9 de abril de 2010

O âmago da pluralidade feminina


Por Bruno Zanini Kairalla
- Sugestões: bruno.kairalla@gmail.com
- Fotos: Toni Rabello, Lidiane Fonseca Dutra e Paola Dias Kirst
- Editora e diagramadora: Rosane Leiria Ávila

Os primeiros ensaios das primeiras sequências foram iniciados ainda em novembro do ano passado, sendo intensificados durante as férias, nos primeiros meses do ano.

Agora, depois de todos os desafios lançados e englobando num mesmo espaço nove bailarinas em três diferentes manifestações artísticas – dança contemporânea, teatro e fotografia -, está tudo pronto para a estreia do espetáculo Flor&ser, nos dias 14 e 17 de abril [veja mais informações abaixo].

Giovana Consorte posa para Flor&ser

A assinatura das performances e garantia de uma noite feita para aflorar a sensibilidade do público, independentemente do gênero, é do grupo Terpsícore - Grupo de Dança da Furg.

Tendo como principal proposta retratar em 40 minutos o âmago da pluralidade do universo feminino, bem como todos seus processos e abstrações, o espetáculo convida os espectadores a acompanhar a trajetória de uma mulher que possui dentro de si, várias outras.

Flor&ser


- Um ser atemporal, sensível e mimético, sentindo as contradições, vivendo amores e desilusões, resignificando a vida para muito além dos contos de fada -, assim define a temática dão espetáculo a educadora física, bailarina e coreógrafa, Giovana Consorte. Segundo ela, a escolha do nome se deu pois entende-se a mulher como "Flor", delicada, envolvente, mas também como um "ser", firme, humana, apaixonada.


- A junção dos vocábulos remete ao amadurecimento feminino que ocorre gradualmente. Se refere aquelas mulheres que se reinventam, pois Flor&ser é um processo, um jogo de palavras que remete a uma vida feminina, onde várias mulheres se reconhecem numa -, explica a coreográfa.

Dividida por duas passagens teatrais, a história possui texto da cantora Ana Carolina, uma adaptação que reúne trechos das obras do poeta gaúcho Fabrício Carpinejar e o russo Boris Pasternak, além de um texto de autor desconhecido.


Para compor o cenário com imagens projetadas em uma grande tela branca, as bailarinas participaram de um ensaio fotográfico dirigido pelos fotógrafos Toni Rabello, Lidiane Fonseca Dutra e Paola Dias Kirst.

- É uma aposta diferente, que confia na sensibilidade dos fotógrafos para concluir a ideia impressa no conjunto música, dança e teatro -, avalia a artista.

Musas da Dança


Criado em 2006 no intuito de popularizar a dança contemporânea na cidade, o grupo trabalha com bailarinos universitários e iniciantes adultos na arte da dança. Conforme Giovana, o nome Terpsícore é originário da mitologia grega, na qual a musa da dança atende pelo nome de “Terpsícore". Entre significados atribuídos ao vocábulo, destaca-se "aquele que gosta de dançar".

A idealizadora

Dos seus 23 anos, Giovana Consorte de Souza, natural de Pelotas, iniciou seus estudos na arte da dança há 14. Como bailarina já dançou com diversas escolas em Rio Grande e Pelotas, além dos mais de diversos cursos de aperfeiçoamento realizados.

Na foto, Giovana Consorte

Trabalha com dança contemporânea experimental, ballet clássico e jazz. Ministrou vivência em "Laboratório de investigação e descoberta em Dança Contemporânea" no 30º ENEEF na USP, em 2009. Também coordenou o Grupo de Dança "Expressão" do antigo CTI nos anos de 2003 e 2004.

Desde a sua criação é coordenadora do projeto Terpsícore da Furg, atuando como bailarina e coreógrafa. Pela instituição, também é licenciada em Educação Física. A seguir, acompanhe alguns trechos da entrevista com a coreógrafa.

A estreia

- É difícil controlar a ansiedade. Nossas bailarinas estão muito envolvidas, pois é quase como um espetáculo autobiográfico que reúne nove histórias em uma. Esperamos que o público as receba com carinho e sensibilidade.

Acima, a bailarina Lydhia Góes

- Somos contemporâneas e provocadoras, mas tivemos o cuidado de deixar cada performance o mais delicada e tocante possível. É um espetáculo para despertar sentimentos, paixões e também lágrimas.

Desafios

- Creio que o maior desafio de se trabalhar com um grupo de universitárias é conseguir reuni-las pra ensaiar. A prioridade destas meninas é a faculdade e elas estão certas disso. Também foi um desafio fazer com que as bailarinas deixassem transparecer as intenções de cada cena, pois elas tiveram uma dificuldade natural em decorar as falas.

Foto de Lydhia Góes

- Mas, esse é um trabalho quase teatral, portanto, demorado, mas que vale a pena. Acredito que essa união artística complementa tão bem o tema que foi fácil desenvolver e o processo todo em si foi bem tranquilo.

Expectativas

- Esperamos que as mulheres se reconheçam nos desdobramentos temáticos e traços coreográficos. Acho que o público se identificará com a história, pois acredito que todas as mulheres já se envolveram em algum relacionamento conflituoso e aprenderam com isso. Flor&ser surge do desejo de retratar o âmago feminino.

Acima, uma das nove bailarinas, Lydhia Góes

- O Terpsícore se caracteriza pela presença unânime de mulheres, então este espetáculo foi concebido para que elas se descobrissem femininas através da dança. Feito para mulheres sensíveis, sejam elas bailarinas ou espectadoras”.

A concepção

- Toda a obra tem um "quê" autobiográfico. Já passei por todas as fases que o espetáculo retrata. Já sonhei com um príncipe encantado e me decepcionei por amor; já me senti invisível ao lado de quem amava e também me senti completamente branca e vazia.


Ao coreografar as passagens coloquei um pouco de mim nos gestos e, como trabalhamos com a dança experimental, tem muito das bailarinas também. Elas significaram suas performances com gestos e vivências próprias.

Acredito na força desse diferencial: o sentimento. Não aplaudo bailarinas com cara de parede. Preciso sentir o que a dança quer dizer e isso vem naturalmente do bailarino”.

Homens


- Para os homens, a mensagem que fica é: amem suas mulheres plurais. Esperamos que possam compreender um pouco da alma e essência feminina. Mulheres são complexas, possuem diferentes facetas e é isso o que há de mais encantador nelas. Os candidatos a “príncipe encantado moderno” devem possuir a sensibilidade de deixar suas mulheres florescerem a cada dia, sem tirar-lhes a luz ou subjugá-las a uma rotina genérica”.

Bodas de madeira

Em sua 5ª temporada, o grupo celebra em 2010 seus cinco anos de atividades ou, como Giovana reforça, as suas “bodas de madeira”. Tudo claro, com muitas ideias.


- Em 2010, o projeto passa por algumas mudanças, como por exemplo, as quatro turmas abertas. Pretendemos levar o Flor&ser para outras cidades, trabalhando nele por um tempo. Estamos confiantes”, fala a educadora, que já projeta a comemoração das atividades do grupo através de um espetáculo especial e um memorial em livro. “Mas tudo ainda é sonho no aguardo do momento certo -, conclui a coreógrafa.

Outros espetáculos:
Desde a sua criação do Terpsícore, o grupo apresentou os seguintes espetáculos:

- "Retrato de Um Homem Só" (2006);
- "Prisma" (2007);
- "CINCOquatroTRÊSdoisUMANO" (2007);
- "Quebra Cabeça" (2008);
- "Drummond e outras AnDanças" (2009);
- Remontou o ballet clássico do repertório "Giselle" (2009);
- Apresentou as performances: Lócus (2007) e Mezcla (2009).
- O grupo também obteve coreografias premiadas no 7° Encontro Latino Americano de Danças (2007), 15° Bento em Dança (2007), 6° Dança Bagé (2008), 16° Bento em Dança (2008), 7º Dança Bagé (2009) e 17º Bento em Dança (2009).

>> Confira:


- O que: Espetáculo Flor&ser
- Proposta: "Retratar o universo feminino, seus processos e abstrações"
- Promoção: Terpsícore - Grupo de Dança da Furg
- Quando: 14 de abril (quarta-feira) no Cidec da Furg e dia 17 (próximo sábado) no Teatro Municipal
- Horário: Ambas apresentações, a partir das 20h30min
- Duração: 40 minutos
- Entrada: Gratuita
- Informações: (53) 9136-7356 [Giovana]


Um comentário:

  1. Nossa, fico lisonjeada por ver meu trabalho divulgado e desejo tudo de bom para as meninas do Terpsícore e muito sucesso com Flor&Ser.

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