18 de outubro de 2010

E no final, tudo são notas...



Há dois anos, 14 mulheres entre professoras e funcionárias do I.E.E. Juvenal Miller se reúnem para cantar. Ambientadas em lidar com as notas dos alunos na escola, elas tiram de letra as notas das canções que farão parte das apresentações do Grupo Vocal. Extravasam emoções, deixam aflorar sentimentos e se divertem, numa saudável terapia (Foto: Deyver Dias-JA)

Profissão? Educadora. Lazer? A música.

Por André Zenobini
Fotos: Arquivo Pessoal e Deyver Dias

O que aconteceria se um grupo de mulheres resolvesse se reunir? Um chá da tarde? Uma roda de negócios? Falar sobre o trabalho, filhos ou marido? Nada disso! O Mulher Interativa desta semana conversou com 14 mulheres que se reúnem há dois anos para cantar. São professoras e funcionárias do Instituto Estadual de Educação “Juvenal Miller”. E que, juntas, formam o Grupo Vocal.




No último dia 15, comemoramos o Dia do Professor, profissão fundamental para o crescimento e desenvolvimento de uma nação. São esses profissionais que marcam a nossa história durante nossa infância e adolescência e que serão lembrados por toda vida por cada um de seus alunos.
Mas, o dia a dia de uma escola é bastante complicado e que em um único turno diversas situações acontecem. Isso tudo acumulado a mais um ou dois serviços acaba por tornar a vida de uma pessoa quase que insustentável. Todo mundo necessita de um lugar de lazer, um espaço para extravasar as emoções, os sentimentos e se divertir. Seja em um espaço público ou privado, é direito de todo ser humano ter um momento onde a ordem seja a alegria.
 


E é assim, que as 14 mulheres, professoras e funcionárias que formam o Grupo Vocal do Instituto Estadual de Educação “Juvenal Miller” construíram esse espaço. Surgido no final do ano de 2007 por um pedido da direção da escola, o grupo efetivamente começou seus ensaios no ano de 2008. Há dois anos, juntas, elas revelam o quanto essa reunião é importante para o bem estar de cada uma. “O grande valor é o prazer que isso nos traz, é bom fazer e esse prazer a gente devolve para os outros”, acredita Nilza Ribeiro Xavier, uma das participantes do coral.


 
O começo
A história do Grupo Vocal começou em 2007 durante um jantar comemorativo ao dia dos professores, quando a idéia foi levada até a direção da escola. “Sentíamos a necessidade de ter um espaço onde pudéssemos nos reunir”, afirma a maestrina Giovana Suita. O grupo, efetivamente começou suas atividades no ano de 2008 quando passou a ensaiar todas as segundas-feira no auditório da escola.
Mesmo tendo no repertório músicas nacionais e internacionais, elas afirmam que gostam mesmo é de cantar o melhor da Música Popular Brasileira. Sobre a escolha das músicas garantem que não existe confusão. “Acreditamos na nossa maestrina” concordam elas. Para Giovana, “o regente é um catalisador; ele escuta cada um e também coloca suas opiniões. O regente serve para colocar as idéias a diante, sempre considerando uma parte mais técnica”, explica.
Com dois anos de atividades o grupo se mantém o mesmo, unido. “Tivemos algumas pessoas que foram embora e outras que entraram, mas o grupo basicamente é o mesmo”, conta Suita. Organizar um único horário para 14 pessoas com agendas distintas é uma tarefa difícil. “Eu entrei depois, nunca conseguia conciliar meu horário, até que consegui e para mim isso é uma realização”, afirma Cristiane Rocha, uma das participantes.


 
Harmonia
Para que um grupo musical funcione, as notas, vozes e os instrumentos precisam trabalhar juntos. Mas, e quando este grupo funciona apenas por vozes? A maestrina responde: “O coral é uma voz só, é harmonia, trabalho em conjunto, a gente depende de todas para que tudo dê certo”.
E o Grupo Vocal não é harmonizado apenas no compasso musical. O clima entre elas é de alto astral. Maria Rosa Pachetti, uma das integrantes, diz que: “Este trabalho abre portas, e possibilita novas amizades”.

Terapia
Mesmo com diversos trabalhos e uma rotina de ensaios, a família se torna um importante apoiador dessa atividade. “A família participa bastante, é um momento de diversão”, afirma a maestrina. As dificuldades do dia a dia acabam tornando esses momentos de encontros como um espaço onde tudo que aconteceu pode ser esquecido e apenas a música possa ser lembrada.
Momentos como esse podem servir para fazer a pessoa descansar: “É um embate todo dia, com alunos, pais, com a correria e é nesse espaço que a gente desacelera” afirma a professora Nilza Xavier. O reflexo desses encontros para quem deles participa é descrito pela professora Maria Fernandes Silveira como “Uma carga muito grande conviver com a gurizada e esse momento funciona para nós como uma terapia”. 

  

Futuro
Elas já se apresentaram em diversos eventos como jantares de aniversário da escola, recitais e no Encontro de Vozes da Primavera da Escola de Belas Artes Heitor de Lemos. “Em cada apresentação sempre dá aquele frio na barriga, mas eu tiro os óculos e não vejo mais ninguém; e aí acontece” conta Angela Beatriz Vitoria.
A maestrina Giovana Suita explica que o Grupo Vocal “não cobra cachê” e é voltado para os eventos culturais da cidade. “Apresentamos-nos em eventos culturais, escolas e onde nos convidarem”.
Sobre o futuro, concordam que não irão buscar espaço em bares, “a música é importantíssima, nos preocupamos com nosso público, e nosso objetivo é apenas cultural e um espaço de diversão”, afirma Suita. 

  

Professora x cantora
Para o aluno que está acostumado a ver a professora diariamente em sala de aula, muitas vezes pode parecer estranho o fato de vê-la como uma artista no palco. Porém, elas acreditam que os alunos aceitam esse trabalho e até mesmo gostam. “Não existem duas personagens: a professora e a cantora; é a mesma pessoa e eles se surpreendem em ver outros aspectos da docente e acabam gostando”, explica Nilza Xavier.

Próximo evento
Para quem quiser conferir o trabalho do Grupo Vocal poderá fazê-lo assistindo a uma apresentação no próximo dia 20, no 8º Recital Poético-Musical do Instituto Estadual de Educação “Juvenal Miller”. Este ano, o evento tem como tema os 30 anos sem o compositor Vinícius de Moraes. “Teremos no repertório algo focado no tema do evento; iremos homenagear Vinícius”, promete a maestrina.
Entre as composições que irão mostrar está a canção “Ela é Carioca”. A entrada é gratuita e o evento inicia a partir das 20 horas. 

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