, após o qual se passa por um processo de iniciação. Esse processo é realizado por um professor-mestre de Reiki habilitado, que despertará no aluno a capacidade de tornar-se um canal da Energia Universal, que passará a fluir bastando para isso colocar as mãos sobre si mesmo ou sobre outra pessoa, animais ou plantas. A sintonização é um ritual profundo e um momento de grande emoção para quem passa por essa experiência.
Após uma iniciação, o reikiano passa a fazer parte de uma linhagem de mestres. É como se fosse uma árvore com vários ramos e que em que cada ramo está representado por um mestre, como didaticamente explica a professora Zeli Teixeira.A cada novo mestre iniciado, essa cadeia se expande.
Linhagem é a lista de mestres que vieram antes de seu mestre. Todas as linhagens têm o seu valor, mas é importante saber a linhagem do mestre de Reiki como forma de conhecer qual é a linha histórica do seu conhecimento.
A Associação dos Mestres e Terapeutas Reiki de Brasília descreve o mestre de Reiki como “um estudioso que tem um grau elevado de conhecimento e que sempre está aberto ao que é novo com a finalidade de investigar, verificar o que precisa ser atualizado e ir em frente, sempre se renovando, aprendendo (...)”.
Mulher – Quanto tempo leva esta formação?
Marilene – No mínimo, um ano e meio. Porém, o tempo correto mesmo é de dois anos. O trabalho de um mestre reikiano requer muito estudo e uma preparação duradoura.
Mulher – Como terapia reconhecida, qual o custo do tratamento?
Marilene – Existem várias opiniões e muitas divergências. Há quem se posicione a favor da cobrança das sessões de aplicação de Reiki, argumentando que o dinheiro proveniente de tais aplicações seria disponibilizado para despesas com estudos, cursos, estrutura de trabalho, etc.
Há, ainda, quem argumente que, sendo o reikiano um canal de transmissão de energia, não deveria gerar custos para quem recebe esse benefício, uma vez que a Energia Universal está disponível para todos.
No espaço Reiki Luz, assim como em outros grupos de Reiki, o trabalho é gratuito. Investimos em cursos para aperfeiçoamento contínuo, a fim de aprimorar cada vez mais o nosso conhecimento e metodologia de ensino. Temos despesas com aluguel, manutenção da casa, luz, água, mas, por opção nossa, fazemos um trabalho sem custos.
As despesas são todas cobertas pelas pessoas que se engajaram ao grupo e que, num total desprendimento e autodoação, em apenas dois meses organizaram o espaço Reiki Luz. Somente cobramos os seminários realizados como meio de contribuir para a manutenção da casa.
Mulher – Qual o projeto social do espaço Reiki Luz?
Marilene – Temos em andamento, desde o ano de 2010, um projeto de assistência às crianças, adolescentes e bebês do Orfanato Maria Carmem. Nossos alunos ligados à área da saúde estão realizando um trabalho de aplicação de Reiki que tem ajudado muito a comunidade.
Pretendemos ampliar essa terapia divulgando-a em hospitais, assim como para a comunidade rio-grandina, a exemplo de muitas cidades no Brasil. Em 2011, estamos desenvolvendo um projeto que contempla as iniciações de Reiki para crianças.
Gostaria de dizer, ainda, que, a Câmara Municipal de Pelotas, nossa cidade vizinha, já reconhece a terapia Reiki na rede pública de saúde. Almejamos também ter, em Rio Grande, a prática do Reiki formalizada e reconhecida como um trabalho social.
Mulher – Alguma consideração?
Marilene – Sendo uma terapia que trata, também, o lado espiritual, o Reiki precisa de uma reforma íntima, ou seja, de uma mudança de pensamentos e atitudes para que possam surgir resultados positivos de mais longa duração. Lembremos que, sendo o nosso pensamento energia, ele cria realidades. Assim, “somos o que pensamos”. É neste sentido que devemos buscar a nossa reforma íntima.