
E se é para falar em rosas, talvez seja a hora de prestar uma rápida homenagem a quem se consagrou por ser, há mais de 25 anos, um dos maiores representantes delas: o famoso “Tio das Rosas”, como é conhecido por onde passa, ou o seu José Hugo Fila, de 58 anos.
Morador do bairro Profilurb II, José Hugo recebeu a nossa equipe em sua humilde casa. Das rosas ele retira o sustento, contribuindo para que o clima romântico inspire casais apaixonados nas noites rio-grandinas.
Com uma vida marcada pelas adversidades, José Hugo é natural de Novo Hamburgo, mas ainda bebê foi deixado pela mãe, que o deu para uma importante família de Santa Vitória do Palmar.
Aos 15 anos, mudou-se para Rio Grande quando o Município ainda era conhecido como a “Cidade das Chaminés” e também pela forte promessa portuária. No porto trabalhou por alguns anos, enfrentando serviços pesados.
Foi casado por 11 anos. Do casamento, a dificuldade de ter filhos. “Tivemos três filhos, mas eles ainda morreram quando novos”, explica. Só depois que o casal procurou ajuda espiritual é que então os dois filhos vingaram. “Pela promessa que fizemos, os nomes escolhidos para eles foram Adão e Eva”, comenta ele sobre a ironia do destino.
Adão, a exemplo de seu pai, atua também como vendedor de rosas.
- Só que ele vende em casas noturnas populares da cidade e eu em restaurantes -, estabelece o avó de quatro netos.
Ainda sobre as dificuldades, ressalta que já passou dias sem ter o que comer e não esconde que já teve que caçar passarinhos para sobreviver. Nas frias noites, ele vende em média 100 rosas.
A experiência faz com que logo no início saiba se a noite será ou não lucrativa. Cada rosa, artificial, embalada pelo próprio vendedor, custa R$ 5. Com o tempo, o “Tio das Rosas” também aprendeu a ter rebolado quanto aos clientes que se incomodam com a sua presença.
- Muito já discuti, pedi educação. Hoje, apenas viro as costas e saiu -, afirma.
Ainda sobre as vendas, ele elege às sextas-feiras como o melhor dia da semana.
- No sábado as pessoas seguram mais o dinheiro -, observa.
Sobre as noites papareias, ele fala sem muita empolgação:
- Não foi só o clima de romanstismo que diminiu; as próprias pessoas estão mais individualistas. Na verdade, a noite de Rio Grande morreu há 10 anos -, percebe.
Sobre o perfil de seus clientes, aponta:
- Quem gasta mais é o pobre. Da classe média para baixo -, ressalta.
Por fim, ainda discorre sobre uma das coisas que mais o emociona quando lembra dos seus mais de 25 anos de profissão.
- Muitos clientes se tornaram amigos e o mais legal foi que passei a acompanhar a história deles. Como sempre encontro as pessoas pelos restaurantes fico sabendo que de uma rosa o relacionamento resultou em casamento ou mesmo em separação -, fala ele, aos risos.
Neste Dia dos Namorados, seu José, o Tio das Rosas, estará vestido a rigor. Convidado, ele participará do jantar romântico que será realizado no Ipiranga Atlético Clube.
Tudo por conta do prestígio que obteve em sua trajetória, através dos perfumes de suas rosas.


.jpg)


.jpg)
.jpg)
Nenhum comentário:
Postar um comentário