20 de novembro de 2010

Por amor ao TCHÊ!

Deyver Dias
Por André Zenobini
- Fotos-reportagem: Deyver Dias
- Fotos gerais: Divulgação

É por este sentimento que neste final de semana ocorre a final da 25ª edição do Enart, o maior encontro de arte e tradição gaúcha do Estado. Sediado nesta edição espeical em Santa Cruz do Sul, o evento estima reunir até a noite deste domingo mais de 80 mil amantes dos pampas gaúchos.


Entre os quatro grupos papareias classificados, o DTG Estância de São Pedro - representado na foto por Sheron Macedo -, que pela primeira vez no encontro sonha em conquistar na noite deste sábado, 20, o título de campeão da Força B. Uma disputa contra mais de 40 adversários e entre eles, outros dois grupos da cidade. Na categoria profissional, está o grupo "Os Teatinos".


Enart
Neste final de semana acontece em Santa Cruz do Sul o 25º Enart



Nossa entrevistada dessa semana é um dos grandes nomes do tradicionalismo no município, e estará lá com seu grupo representando a cidade ao lado de outros três CTG’s e DTG’s, defendendo e levando Rio Grande para todas as querências.

Assim, Sheron Macedo trabalha com os alunos da Escola Cipriano Porto Alegre, levando a eles a música, a cultura e a tradição de cultuar os símbolos do nosso Estado.

O evento
Divulgar a arte e a tradição gaúcha é dever de todo o cidadão nascido e criado no Estado do Rio Grande do Sul. Nossa história, nossas raízes e nossas lutas são símbolos de um povo guerreiro e bravo que possuem ideais e amor pela sua terra. Honrar essa trama, nos dias de hoje, é uma maneira de lembrar os nossos antepassados e assim expressar nosso orgulho de sermos filhos deste solo.



Bruno Kairalla



O Encontro de Artes e Tradição Gaúcha – ENART tem esse intuito de promover a tradição e a cultura do Estado do Rio Grande do Sul, reunindo os mais diversos grupos tradicionalistas.


A história desse encontro começa com o Movimento Brasileiro de Alfabetização que, além de alfabetizar, também divulgava a cultura em busca dos valores artísticos dos participantes. Para que isso fosse possível se uniram ao Movimento Tradicionalista Gaúcho e, com o Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, iniciaram o Festival Estadual de Arte Popular e Folclore, que ficou conhecido como Festival Estadual do Mobral.


Divulgação


Com o objetivo de ser itinerante e percorrer as diversas cidades do Rio Grande do Sul, a primeira edição do festival foi realizada em Bento Gonçalves. Em 1984, o município de Farroupilha sediou o evento que retornou a cidade no ano seguinte.


Em 1986, a promoção passou a ser do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) e se transformou em Festival Gaúcho de Arte e Tradição, ocorrendo na última semana do mês de outubro, assim, Farroupilha seguiu como sede até a 11ª edição em 1996.


Mas a cidade que por tanto tempo abrigou os festivais já não mais comportava o público e a estrutura para a realização do evento e, no ano de 1997, ele foi transferido para Santa Cruz do Sul e ganhou um novo nome, como o conhecemos hoje, ENART – Encontro de Artes e Tradição Gaúcha.


Neste ano, a 25ª edição, está acontecendo neste final de semana e conta com quatro grupos da 6ª Região Tradicionalista: DTG Os Teatinos, DTG Estância de São Pedro, DTG Tangará e CTG General Antonio de Souza Neto.


Como funciona
Para que um grupo tradicionalista possa participar do ENART é necessário que ele passe por algumas etapas antes de chegar até a grande final em Santa Cruz do Sul. 


Divulgação


Precisam passar pela fase Regional, que acontece dentro da região tradicionalista, no caso do Rio Grande, é a cargo da 6ª Região Tradicionalista que compreende os municípios de Rio Grande, São José do Norte, Chuí e Santa Vitória do Palmar. Logo após, a Inter-Regional, organizada pelo MTG e a Etapa Final que é promovida pelo MTG em Santa Cruz do Sul.


Para danças tradicionais é necessário, na hora da inscrição, escolher a categoria que irão disputar. Eles podem escolher entre Força A e Força B.


Essa estrutura poderia ser comparada a do campeonato gaúcho de futebol; a diferença é que no futebol, é necessário passar de uma etapa a outra, enquanto no ENART o grupo é que se autoclassifica. A 6ª Região Tradicionalista possui apenas o DTG Os Teatinos na Força A. Eles serão julgados por quatro avaliadores em cada uma das categorias analisadas.


Deyver Dias


Na Força B, teremos representando a cidade, o DTG Estância de São Pedro (foto), Tangará e o CTG General Antonio de Souza Neto. Nesta fase eles são avaliados nas categorias Harmonia, Interpretação, Correção Coreográfica e Revisão. Com apenas um jurado para cada quesito. Além dessas analises, são feitas a avaliação de coreografia e musical, embora, estas últimas duas notas não interfiram no resultado.


Expoente Tradicionalista

Deyver Dias

Hoje, em Rio Grande, Sheron Macedo (foto) desponta como um dos grandes nomes do tradicionalismo. Aos 31 anos, a relações públicas com um marido, filho e emprego, ainda arruma tempo para a arte de dançar e continuar a trabalhar a arte e a expressão gaúcha, ensinando as novas gerações a honrar a cultura de nosso Estado.

Até mesmo no nome do único filho, Sheron fez uma homenagem ao herói farroupilha Bento Gonçalves. Aos dois anos, o menino Bento já acompanha a mãe na arte da dança e da cultura tradicionalista e carrega no nome a força e garra do povo gaúcho.

Deyver Dias


Sheron iniciou a carreira tradicionalista aos seis anos, influenciada pelos seus dindos, Milton e Tânia Cadaval.


“Eles eram muito apegados à patronagem do Mate Amargo e eu passei a acompanhá-los, e meus pais Sidnei e Sandra Macedo também foram os grandes influenciadores dessa entrada e continuação na cultura gaúcha de toda a família, já que meus irmãos também estão envolvidos”, conta ela. A primeira invernada que participou relembra, “foi na Escola Medianeira com a tia Guaracy Ávila, que é um grande nome do tradicionalismo”.


Entre os diversos títulos que recebeu, estão: Prenda Simpatia do 6º Grupo de Artilharia de Campanha, 2ª Prenda Mirim do CTG Mate Amargo e 1ª Prenda Juvenil da 6ª Região Tradicionalista.


Além de participar de diversos movimentos tradicionalistas, Sheron atuou como, entre outras funções, diretora do Departamento Jovem do Rio Grande do Sul e fundadora do DTG Estância de São Pedro da Escola Municipal de Ensino Fundamental Cipriano Porto Alegre, onde até hoje atua.


São Pedro
Deyver Dias


Foi em conjunto com a professora Lislaine Sieczka Ely que iniciaram os trabalhos do DTG. Sheron necessitava colocar em prática seu projeto de Tradicionalismo nas escolas, enquanto a professora, juntamente com a escola, gostaria de iniciar um trabalho com e para as crianças na linha de risco social.


E, assim, as idéias foram casadas. No dia 27 de junho de 1999, quatro pares de alunos voluntários se interessaram por aprender uma dança que o projeto começou. “O início foi bem difícil, pois como as crianças não tinham base, conhecimento de dança, até conseguir fazer todo o trabalho físico e psicológico foi complicado, mas eles se empenharam”, diz Sheron Macedo.


Com todo empenho dos professores, coordenadores e participantes o grupo cresceu, e hoje com quase 90 integrantes divididos por categorias como: mini-mirim, mirim, juvenil, adulto e xiru (para pessoas acima de 35 anos). 
Deyver Dias
“Como a invernada cresceu, surgiu a necessidade da escola criar um departamento de tradições gaúchas; não possuímos recursos, quando temos necessidades pedimos para a escola que recorre às autoridades”, conta ela. O nome DTG Estância de São Pedro foi dado quando da realização do registro junto ao Movimento Tradicionalista Gaúcho.


“Não somos uma junção de grandes dançarinos, somos uma grande família e esse é o nosso grande diferencial. Nossos ensaios, nossos trabalhos, nossa estância, é uma grande casa onde todos são da família”, afirma ela. O grupo possui um lema que representa bem este sentimento: “estância minha vida, estância minha história, estância minha paixão. Eu sou estancieiro de coração!”

Bruno Kairalla
Concurso
Para a final do ENART, o DTG Estância de São Pedro está levando nove apresentações, assim como manda o regulamento da Força B, são coreografias de filas, rodas e danças de pares independentes. Estão sendo levadas três apresentações de cada item, e no momento da apresentação são sorteadas quais eles devem apresentar para os jurados.


“Cada dança tem uma história, uma emoção”, garante Sheron que complementa “a energia do grupo é uma coisa maravilhosa, é a mistura da maturidade do grupo adulto e a garra dos mais novos do infanto-juvenil que se agregaram a este grupo, é a teatralização, a emoção, a empolgação que encanta”.


Modernização Cultural
Quando perguntada sobre a modernização da cultura e do povo gaúcho, “sou a favor da modernização desde que não mexa com a tradição”, inicia Sheron. Para ela, os espaços têm de ser definidos e respeitados sem misturar o tradicionalismo, nativismo, ‘nova música gaúcha’ e entre outros, podem existir e conviver, desde que, cada um respeite o espaço do outro.


“O movimento tradicionalista teve uma queda: Rio Grande por ser uma cidade portuária e com grande movimentação de gente de fora não é uma cidade tradicionalista”, lamenta ela. Assim ela explica a importância da manutenção do tradicional “a música e a dança gaúcha tem uma explicação, tem justificativa e isso o difere das outras danças tradicionais de outras regiões”, conclui.
Bruno Kairalla
Desejo
O Jornal Agora deseja a todos os participantes do ENART uma boa sorte, principalmente aos seus conterrâneos da 6ª Região Tradicionalista. É de imensa importância a manutenção da tradição e das nossas raízes para que cresçamos sempre em harmonia com nossos ideais e possamos projetar um futuro de glórias pelas quais nossos antepassados tanto lutaram.

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