9 de agosto de 2010

Os 35 anos do AGORA



Fotos-reportagem: Bruno Kairalla


Criado em 24 dezembro de 1962, “O Peixeiro” foi o periódico responsável por dar vida própria ao Agora lançado audaciosamente em 20 de setembro de 1975. Audacioso, pois não era o único da cidade a disputar a simpatia de seus leitores. Hoje, porém, é o único que nela se concentra e se detém.

E não só porque dedica a maior parte de seu conteúdo ao que de fato se firma nesta terra, mas porque dela encontra as suas origens. O jornal da terra e de um genuíno espírito familiar, típico rio-grandino.


Aos 78 anos, seu idealizador, Germano Toralles Leite, jamais imaginaria que lá atrás, há quase 48 anos, seu Peixeiro pudesse chegar tão longe.

Ao abrir as portas para o Agora, O Peixeiro lançou sua aposta: inaugurou um espaço autêntico para contar o dia a dia de um povo que semeou a vida deste Estado.


Seu precursor e ainda hoje o diretor-presidente da empresa, declarou quando foi homenageado em 2009 pela Unidos da Rheingantz: “O Peixeiro é como um filho e o Agora meu neto” – disse ele, recuperando o fôlego depois de passar pelo Sambódromo Municipal, ao som do samba-enredo “Do Sonho à Realidade – Agora: Uma História de Sucesso”.

Assim, desse jeito envolvente e familiar que em 2010, o jornal voltado a sua terra chega à sua “Boda de Coral”, ou melhor, aos seus mais maduros 35 anos.


35AGORA
Apresenta:

Ilustres Papareias
Um retorno a quem faz a nossa história!


Aos 35 se vive e se vê de tudo.

Passa-se por amores, tragédias, conquistas, alegrias e perdas.

Cada um faz sua história, conta e a escreve como bem entende.

Mas e quando somos responsáveis por contar e escrever a história dos outros?

A proposta desafia cada repórter que da sua realidade reconstitui em palavras, cenários, personagens, bem como, o próprio tempo.

E sem a sua participação, por exemplo, impossível seria produzir uma reportagem, seja você uma das fontes de informação ou um mero figurante de uma imagem.

Aos nossos protagonistas, uma nova série para reviver, aprofundar ou confrontar tudo aquilo que compõe o seu atual universo. Bem vindo!


Há 10 anos, a página 04 da seção “Cidade”, hoje Geral, prestava a homenagem: “Banca do Cebolinha completa 20 anos”.

Patrícia Lima assinava a matéria publicada em 2 de junho de 2000, abordando num curto e concorrido espaço, a rotina de um autêntico rio-grandino que vem acompanha com entusiasmo os reflexos do ritmo frenético que, ao contrário de outrora, expande-se com força por sua terra.

O Dono da Banca


Conhecido como Cebolinha ou K-Fão, poucos sabem o identificá-lo por Oscar Sidnei Matos Garcia, 64 anos.

Proprietário da banca de revistas próxima ao pronto-socorro do hospital Santa Casa de Misericórdia, a Banca do Cebolinha surgiu por conta do modelo de sua primeira estrutura. Pequena, o formato assemelhava-se ao legume utilizado para dar sabor especial à comida.

Porém, começaremos do início! A introdução, ele mesmo narra: “Em 31 de janeiro de 1947, nascia um lindo bebê que se chamaria Oscar”, brinca ele, que já soma 50 anos de comércio.


Sua trajetória profissional começa aos 13 anos, no extinto varejo Wigg, onde vendia tintas para automóveis e eletrodomésticos. Também foi operador nos cinemas da cidade, garçom e juiz classista pelo sindicato dos comerciários.

Atuou também dentro da famosa Tabacaria Lages, localizada à rua Marechal Floriano, em frente a praça Xavier Ferreira, hoje também extinta. Esta, ele sinaliza, “era a mais antiga do Brasil”, e lhe rendeu uma farta rede de amigos, além de muitas experiências. “A Lages era um ponto de encontro entre amigos.


Lá se reunia gente influente, gente simples, e demais pessoas que cultuavam o hábito de rever os conhecidos e conversar”, acrescenta. Na tabacaria trabalhou por 34 anos. Nela, já vendia os primeiro exemplares do Jornal Agora. Entretanto, como ele mesmo diz, “sou do tempo em que O Peixeiro era distribuído na entrada dos cinemas da cidade!”.

Aos oito anos, produzia o vinho artesanal com o seu avô português. Com a separação de seus pais, aos 14 anos decidiu morar sozinho numa pensão. Foi quando aprendeu a viver em busca de seus sonhos e desejos.

Aos 14, já morava sozinho numa pensão. Dois anos depois, casou. Com sua esposa, uma mulher de fibra e com quem compartilha 46 anos de vivências, teve três filhos, dois homens e uma mulher. Já é avô de duas netas.


Costureira, sua mulher, o substitui na banca sempre que necessário. Funções que diga-se de passagem, ela domina muito bem, já que, com a ajuda dos filhos, foi responsável pela metade do tempo de sua existência.


E pelo que vimos, a neta de 12 anos também adora ajudar! Um simples telefonema e Oscar, “todo bobo”, conta: “Minha neta adora vender os cartões; ela gosta de vir e ficar com a avó”.

Cebolinha


Voltando um pouco na história, ainda na Tabacaria Lages, Oscar conheceu o Dr Frazão, então diretor da Santa Casa. Foi ele quem o ajudou no processo de obtenção do alvará da pequena banca que se tornaria em três décadas conhecida na cidade.

Assim, em 1º de junho de 1980, a banca iniciou suas vendas. Há 15 anos, ele se dedica a extensa jornada de trabalho que pode durar até onze horas. O almoço é feito ali mesmo, num dos rápidos intervalos do seu ambiente de trabalho.


O crescimento de sua banca corresponde de certa forma ao crescimento de Rio Grande nestes 30 anos de atuação. Sempre no mesmo local, esta é a sua quarta banca. Diferente da primeira, a atual em nada lembra uma cebola.

Sua preocupação, principalmente, aos clientes que atende logo evidencia o empreendedor: “Os clientes merecem contar com a melhor estrutura e um melhor atendimento”, orgulha-se ele, ao olhar com carinho para o espaço que guarda bons trechos de sua trajetória.

Para todos


De lá já viu e ouviu de tudo. Pessoas de várias faixas etárias que passam para entrar nos dois hospitais da região ou mesmo na loja em frente. Pessoas que falam ao celular ou no telefone público e por vezes, falam, ou melhor, literalmente desabafam com ele.

Outros, reclamam do tempo, do atendimento e da vida. Otimista, responde com autenticidade o que pensa sobre o assunto levantado. Sinceridade e forte personalidade. Assim formou a sua rede, os seus clientes, que de carro mesmo logo param e gritam um oi e puxam uma conversa.


“Conversador nato”. Seu Oscar, tem assunto e opinião para tudo. Através da profissão, acompanha também os movimentos da cidade. Conta detalhadamente as mudanças que ocorreram na estética da rua em que trabalha, a Paranaguá. Também vive e sente o salto econômico pelo qual vem passando a cidade. Quanto ao desenvolvimento, também é otimista. “Acredito e estou percebendo as mudanças”, pontua.

Máquinas


Seu lazer é cuidar de suas máquinas. Por elas, tem um carinho todo especial. Seu fusca tem a fama de um astro de cinema: o Herbie, dos filmes da Disney. O dele, claro, não teria outro nome mais apropriado do que “Cebolinha”. Com ele, participa e integra o Veteran Car Clube.


Além disso tem duas motos, uma delas exibe com orgulho: uma Kasinski que comprou há um mês. “Esta eu nem botei na estrada ainda!”, afirma. Aliais, por uma brincadeira do destino, a entrevista para esta matéria foi realizada na terça passada, 27 de julho, Dia do Motociclista.


Além das máquinas, acreditem: seu Oscar pilota também o fogão e nele se define como um “cozinheiro metido”, daquele que mistura sabor ao seus pratos e também é aluno de cursos voltados ao gênero.


Modesto, diz apenas que sabe, mas que não é um “expert”, apesar dos relatos afirmarem o contrário. Diretor Gastronômico do Sindicato dos Varejistas! “Não sou pouca coisa, viu!”, diverte-se ele.


“O Agora é original da terra, ninguém toma o seu espaço no coração dos rio-grandinos”. O papareia que mistura sua vida profissional à nossa, quando instigado sobre o que mais gostaria de ver estampado na capa do Agora, responde: “Sport Clube São Paulo na primeira divisão! Isso me basta, o resto é o resto”, evidencia ele, que confessa já ter torcido também pelo Rio-grandense.

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