4 de junho de 2011

Tempo amigo, conto contigo


POR BRUNO Z. KAIRALLA
bruno.kairalla@gmail.com
Fotos: Deyver Dias-Divulgação

O tempo que para é o tempo da saudade, da reflexão e também da felicidadeÉ o tempo dos bons momentos, do sorriso aberto, dos prazeres honestos, da sensação coesa de todos os sentidos. 

Às vezes, essa sensação é tão efêmera que na memória, o tempo é armazenado com a velocidade de um flash. É o tempo do primeiro beijo, dos primeiros ou escassos “eu te amo”, da viagem em férias, da perda, do assoprar a vela, da vitória contra a dor e da partida. 


É o tempo que fala pelo emudecer das palavras, no calor dos sentimentos

Quando que para você, o tempo para?!




O tempo que corre, que não se sente e nem se percebe, é o tempo do prazo e da obrigação – aquele que, geralmente, você gostaria ou bem poderia estar fazendo qualquer outra coisa da vida, mas ele só passa e quando se vê quase tudo já se passou; é o tempo do cansaço, em que, em alguns casos, sente-se vencido por ele. 


No entanto, esse também é o tempo da elaboração, do desenvolvimento e do desafio, dos objetivos e do alcance final de nossas conquistas. 


É o tempo que mais nos testa e desafia.

O mais confuso de todos é o tempo perdido


Esse, não tem jeito mesmo: por ele, todo mundo passa. 


Alguns, diariamente. 


É o tempo da fila de espera, das infrutíferas tentativas, do que não traz resultado, nem aponta para um caminho; mas também é o tempo elementar da dúvida, da escolha, anterior e intrínseco à mudança, ao interesse ou desinteresse pelo acaso, pelo desconhecido. 


Assim como, se bem usado, o tempo ocioso também pode ser o tempo propício a criatividade e ao próximo passo.

"As coisas do tempo"


Desta forma, na inspiração ociosa e produtiva, originou-se “As coisas do tempo...”, exposição de pintura que reúne 15 distintas obras do artista plástico mineiro, Antônio Cláudio Ribeiro – um confesso indisciplinado, quando o tema é o tempo. 

“Nunca gostei de relógio de pulso, justamente para não me sentir acorrentado a ele”, apresenta o artista, que no dia da abertura da mostra exibia um relógio de pulso, evidenciando que ninguém, mesmo contra, consegue escapar das “correntes” de controle ao tempo.


O processo de criação das obras - basicamente compostas por técnicas de pintura em acrílica, forma de monotipia espatular, colagens e peças de relógios, como os ponteiros - teve início em outubro passado. O trabalho foi inspirado na poesia que ele escreveu e que agora recepciona os visitantes que chegam à galeria do Centro Municipal de Cultural Inah Emil Martensen.

Escrita em 2008, a poesia justifica a mostra: 


Abordo-me ao tempo que nos acalenta, que nos acorrenta. Aos elos das coisas que vão e vem nas correntezas das horas, que nos atam e não nos deixam entender as coisas e o tempo”.


Para Ribeiro é quase que impossível não se sentir preso e consumido pelo tempo, mesmo nas horas mais imperceptíveis de lazer. 

“Uma propaganda inocente de TV que se assista, nos induz a correr atrás do tempo para usufruir daquele produto. A vida gira em torno dele”, exemplifica o artista. 


“O que gera frustração, ansiedade, angústias; tudo por viver em volta do horário e do cumprimento de prazos, até mesmo para tomar na hora certa um remédio”, complementa.


Nomeados de acordo com a inspiração e a precisão do artista, os quadros da exposição, que se estende até o primeiro dia de julho, apresentam cores vivas, fortes e detalhes que captam a atenção. 

Em “Tempo Circular” (imagem acima), ao centro da galeria, ou em “Enigma” (abaixo), o preferido do artista, a composição explica a motivação do seu autor: fazer com que os visitantes sintam que a arte, na forma de suas formas e traços, também pode congelar, mesmo que por instantes, o tempo.



Luizinhos: o eu pelo NÓS


É durante a infância que gradualmente vamos tendo a noção de tempo, quando dias e noites ainda parecem intermináveis. Também é nela que vamos esculpindo nossos valores, moldando e firmando nosso caráter. 

E se esta fase da vida é tão importante para o desenvolvimento das relações humanas, nada melhor do que representá-la com bons exemplos. Um deles vem da Escola de Ensino Fundamental São Luiz Gonzaga e o seu projeto social Luizinho, iniciado no final de março deste ano e desenvolvido todas as quintas-feiras no período da manhã e tarde.

Semanalmente, os alunos da Escola aguardam a visita e o encontro com cerca de 60 crianças carentes na faixa etária dos três aos sete anos da Creche Doutor Augusto Duprat


Entre um dos principais frutos da iniciativa – e também um de seus mais importantes conceitos - está o de promover uma mudança gradual no comportamento dos estudantes, através do estímulo por um pensamento coletivo, modificando a posição do EU pelo NÓS. Uma lição valiosa e em falta diante o egoísmo e individualidade impregnados no contexto em que estamos inseridos.


O objetivo é que eles descubram e experimentem o valor das ações solidárias, compartilhando sentimentos e emoções. De acordo com uma das coordenadoras pedagógicas da escola, Marta Beatriz Gonçalves Sequeira, 38 anos, assim que as crianças da creche chegam, elas então são conduzidas a três momentos: 


À "Hora do Conto", na biblioteca, a Sala de Tecnologia, presente no laboratório de informática, e a Hora Esportiva e de Recreação, na pracinha ou na quadra de esportes da Escola. Entre estes momentos, ocorre a integração entre os alunos da São Luiz e as crianças da Augusto Duprat, através de atividades recreativas.



Outro momento de destaque do projeto ocorreu há duas semanas quando a direção da Escola organizou o “Dia do Apadrinhamento”, em que os estudantes foram estimulados a tornarem-se através de um batizado simbólico, os padrinhos das crianças da creche. 

O objetivo foi deixá-los mais próximos de suas realidades, aumentando o contato, a troca de experiência e também a responsabilidade para com os seus afilhados.


Professor da escola desde 1996, Lisandro Canes, 32 anos, atua como instrutor da sala de tecnologia, onde eles aprendem através de jogos pedagógicos noções de tabuada, regrinhas básicas de português, formas e cores e noções do corpo humano, utilizando como recursos, além de programas para computadores, data show e vídeos.

Tempo. Compositor de todos os destinosTambor de todos os ritmos, como bem menciona a canção “Oração do Tempo”, lançada em 1979, interpretada e composta por Caetano Veloso. Para estes alunos, o tempo pode passar, mas dificilmente esquecerão dos valores que um dia foram direcionados nos espaços da São Luiz Gonzaga

A ESCOLA

Fundada em 26 de outubro de 1937, e mantida pela Mitra Diocesana do Rio Grande, a São Luiz Gonzaga foi por anos chamada e conhecida como a Escolinha Jesus Maria e José, funcionando como escola-igreja, uma vez que a partir dos ensinamentos religiosos as crianças aprendiam a ler e a escrever. 

Em 1951, com a ajuda de Luiz Loréa, sempre atento às necessidades da Escola e também da Igreja, foram aumentadas e melhoradas as salas de aulas. A partir desta melhoria a Escolinha passou a se chamar ESCOLA SÃO LUIS GONZAGA, homenageando o Santo que é o Protetor das Crianças e Jovens

Neste ano a festa de São Luiz, celebrada em 21 de Junho, foi preparada na Igreja pelos alunos da escola. Neste dia, 80 meninos da escola concluíram a sua 1ª comunhão.

“Neste ano a escola São Luiz Gonzaga completa 74 anos de um trabalho focado na educação, compartilhando conhecimentos e abrindo-se para o mundo da convivência, da solidariedade e dos novos saberes, acompanhando o desenvolvimento do Rio Grande”, finaliza a sua diretora, Sônia Mary Xavier Tissot.

Sobre o tempo...
- Não passes tanto tempo a desejar coisas que poderias ter se não passasses tanto tempo a desejá-las. Jesús Hermida
- Tempo: Coisa que acaba de deixar a querida leitora um pouco mais velha ao chegar ao fim desta linha. Mário Quintana
- A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará. Mário Quintana
- Só nos esquecemos do tempo quando o utilizamos. Charles Baudelaire
- Cada segundo é tempo para mudar tudo para sempre. Charles Chaplin
- Uma das grandes desvantagens de termos pressa é o tempo que nos faz perder. Chesterton
- Quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las. Madre Teresa de Calcutá
- O pensamento é escravo da vida, e a vida é o bobo do tempo. William Shakespeare
- O tempo é muito lento para os que esperam
Muito rápido para os que tem medo
Muito longo para os que lamentam
Muito curto para os que festejam
Mas, para os que amam, o tempo é eterno.
William Shakespeare

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