12 de junho de 2010

Com vocês, o “Tio das Rosas”

E se é para falar em rosas, talvez seja a hora de prestar uma rápida homenagem a quem se consagrou por ser, há mais de 25 anos, um dos maiores representantes delas: o famoso “Tio das Rosas”, como é conhecido por onde passa, ou o seu José Hugo Fila, de 58 anos.


Morador do bairro Profilurb II, José Hugo recebeu a nossa equipe em sua humilde casa. Das rosas ele retira o sustento, contribuindo para que o clima romântico inspire casais apaixonados nas noites rio-grandinas.


Com uma vida marcada pelas adversidades, José Hugo é natural de Novo Hamburgo, mas ainda bebê foi deixado pela mãe, que o deu para uma importante família de Santa Vitória do Palmar.

Aos 15 anos, mudou-se para Rio Grande quando o Município ainda era conhecido como a “Cidade das Chaminés” e também pela forte promessa portuária. No porto trabalhou por alguns anos, enfrentando serviços pesados.


Foi casado por 11 anos. Do casamento, a dificuldade de ter filhos. “Tivemos três filhos, mas eles ainda morreram quando novos”, explica. Só depois que o casal procurou ajuda espiritual é que então os dois filhos vingaram. “Pela promessa que fizemos, os nomes escolhidos para eles foram Adão e Eva”, comenta ele sobre a ironia do destino.

Adão, a exemplo de seu pai, atua também como vendedor de rosas.

- Só que ele vende em casas noturnas populares da cidade e eu em restaurantes -, estabelece o avó de quatro netos.


Ainda sobre as dificuldades, ressalta que já passou dias sem ter o que comer e não esconde que já teve que caçar passarinhos para sobreviver. Nas frias noites, ele vende em média 100 rosas.

A experiência faz com que logo no início saiba se a noite será ou não lucrativa. Cada rosa, artificial, embalada pelo próprio vendedor, custa R$ 5. Com o tempo, o “Tio das Rosas” também aprendeu a ter rebolado quanto aos clientes que se incomodam com a sua presença.

- Muito já discuti, pedi educação. Hoje, apenas viro as costas e saiu -, afirma.


Ainda sobre as vendas, ele elege às sextas-feiras como o melhor dia da semana.

- No sábado as pessoas seguram mais o dinheiro -, observa.

Sobre as noites papareias, ele fala sem muita empolgação:

- Não foi só o clima de romanstismo que diminiu; as próprias pessoas estão mais individualistas. Na verdade, a noite de Rio Grande morreu há 10 anos -, percebe.

Sobre o perfil de seus clientes, aponta:

- Quem gasta mais é o pobre. Da classe média para baixo -, ressalta.


Por fim, ainda discorre sobre uma das coisas que mais o emociona quando lembra dos seus mais de 25 anos de profissão.

- Muitos clientes se tornaram amigos e o mais legal foi que passei a acompanhar a história deles. Como sempre encontro as pessoas pelos restaurantes fico sabendo que de uma rosa o relacionamento resultou em casamento ou mesmo em separação -, fala ele, aos risos.

Neste Dia dos Namorados, seu José, o Tio das Rosas, estará vestido a rigor. Convidado, ele participará do jantar romântico que será realizado no Ipiranga Atlético Clube.

Tudo por conta do prestígio que obteve em sua trajetória, através dos perfumes de suas rosas.


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