9 de julho de 2011

Gabriel Colombo: "Dai-nos" o jeans de cada dia



Eu achava fila uma das coisas mais democráticas do mundo. Não é. Então, o que é? A calça jeans! 


Pode ser em Nova Iorque, Tóquio, São Paulo, Londres ou Paris, ela está em tudo e em todos. Normalmente, fico em dúvida entre o número 38 ou 36. E sempre tem a opinião da vendedora: “É bom comprar apertadinha, porque depois ela cede”.


Aí vem um problema, que me incomoda há tempos: ou ela cede demais ou tenho que fazer "reza forte" para ela dar de si, pois continua apertada. E nesse combate, alguém tem que ceder. Recuso-me a comprar a 42.


Cedo eu, claro. Não tenho como lutar contra tal vestimenta. Ela é mais velha do que eu e devo respeitá-la. Foi idealizada por Levi Strauss há mais de século, na tentativa de criar roupas resistentes para os mineradores de pedreiras nos Estados Unidos. 


Por que ela existe até hoje? 


Porque os mineradores de 2011 continuam precisando de tal uniforme.


Interessante, tendo em vista que a autora do livro poderia ter escrito uma advertência anti-jeans. Do tipo: “Evite, é mundano”. Daí, aprendi uns truques, que fazem a gente até rir, mas têm, em seus fundamentos, bom senso. 


Qualidade com a qual todos já deveriam nascer daí só precisaria de espelho pra tirar a prova dos nove!... 


Para magro(a), todo tipo fica bem.Para gordo(a), quanto mais escuro melhor.


Para alto(a), use com sapatos baixos (pensei: óbvio). Baixinha(o) deve eleger o cós curto. Os de bumbum avantajado, modelos folgados. E para os de bumbum pequeno, enfeites, dando a sensação de volume. Ah, se você for da tribo do skate, quanto mais largadona, melhor.


Acredito que o jeans rasgado começou com o movimento punk, embalado pela estilista inglesa Vivienne Westwood, nos tempos em que imperavam a atitude radicalista e de protesto ao status quo (ao pré-estabelecido). 


Hoje, a Vogue France diz que o modelo rasgado é de bom senso e arrojado. E moda, a França, dita. É expert no assunto. O mundo que vá atrás.


Então, comprei o meu modelo "Guerra dos Farrapos". 


Precisava de uns ajustes. Quando cheguei à (antiga) costureira para fazer a reforminha, espantada ela disse: “Quer dizer, então, que você pagou por uma calça italiana rasgada? Que pecado!”.


Verdadeira mutação. 


O jeans lhe confere conforto e praticidade, a ponto de você gozar da felicidade de estar bem vestido, se escolher o seu com sabedoria. 


Virou objeto de valor pela intensidade com a qual, várias marcas, da baratinha à cara, o fornecem. O elemento básico para vestir bem a calça é só um: você. 


Ela iguala homens e mulheres nesse quesito do guarda-roupa. E tem mais possibilidades para perdurá-la para sempre entre nós, do que se eclipsar. Sem "sombra" de dúvida” (com o perdão do trocadilho).


Por: Gabriel Colombo

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