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Alegria: a fonte do sorriso
Por Bruno Kairalla e Karol Ávila
- Sugestões: bruno.kairalla@gmail.com
- Fotos: Bruno Kairalla/Divulgação
Família reunida, jogo de futebol, matar a saudade, um dia de sol. Ela está nas pequenas coisas do nosso dia a dia.
Escondida, por trás, ou mesmo diante daqueles sorrisos mais abertos, sinceros e nos gestos mais honestos, como um piscar de olhos, um carinho no rosto, no abraço ofegante, tão cúmplices e confortantes.
A alegria é o estado de espírito capaz de transformar e colorir a vida. Ela nos renova, nos faz crianças. Um momento de motivação, que nos faz sentir vivos, que nos torna imãs das energias positivas e também disseminadores de felicidade.
Ontem, 28 de abril, foi celebrado no país, o 3º Dia Nacional da Alegria, uma iniciativa ainda recente, idealizada em caráter nobre pelo Sistema Integrado Nacional de Parques e Atrações Turísticas (Sindepat), que nessa data abrem suas portas e atendem grupos de crianças carentes, para que os pequenos cidadãos sejam inclusos no mundo dos parques temáticos e, é claro, na diversão garantida.
Mas e você? Já parou para pensar na importância da alegria em sua vida? Ou no que de fato gera este estado de espírito? Talvez ainda não. Seu significado pode ser encontrado de diversas formas por milhares de pessoas e os benefícios que essa sensação de prazer nos trás são fortalecedoras.
Em Rio Grande, um grupo que sabe muito bem disso é o grupo teatral Fingini, que inspirados no filme “Patch Adams - O Amor é contagioso" e "Doutores da Alegria", têm como objetivo tirar o sorriso de pessoas. Uma tarefa difícil mas realizada com muito amor e com resultados certamente muito valiosos. Confira!
“O sorriso é tudo o que queremos”
Momentos pesados, estressantes e até mesmo de muita angústia, são comuns a todos. E com toda a certeza o que mais se precisa nessas horas é de alguém que possa não só nos confortar, mas também trazer mais ânimo e motivação.
Foi pensando nisso que o grupo teatral Fingini, através do projeto de extensão intitulado Raiz do Riso, criado no final do ano passado, propõe momentos de alegria aos pacientes do Hospital Universitário (HU) da Furg e também por outras entidades carentes.
- "O sorriso é tudo que queremos. Para rir é preciso abrir a boca, mas para sorrir é preciso também abrir o coração. Visitamos locais onde as frustrações, tristezas e ansiedades então presentes o tempo todo".
- "No momento em que um paciente hospitalizado minimiza sua dor para nos dar atenção e retribui as nossas expectativas com um sorriso, um gesto de carinho como um beijo nos sentimos totalmente realizados. Saímos do local com a certeza de que fizemos o nosso melhor para o melhor do outro -, afirma a trupe que faz, também, visitas a asilos e orfanatos.
Para a idealizadora e coordenadora do grupo Fingini, Aline Gonçalves, 26 anos, a experiência mais marcante ocorreu na primeira visita do grupo ao HU, em 27 de dezembro do ano passado.
- Uma menina que estava internada se dirigiu a uma das integrantes do grupo como "Gordinha". Esta integrante fingiu que ficou magoada e fez uma expressão de tristeza. Neste momento, a menina olhou para ela e disse: "Não fica triste, eu quis dizer que tu é gordinha, por que tens comida em casa. Eu sou magrinha por que não tenho -, recorda.
- Neste momento todas ficaram surpresa com a resposta de menina, porque ela usou um argumento triste dela, mas não como lamentação, e sim como uma forma de não magoar outra pessoa. Não demonstramos no momento, mas quando saímos ficamos pensando no que ocorreu -, comenta a estudante de Ciência Contábeis da Furg.
O grupo revela ainda que as vezes não é nada fácil a missão de levar alegria as pessoas "Há situações difíceis cuja a internação já dura muito tempo e a patologia em sí é mais delicada, mas conquistamos o sorriso aos poucos, com o tempo".
Comentam também a lição pessoal acrescentada por esse projeto "Sempre existirá problemas maiores que os nossos, mas ver e rever esses problemas é o que nos dá força para seguir em frente e fazer o bem".
Com intuito de distribuir ainda mais felicidade, o grupo tem projetos futuros de comprar uma Kombi para facilitar a ida aos hospitais da região como Pelotas, São José do Norte, Santa Vitória e Chuí.
E sobre o Dia Nacional da Alegria, os voluntários deixam uma mensagem: "Para nós, a Alegria é sorrir e se emocionar com pequenas coisas que muitas vezes as pessoas deixam passar despercebido", expõe o grupo.
>> "SÓ NO BLOG" - A ENTREVISTA
Como tudo começou
- “Conversando com o enfermeiro Eder Portes, comentei que tínhamos um grupo de teatro, na qual fazíamos animações, peças e esquetes teatrais. Foi quando ele me deu a ideia de fazer Clown de Hospital. Começamos a buscar pessoas interessadas em trocar a plateia do palco italiano, por outro tipo de plateia, na qual nos é que vamos até ela.
- Vimos os filmes do Patch Adamns, Doutores da Alegria; estudamos e pesquisamos livros e artigos relacionados ao tema “palhaço em hospitais e outras entidades. Montamos o projeto e fomos apresentar ao professor Gibbon para torná-lo projeto de extensão. Em 27 de dezembro do ano passado, foi o nosso primeiro dia dentro do hospital, a partir dai começamos a ir duas vezes por mês”.
1) Já houve casos em que por mais que vocês tentassem levar alegria, não conseguiram tirar o riso do paciente?!
Aline - Sim, e quando isso acontece insistimos mais um pouco com a brincadeira, mas as vezes não obtivemos o resultado esperado que é o riso. Muitas vezes quando entramos algumas nos olham com indiferença-tipo os adultos-nos fazem perguntas, criticas e mesmo nao rindo essas qdo estamos indo embora, nos abanam, ENTÃO MISSÃO CUMPRIDA, houve o retorno de certa forma.
2) Qual o tipo de paciente ou pessoa MAIS DIFÍCIL, quase impossível, de conquistar a sua alegria e porque?!
Aline - Dizer que uma pessoa é dificil esta indo de encontro ao nosso ideal que é levar Alegria, mas Há SITUAÇõES dificeis cuja a internação já dura muito tempo e a patologia em si é mais delicada.
Tivemos uma experiência com uma menina de 13 anos de idade, internada há alguns meses onde sua doença abalou seu estado emocional e psicologico. Ela tiva vergonha de seu estado físico e muito baixa auto estima.
Mas conquistamos seu sorriso aos poucos. No primeiro encontro não conseguimos um riso. No segundo contato conquistamos sua confiança. Já em um terceiro momento sorriu e cantou cantigas infantis conosco. Saímos de lá realizadas.
3) "Hospitais, orfanatos e asilos para levar arte circense, cultura e alegria aos funcionários e internados". A apresentação, bem como a linguagem, é diferenciada para cada ambiente frequentado pelo grupo? Qual desses ambientes exige um desdobramento, uma performance maior, mais elaborada e porque?!
Aline - Sim. Realizamos reuniões e oficinas para nos prepararmos para cada local de visitação. Tudo é discutido. Quais cantigas podemos ou não cantarolar, pois temos que ter cuidado para não ferir ninguém, por exemplo, não podemos cantar "eu vou, eu vou pra casa agora eu vou" porque o maior desejo das pessoas que visitamos é de ir para suas casas.
Dos ambientes acreditamos que o ambiente hospitalar exige um desdobramento, uma performance maior e mais elaborada, porque as pessoas ali estão muito vulneraveis e temos que lidar com a dor e angustia pela situação da doença.
Como um snehor que estava baixado desde set/09, começamos em dez/09,sendo que na 1°visita ele estava mau, mas ja na segunda tinha melhorado e nos recebeu com alegria, na sequencia foi piorando seu quadro e veio a falecer, então essas situações nos exige e muito, mas pelo menos um momento o senhor ele riu mesmo na situação que se encontrava.
Temos que avaliar de imediato as condições de saúde dessa pessoa para podermos interagir com ela. A adaptação ocorre simultaneamente ao momento que a conhecemos. Não há como ter previsão nenhuma do que encontraremos.
Mensagem
"Alegre-se com pequenas coisas. Não espere que aconteçam grandes coisas para ficar alegre. Sua alegria deve despontar a partir de pequenas coisas. O olhar, o sorriso, a mudança agradável de temperatura, a chuva que cai, o vento leve, a alegria alheia, devem ser o suficiente para você se alegrar. Quanto mais você exercita a alegria nas pequenas coisas mais se capacita para a senti-las nas grandes." (Lourival Lopes)
Planos & Futuro
Se tudo der certo com a FURG, estamos querendo fazer um curso de especialização em Clown com a professora francesa Laurence Marafente, estamos aguardando deferimento da FURG.
Outra coisa, temos vários apoios de várias empresas, no que tange a material, mas o que esta "pegando" é o patrocinio atraves da LIC Municipal , lei de incentivo a cultura, na qual nosso projeto foi aprovado e que ainda nao conseguimos troca nossa carta de referencia nas empresas, para abatimento de ISSQN ou IPTU.
Histórico
2005 - É criado o grupo teatral Fingini, com intuito de fazer peças e animações em datas comemorativas;
2006 - Fingini faz animação em Clown – Peça Menino e Menina na escola Santana;
2007 - Apresentação do musical – As Frenéticas, na Fearg;
2008 - Animação Semana do Comerciário e outras datas festivas;
2009 - Monologo das Mãos - QUIP e Eles-Livre, adaptação Caio Fernadno Abreu, no Fórum de Economia FURG.
2009 – Em 27 de dezembro, estreia o projeto de extensão Raiz do Riso, quando a coordenadora Aline atuou na Secretaria de Saúde.
Os integrantes
Nome – idade – Naturalidade – Curso/instituição – Personagem
- Aline Gonçales, 26, Rio Grande, Ciencias Contabeis/Furg (Drª Espavita)
- Ediane Vianna, 26, Rio Grande, Administração/Anhanguera (Drª Risadinha)
- Helena Chuinguer,74, Rio Grande, Dama de Honra (DrºRosinha)
- Débora Miranda, 15, Rio Grande, 8°série, Emilio Luis Mallet (DrªPipoca)
- Letícia Rosa, 22, Rio Grande, Direito/Anhanguera (Drª Jubinha)
- Vanessa Bastos, 28, Rio Grande, Téc.Enfermagem/Senac (Drª Gominha)
- Vanessa Barros, 27, Rio Grande, Enfermagem/FURG (Drº Lilica)
- Tifani Bidart, 25, Rio Grande, Tec Contabil/Getulio Vargas (Drª Ceus)
- Sheila Bidar, 41, Rio Grande, Auxiliar Administrativo ( Drª Florentina)
- Patricia Vaz, 20, Rio Grande, Teatro/UFPEL ( Drª Pimpolha)
- Oscar Oliveira, 43, Pelotas, Mecânico (participação especial como Coelho)
- Silvana Garcia, 29, Rio Grande, Economia/FURG (Drª Paçoquinha)
Auxiliares de equipe
- Carol Ortiz, 27, Rio Grande, Enfermagem Furg
- Veronica Fiussen, 42, Rio Grande, Letras Português, Furg
- Alfredo Martin Gentini, Professor de psicologia, Furg
- Coordenador do Instituto de Ciências Econônicas, Administrativas e Contábeis, Furg, Arthur Gibbon
>> RAIZ DO RISO
- Contate-os: (53) 9152-3854 ou 8117-1181
- E-mail: grupoteatralfingini@gmail.com
- No Orkut, busque: Fingini
ENTREVISTAS
O que faz você feliz?
Esta é a principal pergunta veiculada pelos comercias do Grupo Pão de Açúcar.
Sob a narração das conhecidas vozes de Arnaldo Antunes e Gilberto Gil, o comercial mostra imagens simples e comuns do nosso dia a dia, adicionando outras perguntas:
“Comer na panela? Viajar pela rua? A pausa que te faz pensar? Sentir o vento, esquecer o tempo. O céu, o sol, um som. Uma pessoa ou um lugar? Ensaiar o passo, correr para o abraço, ou é andar descalço é o que faz você feliz?
Ou é adivinhar desejo, estalinho de beijo, amar de paixão, arroz com feijão, uma bela salada e um miolo de pão. Talvez a macarronada. Brincar de nada. Fazer de tudo, fazer o que você sempre quis. Me diz... o que faz você feliz? Também faz alguém feliz?”.
Responda e também confira as respostas de nossos entrevistados.
Flores
Assim que a nossa equipe de reportagem chega ao Mercado Municipal, um dos cenários de nossas entrevistas, ela se depara com o atual presidente da Câmara Municipal do Rio Grande, o vereador, Renato Espíndola Albuquerque (PMDB), que por seus respeitosos 69 anos foi convidado a discorrer sobre a alegria.
- Ela é composta pela relação com as pessoas, buscando-a primeiramente no seio familiar, uma convivência harmônica, respeitosa e ao mesmo tempo amorosa. Na família, se você tem um ambiente saudável, amigo, participativo e de companheirismo, isto se traduz em felicidade, em alegria.
- E no momento em que você traz para o seio da sua casa, essa felicidade contigo, você tem condições de espargir ela para os demais, pois a felicidade é contagiante. Quando se é feliz, você irradia esta felicidade e contagia os demais -, reflete Albuquerque.
Além da família como fonte de alegria, Albuquerque destaca ainda a presença dos amigos que, segundo ele, são tão importantes para um bom estado de espírito da pessoa quanto a própria família. “Alguns amigos ficam acima até mesmo da relação familiar, pois são aqueles do desabafo, da confidência, do conselho”.
Ao se declarar um “otimista por excelência”, Renato observa que a alegria faz parte do seu dia a dia, e complementa: “Sou brincalhão, estou sempre procurando tirar a tensão de qualquer discussão ou dos ambientes sérios, através de uma piada, uma brincadeira. Isto porque acho que a discussão ou aquele dia a dia em que se vive perseguindo algum objetivo de forma obstinada demais, tira um pouco daquela alegria de viver”.
Por fim, o presidente da Câmara, oferece algumas dicas:
- O caminho que leva a felicidade pode ser percorrido por qualquer um. Mas, para isso precisamos nos dispor a enfrentar todas as dificuldades. Tantas pessoas que passam pelas ruas e são incapazes de reconhecer a beleza de uma flor. Olham para uma árvore e não enxergam a beleza daquele esplendor da natureza -, conclui ele, ao lembrar do período em que atuou como titular da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSU).
“A primeira coisa que fiz foi transmitir o meu estado de espírito, a minha alegria de viver através das flores. Então, iniciamos um trabalho de florir a cidade e essa ideia permaneceu em outras administrações”, expõe o vereador.
Novas lições
O que faz de seu José Radicio Nigro, uma pessoa alegre aos 76 anos?!
- Conviver com as pessoas que nos transmitem alegria e bem estar -, aponta.
Ele, que se considera uma pessoa alegre desde quando percebe as primeiras luzes do amanhecer, garante que se sente muito feliz quando encerra o dia com uma nova lição de vida aprendida. “Temos que valorizar todas as nossas experiências colhidas”.
E não é só.
- Também fico alegre quando vejo o sorriso de uma criança ou simplesmente o abano contente da calda de um cão. A natureza toda em si me motiva, mesmo num dia mais escuro e nublado como este. É importante agradecer tudo isto -, responde.
Por outro lado, “a estupidez humana” lhe tira a graça do dia e da alegria.
Viver bem
O técnico de eletrônica Alexandre Almeida, 65 anos, diz que viver bem, ter contato com a família e preservar a sua dignidade são alguns dos elementos que fazem a sua alegria. Mas quando o assunto é o que lhe tira essa felicidade, ele como bom cidadão, responde:
- Ver ou ouvir um discurso político, com falsas promessas, revela. Seu Alexandre por fim relata que nem mesmo um dia nublado o tira a sua alegria de viver.
Motivado a ser feliz
"Ele pode estar triste, mas sempre passa uma coisa boa". É o que afirma Cristiana Domingues (acima), 30 anos, sobre seu amigo João Mário Schimidt (abaixo), de 74.
Experiente e comunicativo, o empresário revela que fazer o semelhante feliz, o deixa muito alegre. Também aponta o diálogo e a cultura como itens que sempre aguçam a sua felicidade.
Questionado sobre o que lhe deixa triste, ele responde "ver essa maldade no mundo, a falta de carinho, de respeito, a discriminação e até a corrupção" expõe ele que já viveu altos e baixos financeiros, porém, foi salvo pela motivação diária de seguir em frente e ser feliz.
Orgulhoso de seu conhecimento, o pai de quatro filhos, espera viver ainda muito tempo, o suficiente para realizar todos seus sonhos. E segundo ele, são muitos.
"Temos que ter alegria"
A agricultora aposentada Norma Vieira, 73 anos, disse que as pequenas coisas a deixam feliz, inclusive "o sorriso bonito e agradável" oferecido pelo repórter no momento da entrevista.
Dotada de uma grande simpatia, ela observa que "a vida é bela, a vida é boa e nós temos que ter alegria".
Viúva há 16 anos, dona Norma fala que seu neto, sobrinhos e filho são atualmente os motivos de sua alegria.
Bastante religiosa, essa rio-grandina afirma que Deus é uma coisa que sempre lhe deixa feliz.