16 de maio de 2010

o CULTIVO da TRANQUILIDADE

"Não faz nenhuma diferença o que nós fazemos; o que importa é como nós fazemos qualquer coisa. E como sempre há algo sendo feito, nós sempre temos a oportunidade de fazê-lo corretamente".

[Robert Crosbie]




O tempo parece-nos na maioria das vezes curto o suficiente para justificar a agonia de fazer tudo rápido, de um jeito qualquer, dispensando caprichos e reflexões que exigiriam mais alguns minutos.

Escoando no atropelo, vamos alinhavando uma vida sem debruns e acabamentos.

Deixa-se de lado o que parece à primeira vista ser dispensável, utilizando um critério de escolha que prioriza rapidez e sacrifica todos os demais quesitos.

E sobe a pressão arterial aos solavancos de um viver turbinado de afazeres.


Fazemos as coisas sem nelas pensar, sem que nossa mente se permita sedimentar decisões, questionar sentidos e significados.


Muito do estresse cotidiano e de suas conseqüências pessoais e coletivas é fruto desse tocar a vida ao ritmo de urgências fabricadas.

A agitação física e mental estabelece um turbilhão de pensamentos simultâneos que turvam a atenção e sobrecarregam nosso sistema de raciocínio.

Cansamo-nos mais, atrapalhamo-nos desejando abarcar vários assuntos num só ato.

E pior, prosseguimos deixando coisas caírem pelo apressado caminho de nossa existência.

Entretanto, por mais que sejam atravessados momentos ou situações agitadas, a mente tranqüila sempre será mais capaz de buscar e encontrar as melhores alternativas, abreviando esforços e frustrações.

Nossas ocupações podem ser adequadamente cumpridas na cadência dos dias, sem a necessidade de nos preocuparmos com o que possa eventualmente deixar de ser feito.

O tempo mostrará se o que foi deixado para trás fará ou não falta.


Na maioria absoluta das vezes, as pequenas falhas cotidianas não se transformarão em perdas irreparáveis. Podemos fazer muitas coisas se nos permitirmos dar um passo de cada vez, um após o outro, sem nos desviarmos de metas propostas e procurando sempre a melhor forma possível.


Com o pensamento liberto das pressões desnecessárias, conseguimos olhar a vida saboreando suas cores, seus sabores e principalmente estabelecendo importância adequada a cada momento.


A tranquilidade é o fruto maduro de uma atitude de viver caprichosamente germinada nos pequenos atos e nas situações banais do dia a dia.

Tranqüilidade se cultiva, com zelo e cuidado persistentes; não se compra pronta e nem se engole em capsulas. Quando se alcança tal equilíbrio, se descobre uma serenidade profunda e duradoura, jamais conquistada com a química dos remédios.



Retornando às palavras iniciais de Crosbie, o que importa na vida é o modo como fazemos as coisas, independente de serem simples ou complexas; rotineiras ou não.


O fundamental é caprichar, fazer bem feito e, como a pressa sempre foi inimiga da perfeição, manter sempre a calma e a preservar a tranqüilidade.




Um comentário:

  1. Silvia, como sempre impecável. Gostei demais da sua crônica. Lembro-me de um pensamento de Ducles, ao menos este era o nome do autor na citação: "Quem deixa de ser sensível ao amor goza maior repouso, porém menos prazer e menos vida".

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